Ideologia de Gênero será tema na Audiência Pública desta terça-feira, 2 de junho, às 12 horas, na Câmara de São Paulo. Compareça para protestar contra a inclusão da Ideologia de Gênero no Plano de Educação da Cidade de São Paulo.
Segundo o Center for Disease Control, os números de assassinatos por aborto nos EUA estão em franca queda: de 2009 a 2011 eles diminuíram 5%, o maior declínio ocorrido na última década, informou a agência LifeNews.
Pesquisas demonstram como novelas moldam a sociedade brasileira. Foram realizados dois estudos com base em 115 novelas exibidas às 19hs e às 20hs, pela Rede Globo, entre 1965 e 1999, sendo a primeira “Rosinha do Sobrado” e a última “Vila Madalena”.
Segunda-Feira, 17 de Novembro de 2008
Juventude conservadora
Gregório Vivanco Lopes
A pesquisa foi publicada sob o título Jovem, século XXI, em caderno especial da “Folha de S. Paulo”, em 27-7-08. Antes de entrarmos no concreto da pesquisa, convém esclarecer o que nela se deve entender por “conservador”.
A Revolução da Sorbonne foi um marco
É claro que o jovem de hoje, se comparado com o dos anos 50 e 60, veste-se de modo mais extravagante e imoral, usa um palavreado adulterado e mesmo corrompido, tem hábitos mais revolucionários de modo geral. Como então chamá-lo de conservador? Não é um contra-senso?
Essa objeção tem importantes laivos de veracidade, se nos detivermos na superfície dos fatos. Mas cumpre ao ser humano, racional que é, não se contentar com o que aparece à primeira vista e procurar aprofundar. Vamos, pois, arranhar essa camada primeira da realidade, para ver o que encontramos mais no fundo.
Sobretudo a partir da Revolução da Sorbonne, em maio de 1968, a juventude foi alvo de uma propaganda intensa e ininterrupta, poder-se-ia dizer alucinante, que buscou demolir nela tudo quanto ainda conservava de ordenado, de costumes tradicionais, de louçania juvenil. E isto para fazer dos jovens um instrumento privilegiado da rebeldia contra os superiores, da repugnância pela vida em família, do desprezo por toda forma de propriedade privada, difundindo o horror ao passado, a libertinagem mais desvairada, a aceitação do monstruoso e do contrário à natureza.
Músicas cacofônicas, danças delirantes, pressão para usar anticoncepcionais, aborto, promiscuidade de sexos, novelas corruptoras; professores, livros didáticos e currículos escolares ensinando a perversão; até práticas satânicas –– nada foi poupado por essa máquina infernal para deformar a mentalidade dos jovens e fazer deles seres mais abjetos que um hippie ou um punk.
O resultado entretanto ficou longe, e até muito longe de ser proporcionado à avalanche e ao impacto dos meios empregados para corromper. É verdade que o mimetismo, ocasionado pelas modas e pela pressão da mídia, levou a imensa maioria dos jovens a apresentar um exterior revolucionário, a utilizar roupas e linguagem degradada, e mesmo a adquirir hábitos viciosos. Mas em numerosos e importantes pontos, contra toda a expectativa, o jovem resistiu e não se dobrou. Continuou fiel ao ideal de família (muitas vezes, mesmo quando sua família se desfazia por efeito do divórcio e outras pragas), fiel à importância de progredir na vida com base na propriedade privada, e saudoso das tradições, que abandonava a contragosto por imposição do ambiente.
Em que sentido o jovem de hoje é mais conservador?
Ao contrário da geração hippie dos anos 60, uma porcentagem grande dos jovens brasileiros de hoje... |
De modo que, feito um balanço global, pergunta-se: é certo que o jovem dos anos 50 e 60 era mais conservador que o desta primeira década do novo milênio? A resposta, se objetiva, tem que ser: “é preciso distinguir”.
É claro que, 60 anos atrás, os jovens estavam mais proximamente ligados a hábitos ainda vivos do passado, moviam-se num ambiente mais conservador, recebiam apoios mais explícitos para viver na normalidade. Mas eles não haviam sido submetidos ainda ao bombardeamento moral e psicológico desencadeado a partir de 1968. Em boa medida, eles próprios foram protagonistas dessa revolução e aderiram às mudanças e à rebeldia. O jovem de hoje, pelo contrário, passou por esse bombardeamento e resistiu a ele em grau considerável. E em diversos pontos tem anseios de voltar atrás.
De modo que, considerado o caminho percorrido, é certo que o jovem de hoje está situado mais adiante na linha da Revolução do que o das décadas de 50/60. Porém, se considerarmos o fundo de alma e as resistências opostas ao processo revolucionário, o jovem de hoje é mais conservador — e a pesquisa do Datafolha o confirma.
Razões naturais e sobrenaturais
...é contra a descriminalização da maconha e a liberação do aborto |
Caberia indagar as razões de tal fenômeno, tão surpreendente. Não é o caso aqui de fazer um estudo de sociologia nem de psicologia. Por isso, esboçamos apenas duas causas, a serem aprofundadas oportunamente: uma de ordem natural e outra sobrenatural.
Como causa natural, convém reconhecer que o processo revolucionário correu demais, queimou etapas, e desse modo levantou contra si resistências e oposições que não esperava. Mas parece não ser suficiente só isso para explicar a amplitude e a força do fenômeno. De onde somos levados a nos perguntar se não houve também uma ação da graça, obtida de Deus pela Virgem Santíssima, com o fim de começar a preparar as almas para as grandes conversões que devem ocorrer quando dos acontecimentos — terríveis, mas misericordiosos — previstos em Fátima no ano de 1917. Pois o triunfo do Imaculado Coração de Maria, anunciado naquela ocasião, só poderá ter alcance social e mundial se for também e fundamentalmente um triunfo nas almas.
Isto posto, está mais do que na hora de passarmos aos dados da pesquisa que ilustram o que acima ficou dito.
Os dados da pesquisa “Jovem, século XXI”
Quando o assunto é confiança ou amor, é mesmo a mãe a figura mais lembrada |
"Perfil é inédito no Brasil: foram feitas 120 perguntas para 1.541 jovens (entre 16 e 25 anos) em 168 cidades do País. O resultado é a mais completa pesquisa do século, [...] o mais completo perfil do jovem brasileiro neste século 21. [...] Se refere a todas as classes sociais. A cobertura é nacional, incluindo capitais e cidades do interior de todos os estados.
“A primeira constatação da pesquisa é simples: cai por terra o clássico imaginário do jovem contestador, rebelde, engajado, participativo, etc. O jovem brasileiro quer emprego. Seus maiores sonhos são materiais: realização profissional, comprar imóvel e veículo e ficar rico. Seus principais valores são família, saúde, trabalho e estudo. E nem em temas polêmicos como descriminalização da maconha ou liberação do aborto eles se descolam do resto da população brasileira”.
“Ana Paula Oliveira, 22, diz que a família é a coisa mais importante de sua vida; depois, o trabalho, que paga sua faculdade. [...] Como 72% da juventude brasileira, ela acha que a maconha não deveria ser descriminalizada. Fernanda Lima, 18, é contra a descriminalização do aborto e a pena de morte e a favor da redução da maioridade penal. Ela faz curso de produção cultural na Cufa (Central Única das Favelas): ‘Esse mundo já está muito perdido, muita liberação vai acabar estragando’, acredita. Apesar de ter opinião semelhante ao restante da população sobre temas polêmicos, a juventude brasileira é mais escolarizada e politizada. Quase metade (47%) dela diz acompanhar o noticiário político e 37% se diz de direita, contra 28% de esquerda”.
“Os jovens brasileiros fazem uma boa avaliação de seus professores e dão a eles, de zero a dez, uma nota média 8,1. Para a maioria (71%), o que se aprende na escola tem muita utilidade em suas vidas. O percentual é ainda mais alto entre jovens das classes D e E.
Consumismo — “Os pais já perceberam e reclamam. Mas agora é a vez de os próprios jovens admitirem: ‘Somos consumistas mesmo!’”.
Mães — “Quando o assunto é confiança ou amor, é mesmo a mãe a figura mais lembrada. Ao pedir que jovens tentassem traduzir, numa escala de zero a dez, o amor que sentem por cada um dos familiares, o Datafolha verificou que as mães receberam média 9,7. No quesito confiança, a média é 9,4. As médias para pais, irmãos e avós também foram altas, mas sempre abaixo da das mães. 37% de jovens disseram concordar totalmente com a afirmação ‘minha mãe é minha melhor amiga e eu conto tudo para ela’. Carla, por exemplo, deu 11 para a pergunta ‘de zero a dez, quanto você ama sua mãe?’”
Aborto — “Trinta e três em cada cem jovens brasileiras conhecem alguém que fez aborto, mas só 4% admitem ter recorrido ao procedimento. Também chama a atenção o percentual maior de abortos entre mulheres com renda familiar superior a dez salários mínimos: 9%”.
Morte — “Em mais uma ironia da história das ilusões sobre os jovens, de 1968 ou de 2008, moças e rapazes disseram que seu maior medo é mesmo o da morte. O medo da morte representou 40% das respostas ao Datafolha. Violência é o terceiro maior medo, mas foi citado por apenas 13%. Dos jovens, 26% dizem ter "muito medo" de sair de casa (18% no caso dos rapazes, 33% no caso das moças). O medo de não encontrar trabalho é maior entre os que têm curso superior”.
Sonhos — “Com o que sonha um jovem brasileiro? O ‘maior sonho’ dos jovens ouvidos pelo Datafolha é ‘trabalhar/formar-se’ numa profissão (18%). Ter uma casa, terminar os estudos e fazer família são as outras aspirações maiores. ‘Sucesso profissional/na carreira’ ou apenas ter um bom emprego (fixo, com carteira, numa boa empresa, com bom salário) ocupam o segundo lugar dos maiores sonhos dos brasileiros entre 16 e 25 anos, com 15% das respostas.
“Os mais jovens, de 16 e 17, previsivelmente, sonham em se formar em determinada profissão: é o ‘maior sonho’ para 34% deles. Para os mais adultos, de 22 a 25 anos, a resposta deriva mais para a realização profissional, ‘sonho maior’ para 17% dos entrevistados.
“Porém, para a faixa de 22 a 25 anos, a resposta mais freqüente é ‘ter casa/uma boa casa’ (22%). No caso das moças de 22 a 25, esse é o sonho maior para 28% (16% no caso dos rapazes); constituir uma família e cuidar bem dela é o maior sonho para 10% dos entrevistados. ‘Fazer faculdade/terminar os estudos’ é o maior sonho de 20% das meninas de 16, 17 anos e para 9% dos meninos. ‘Ficar rico/ter dinheiro/comprar coisas’ é o sonho maior para 13% dos rapazes.
“Os sonhos variam pouco entre as classes de renda, educação ou região onde moram os entrevistados. Os mais pobres sonham um pouco mais em ter casa; os mais instruídos sonham um pouco mais com realização profissional”.
Religião — “39% de jovens declararam se organizar em igrejas”.
Análises
Sucesso profissional, ou apenas ter um bom emprego, ocupam o segundo lugar nos maiores sonhos dos brasileiros entre 16 e 25 anos |
O caderno especial publica também algumas análises da pesquisa. Seguem excertos:
Para André Lobato, “o jovem brasileiro de hoje dá mais valor a religião, estudo, trabalho e família do que há dez anos e pensa de forma muito parecida com o restante da população sobre a descriminalização da maconha, a redução da maioridade penal, a pena de morte e a lei do aborto. Para especialistas, ele tem poucos conflitos com a geração anterior, gosta de se divertir e se preocupa com a inserção social pelo trabalho”.
Para Contardo Calligaris, “a pesquisa de hoje mostra que os adolescentes se preocupam sobretudo com família, saúde, trabalho e estudo. Seu maior sonho é a realização profissional — não empreendimentos fantasiosos, mas o devaneio de qualquer mãe de classe média: ser médico, advogado ou encontrar um bom emprego que lhes garanta casa própria e carro. Em matéria de política, a maioria se posiciona à direita ou ao centro e não tem interesse em participar de movimentos sociais. Eles têm opiniões parecidas com as da média nacional: são contra a legalização do aborto, contra a descriminalização da maconha e a favor da diminuição da maioridade penal. Sobre a pena de morte, estão divididos meio a meio. Quanto às drogas, espantalho dos pais, eles preferem a que os adultos se permitem, o álcool. Cúmulo para quem imagina que os adolescentes sejam contestatários: em sua maioria, eles acham que o que aprendem na escola é de grande utilidade para o futuro. A surpresa da pesquisa de hoje não está nos resultados, mas no nosso susto ao lê-los: ainda acreditávamos numa visão cinematográfico-literária da adolescência. Ou seja, supúnhamos que os adolescentes fossem insubordinados e visionários”.
Para André Forastieri, “o jovem brasileiro quer saúde, quer estudar e ganhar dinheiro. Quer ser feliz no trabalho e no amor e quer ir para o céu quando morrer. Parece bom e parece pouco. Nesses valores pragmáticos se igualam classes de A a E, brancos e mulatos, manos e minas. A pesquisa Datafolha dá voz a uma geração pé-no-chão. 81% acham a religião importante, [...] 50% a favor da pena de morte; 35% admitem a tortura”.
A mídia e os políticos
Ainda sobre a pesquisa, seguem abaixo excertos do comentário do jornalista Reinaldo Azevedo em seu blog, ligado à revista “Veja”.
“Mais uma vez, constata-se o óbvio: há um enorme hiato entre o que pensa o conjunto da população — e, nela, sua fatia mais pretensamente inquieta [os jovens] — e os vários canais que vocalizam a opinião pública. Não, senhores! Não temos a imprensa que representa os valores que vão acima: a nossa, com as exceções de praxe, é majoritariamente ‘politicamente correta’ e experimenta um verdadeiro divórcio em relação ao pensamento da maioria.
“Tais opiniões [dos jovens] são verdadeiramente demonizadas pela patrulha politicamente correta do jornalismo. No que respeita aos costumes, temos uma imprensa de esquerda e um povo de direita.
“O povo, como se vê, não tem receio de ser ou de parecer de direita, mas os políticos evitam tal ‘estigma’ — ou, mais apropriadamente ainda, fogem da palavra ‘direita’ como o diabo foge da cruz — e acabam se alinhando com... o diabo, hehe. Vejam como é freqüente que lideranças se digam “de esquerda” sem qualquer vergonha, mas jamais de direita — quando muito, são todos de centro-esquerda... Será que temem o povo? Não! Temem o jornalismo politicamente correto. Líderes conservadores, mundo afora, tiveram a coragem de enfrentar a hegemonia esquerdista. No Brasil, até agora, todos se ajoelham no altar da hipocrisia”.
Fonte:
Revista Catolicismo
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