Nos últimos meses têm havido no Rio Grande do Norte um intenso debate em torno de uma árvore de caju, o famoso cajueiro de Pirangi. Por possuir uma anomália genética que a faz crescer sem parar, ela se tornou uma espécie única no mundo. Daí este cajueiro ser o maior do mundo e, por conseguinte, uma das grandes atrações turísticas do Estado.

Além disso, este debate já está extrapolando os limites territoriais do Estado e alcançando a mídia nacional e até internacional. Para o Governo Estadual é uma grande vantagem que uma das suas principais atrações turísticas esteja nas páginas da grande imprensa. O problema é que devido à urbanização da praia de Pitangi e da especulação imobiliária o cajueiro não tem espaço para crescer. Ambientalistas, líderes comunitários, empresários e autoridades do Estado estão lutando para que esse problema seja, a curto prazo, amenizado e resolvido.

Já estão surgindo soluções para o problema como, por exemplo, a compra das casas e prédios comerciais pelo Estado em torno do cajueiro, o desvio do trânsito por uma estrada paralela que será construída ou mesmo a construção de um túnel para escoar o fluxo do trânsito por debaixo do cajueiro. Seja como for todas as soluções denotam tempo e gasto de milhões de reais ou dólares pelo Estado e pela iniciativa privada para resolver o problema.

Ninguém é contra o fato de preservar nosso cajueiro. Até porque em torno dele fervilham vários negócios e empreendimentos comerciais e, mais do isso, é um símbolo do Estado. A questão que desejo levantar é que se há tanta disponibilidade em se gastar uma grande soma de dinheiro com um único pé de caju, por que, então, não há essa mesma boa vontade para se gastar soma idêntica - ou até maior - para a defesa da vida humana?

Atualmente, muitos defendem o aborto com a ilusão - em outros casos sem ela - de uma solução fácil e rápida para resolver os problemas humanos. Ter filhos virou sinal de problemas pessoais e financeiros. É triste notar que a mesma sociedade que não se importa de gastar milhões e de fazer toda uma reengenharia para salvar um cajueiro - somente um -, não demonstra o mesmo interesse e diligência para salvar a vida humana, inclusive a vida mais frágil, ou seja, a vida ainda no ventre da mãe.

Ninguém é contra ou está criticando o projeto de aumentar a área de crescimento e, por conseguinte, salvar o famoso cajueiro de Pirangi. Apenas está se alertando para um fato muito mais grave, ou seja, a vida humana. Preocupar-se em defender a vida nascedoura deve ser uma preocupação de todos, inclusive dos ambientalistas, dos líderes comunitários, dos empresários, dos funcionários públicos, etc.

Vivemos em um país onde a grande maioria das pessoas - muito grande mesmo - são contrárias a liberação total do aborto. Devemos portanto demonstrar maior interesse em preservar a vida dos nascituros - é só mesmo no século XXI para termos que falar em "preservar" a vida de inocentes. Não que isso exclua os cuidados com nosso querido pé de cajueiro, mas devemos ter sabedoria em dar a cada coisa seu devido valor.

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