A CNBB, o MST, a Via Campesina e os movimentos ditos sociais, unidos pelo anarco-socialismo


04/11/2005

Boletim Eletrônico de Atualidades da TFP-Fundadores

Em meio a uma enxurrada de notícias que ocupam a Mídia com as CPIs, passou quase desapercebida a “Assembléia Popular: trabalho comunitário por um novo Brasil”,segundo a CNBB e “Assembléia Popular: Mutirão por um novo Brasil”, segundo o MST, realizada em Brasília de 25 a 28 de outubro passados. Reunindo 8.000 militantes segundo o MST, 10.000 segundo a CNBB, a “Assembléia Popular” teve a participação de 60 movimentos sociais segundo a CNBB, 40 segundo o MST (os movimentos de esquerdas não se preocupam muito com a seriedade e veracidade das estatísticas e informações). Segundo nota no site da CNBB, “delegados populares reivindicaram maior participação da sociedade civil (entenda-se dos movimentos de pressão em prol da utopia socialista), composta por comunidades de base, associações, sindicatos, movimentos sociais, igrejas e indivíduos, e se comprometeram a lançar, o mais breve possível, um movimento de mobilização das organizações populares”.

“Construindo um poder popular”

Para um público constituído de homens, mulheres, adultos, jovens, idosos, crianças e até bebês de colo, segundo o MST, o “desafio... era um: pensar a construção de um poder popular”. Segundo João Pedro Stédile “ precisamos estimular as lutas sociais pois o povo não aprende apenas na escola ou na Igreja, mas principalmente defendendo os seus direitos na rua. É o acúmulo dessas lutas que podem alterar a correlação de forças na sociedade a favor de um projeto popular”. Para Stédile, a Assembléia Popular será uma “grande relatoria do povo” que não se encerrará no evento. Será um espaço para a formação de quadros e da discussão sobre “estratégias para se disputar idéias na sociedade”. Para o incendiário sem-terra, o Brasil passa por uma crise política e ideológica que não será solucionada pela via eleitoral, que não altera a correlação de forças para aglutinar as massas. Segundo Sandra Quintela, do Instituto de Políticas Alternativas para o Cone (PACS) e da Rede Jubileu, “a Assembléia Popular faz parte de uma história de luta, no processo de organização popular”. Segundo ela “serão construídos espaços para fazer trabalho de base nas comunidades, nos bairros, nas fábricas, nas escolas e nas cidades, disseminando o processo.”

Trata-se, portanto, de um enorme trabalho de subversão e de manipulação ideológica rumo ao socialismo e à anarquia..

Por um projeto popular de sociedade

Segundo D.Demétrio Valentini, Coordenador da Cáritas Brasileira, organismo mundial da Igreja Católica incumbido de financiar a ação dos católicos no âmbito social, “ enxergamos essa atividade que começa hoje, como instrumento que vem sendo construído em nome de um projeto popular de sociedade”. Segundo D.Demétrio, a crise gerou unidade de bandeiras de reivindicações, mas não partidárias, ... que virão ampliar o debate sobre todas as questões de interesse popular.

Todas as palavras acima citadas seriam compreensíveis se ditas por Stalin, Trotsky, Lenine, Fidel Castro ou Hugo Chávez, por exemplo. Condiz com o estilo do MST, da Via Campesina e dos movimentos políticos que os apóiam. Declaradamente eles defendem a utopia socialista rumo ao comunismo e ao anarquismo.

Cremos que a maioria dos bispos brasileiros esteja constrangida, num silêncio obsequioso, diante dessa radicalização, apoiada e mesmo propugnada pela cúpula da CNBB. O socialismo e o comunismo foram condenados, reiteradas vezes, por todos os Papas dos últimos tempos como intrinsecamente maus.

Pelo dito, a agitação será ampla.

Ao afirmarem, no documento final, que o único caminho para provocar uma mudança nesse quadro “de enormes injustiças e desse conjunto de políticas contrárias às necessidades do povo” é o da mobilização popular, anunciaram uma série de manifestações de âmbito nacional para o primeiro semestre do ano que vem, que vão desde a defesa da valorização do salário mínimo e da Reforma Agrária (insistem na reorganização do Incra e revisão dos índices de produtividade no campo, no momento em que a agropecuária brasileira passa pela maior crise de sua história, distribuição de cestas básicas a acampados e assentados), até trabalho com as juventudes das periferias, contra a transposição do Rio São Francisco, contra o modelo econômico, contra Bush e as políticas com o FMI, OMC, Banco Mundial e Banco Central, desemprego, pagamento da dívida pública etc..

Vale dizer, todo o Brasil e mesmo a política das esquerdas, vão passar pelo crivo da Assembléia Popular e seu “diktat” transmitido ao povo pelas pressões dos movimentos ditos sociais. No mais puro estilo anarquista. E com as bênçãos da “esquerda católica”.

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