Aborto: O ensinamento da Igreja, a Lei natural e a ciência convergem na defesa da vida
25/04/2008
Frederico Abranches Viotti
Tática dos abortistas: alijar o argumento religioso
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Não é raro um católico, ao afirmar sua posição moral frente ao tema do aborto, ser menosprezado pelos abortistas. Argumentam estes que o aborto é um caso de saúde pública, e não deve ser tratado sob o ponto de vista religioso ou moral. Para completar, afirmam que a religião é um valor individual, muitas vezes não seguida pelos seus próprios adeptos, e não pode ser imposta ao conjunto da sociedade.
Nessa verdadeira sanha de combater a doutrina católica sobre o tema, e sobre o direito que assiste aos católicos de defender sua posição, procuram impor sua visão pró-aborto ao conjunto da sociedade. Ou, em outros termos, transformam a defesa e prática do aborto em um valor que seria superior aos valores religiosos e morais da própria sociedade.
Com essa falsa argumentação –– contraditória em sua essência, já que nega aos católicos aquilo que permite aos abortistas –– procuram alijar o argumento religioso do debate público. Ora, se um abortista julga que a religião não tem que se meter na vida pública, um católico tem todo o direito de discordar disso e dizer exatamente o contrário: a religião não apenas tem o direito de interferir em questões morais, como tem esse dever. Não se trata de saber se todos os católicos seguem ou não a moral católica, mas sim, do direito que assiste à Igreja de pregar as verdades da fé, segundo a Revelação.
Se um abortista –– ou mesmo um católico relapso, por não querer seguir os ensinamentos da Igreja –– pudesse impedi-la de se manifestar, estaríamos presenciando o retorno de uma verdadeira perseguição religiosa, que evoca a sanha persecutória de imperadores romanos pagãos. Nas perseguições dos primeiros séculos do cristianismo, muitos católicos foram jogados às feras do circo romano por não seguirem a religião oficial de Roma. Proibir a defesa dos valores religiosos em pleno século XXI, época em que quase tudo é permitido, equivale a dizer que o Estado moderno, a exemplo da Roma pagã, criou valores que considera superiores aos valores religiosos da sociedade, isto é, criou sua própria religião oficial.
A argumentação pode parecer inusitada para alguns espíritos, mas não é de hoje que várias leis estão sendo aprovadas em parlamentos do mundo inteiro, proibindo que a moral católica seja defendida abertamente, como no caso do chamado “casamento” homossexual.(5)
A ciência tem desmentido a posição atéia-agnóstica
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Nos dois últimos séculos, o grande avanço da ciência empírica(6) deu a muitos ateus o ensejo para utilizar as descobertas mais recentes no seu questionamento da religião. Desejavam provar que a ciência daria as respostas para os mistérios da vida.
Com esse espírito, o positivismo(7) e o agnosticismo influenciaram amplamente a humanidade. Mas, paradoxalmente, foi o próprio avanço da ciência que criou novos obstáculos aos defensores do aborto.
Já em 1827, com o aumento da sensibilidade dos microscópios, Karl Ernest Von Baer pôde observar a fecundação e o desenvolvimento embrionário, comprovando-se que a vida natural começa na fecundação.(8) A ciência continuou a se desenvolver, e em 7 de março de 1953 o norte-americano James Watson e o britânico Francis Crick descobriram a estrutura da molécula do DNA,(9) o que lhes valeu o Prêmio Nobel de fisiologia ou medicina em 1962. O DNA humano é a prova incontestável de que a vida natural começa na concepção, pois a partir daquele primeiro momento em que o óvulo da mulher é fecundado pelo espermatozóide do homem, todas as características do futuro ser humano já estão presentes.
Do ponto de vista científico, não resta dúvida de que a vida de um novo ser começa no momento da concepção.
A filosofia confirma a posição religiosa
Não é apenas a ciência empírica que confirma a posição da Igreja. Poderiam também ser enumerados muitos argumentos de ordem metafísica.(10) Para facilitar o entendimento, vamos explorar apenas um deles que, por si mesmo, é suficiente para demonstrar a inconsistência de algumas teses abortistas tentando negar que a vida começa na concepção.
Para esses abortistas, o momento do início da vida é incerto, variando segundo o especialista consultado. Alguns dizem que só se pode falar em vida após o aparecimento do sistema nervoso (como se alguns seres muito simples, mas desprovidos de sistema nervoso, não estivessem vivos...). Outros preferem apenas dizer que não sabem qual o momento exato.
Alguns abortistas com essa posição afirmam que o embrião não é um novo ser vivo, pois nem sequer possui vida. Assim sendo, o ser vivo surgiria mais tarde, à medida que o embrião se transformasse em feto.
Esta posição é inteiramente inválida do ponto de vista filosófico, pois não é possível surgir a vida a partir de um ser desprovido de vida, como seria a célula embrionária para os abortistas.
A verdade é que a célula embrionária possui vida. A qual não se origina dela própria, mas sim dos gametas masculino e feminino que se fundem. A vida é então transmitida, e não gerada. As informações genéticas contidas no espermatozóide e no óvulo (duas células vivas, cada uma contendo parte das informações genéticas próprias ao novo ser) se fundem, e desse modo a nova vida, o novo ser, se instala no útero materno.
A Lei natural confirma a posição religiosa
Não apenas a religião, a ciência e a filosofia condenam o aborto, pois a Lei natural, impressa em todos os homens, ensina que não se deve matar.
Quando o homem avança no terreno moral, aproxima-se da perfeição e explicita melhor sua própria natureza e finalidade. Na mesma medida, quando ele se afasta da Lei natural, tende a cair em vícios e a negar sua própria natureza. É por isso que muitos adultos lembram-se de seu primeiro pecado –– ou do pecado mais grave –– porque tal pecado constituiu uma violência contra sua natureza, não apenas uma violência contra Deus e contra o próximo.
Mas a natureza humana deve ser explicitada, não é imediatamente conhecida quando a pessoa nasce. É por isso que a criança, em seus primeiros contatos com o mundo, vai também conhecendo e aprendendo o que é bom, verdadeiro e belo. E com isso vai explicitando e entendendo a Lei natural.
Se o ser humano fosse constituído predominantemente de ferro, dar limonada para uma pessoa seria crime, pois ela poderia “enferrujar”.(11) Por isso o Estado pune a droga (que cria dependência química e psíquica), e não evidentemente a limonada. E não é por outra razão que os povos do mundo inteiro rejeitam o assassinato de inocentes, pois o desejo de viver está gravado na natureza de todos os homens. O Estado não deve e não pode legislar contra a Lei natural. Por isso o aborto é considerado crime no Brasil, e por isso deve continuar proibido.
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Veja:
http://www.catolicismo.com.br/
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