Hungria festeja o 120° aniversário de nascimento do heroico Cardeal Mindszenty
13/06/2012
Carlos Eduardo Schaffer Correspondente em Viena
Além da justa homenagem, os húngaros promoveram a total reabilitação legal, moral e política do eminente Purpurado, cruelmente perseguido pelo regime comunista.
No dia 31 de março último, na catedral de Szombathely, na Hungria, a pouca distância da fronteira austríaca, foi celebrado o 120° aniversário de nascimento do Cardeal Josef Mindszenty, Arcebispo-Príncipe de Eztergom e Primaz da Hungria. A cidade foi escolhida para a celebração porque ali o eminente Purpurado frequentou o seminário, foi ordenado sacerdote e sagrado bispo para assumir em seguida a diocese de Veszprém.
O Cardeal Peter Erdö, atual Primaz da Hungria, celebrou Missa Pontifical na presença de todo o episcopado húngaro, do bispo Ägidius Zsifkovics, de Eisenstadt (Áustria), e de numeroso clero. Fiéis admiradores do homenageado e personalidades lotavam a grande catedral.
A cerimônia se revestiu de especial importância por celebrar também a inteira reabilitação do Cardeal Mindszenty em face de todas as condenações que sofrera por parte do ímpio governo comunista húngaro (1947-1989) durante o processo-show de fevereiro de 1949. A pedido do Cardeal Erdö, o Parlamento e a Corte Suprema de Justiça reviram todo o processo, declarando a inteira inocência, legal, moral e política do Cardeal Mindszenty. Foi então registrado que as acusações e condenações pronunciadas contra ele pelo governo comunista húngaro carecem de qualquer fundamento. Os envolvidos naquele processo calunioso foram excomungados.
* * *
É interessante lembrar aqui que o Cardeal Mindszenty, antes de ser preso em 26 de dezembro de 1948, deixara um documento no Palácio Episcopal, no qual ele declarava não estar envolvido em nenhum complô contra o Estado húngaro, e que qualquer declaração que lhe fosse arrancada neste sentido seria sob tortura ou pela administração de drogas, o que realmente ocorreu. Sua inocência foi ainda atestada pelo fato de no texto de sua “confissão” ele colocar, após a sua assinatura, as letras c.f., iniciais das palavras latinas coactus fecit (assinei coagido).
Por ocasião do levante contra o comunismo em 1956, o heroico cardeal obteve asilo na representação americana em Budapest, onde permaneceu, sem poder sair, por 15 anos. Mas como sua simples presença na capital húngara incomodava o regime comunista, este exigiu do Vaticano que Mindszenty fosse expulso e que o obrigassem a renunciar a seus cargos eclesiásticos. O que ocorreu 1971, no pontificado de Paulo VI. “Ego debuissem mori in Hungaria” (“Eu deveria ter morrido na Hungria”), lamentou o cardeal, sentindo-se vítima da política de aproximação do Vaticano com o regime marxista, a desastrosa Ostpolitik.
Em artigo publicado na “Folha de S. Paulo” (31-3-1974), Plinio Corrêa de Oliveira fez um merecido elogio ao Cardeal Mindszenty: “Neste crepúsculo de lama e de opróbrio, o mundo todo se vai deixando rolar, sonolento e envergonhado, pelos sucessivos precipícios de aceitação gradual do comunismo. Porém, no panorama da geral devastação, o Cardeal Mindszenty se tem erguido como o grande inconformado, o criador do grande caso internacional, de uma recusa inquebrantável que salva a honra da Igreja e do gênero humano. O seu exemplo — com o prestígio da púrpura romana intacta nos ombros do robusto pastor valente e abnegado — mostrou aos católicos que não lhes é lícito acompanhar as multidões que vão dobrando o joelho ante Belial”.
Fiéis admiradores do homenageado e personalidades lotavam a grande catedral de Szombathely |
O Cardeal Peter Erdö, atual Primaz da Hungria, celebrou a Missa Pontifical |
|
Veja:
Revista Catolicismo
|