Na comemoração do centenário natalício do inspirador de Catolicismo
07/12/2008
Devoção ao Santíssimo Sacramento
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Apóstolo incansável da prática da comunhão freqüente, Plinio Corrêa de Oliveira considerava a Sagrada Eucaristia o antídoto para os males atuais e um sacramento absolutamente indispensável para a vida espiritual de todo homem. Desde muito jovem passou a comungar diariamente, e com muito recolhimento fazia a ação de graças. Logo que recebia o Santíssimo Sacramento — disse ele em várias ocasiões — rezava o “Lembrai-Vos”, pedindo a Jesus Eucarístico que aumentasse sua devoção a Nossa Senhora. Rezava também o Magnificat e fazia os atos de adoração, reparação, ação de graças e petição.
Numa conferência proferida na “Semana Eucarística de Campos” (RJ), em 23-4-1955, pediram ao Prof. Plinio que falasse sobre a ação da Eucaristia no mundo moderno. Eis um trecho da exposição:
“Se uma nação como o Brasil, tão digna de melhor presente, se contorce neste momento numa crise das mais graves da sua história, é porque lhe falta a moralidade, porque lhe falta a coerência da fé com as atitudes práticas, porque temos a tendência, que infelizmente cada vez mais nos invade, de adorar a Deus Nosso Senhor só com as palavras, dizendo ‘Senhor! Senhor!’, mas continuando a viver como bem entendemos. [...]
Mas também é verdade que, neste mundo cada vez mais dominado por esse espírito [corrupção da civilização moderna], está presente Alguém eterno, que é Nosso Senhor Jesus Cristo, sempre presente em todos os sacrários da Terra — nos sacrários de ouro, nos sacrários indigentes, nos sacrários ocultos dos países que estão atrás da cortina de ferro ou da cortina de bambu. Mas este Alguém, cuja presença não se sente com os sentidos da carne, é o grande Apóstolo do mundo contemporâneo, como de todos os tempos; e Ele fala constantemente às almas, ensinando-lhes pela linguagem muda, mas infinitamente eficaz, que é a de Deus Nosso Senhor. Ele lhes fala constantemente a respeito da necessidade de o homem se opor a essas coisas que constituem a sua miséria e degradação; da necessidade de voltar o seu caminho em outro sentido; de construir sua vida sobre Deus, sobre o sacrifício e a renúncia; de aceitar a autoridade; de se voltar e se converter a Deus Nosso Senhor, de todo o coração. [...]
No momento em que a iniqüidade está chegando ao seu cúmulo, a graça e a misericórdia de Deus chegam ao seu cúmulo também. À fortaleza do vício e do mal, Deus opõe uma indômita fortaleza do bem. O triunfo da Igreja Católica dar-se-á no mundo moderno, certamente pelo embate gigantesco entre as forças pequenas do bem e as forças enormes do mal. Essa vitória será a da Sagrada Eucaristia, fonte de graça aberta para o mundo pela intercessão de Nossa Senhora, que rezando sempre a Jesus Eucarístico, consegue para nós as graças de que precisamos.
Esse papel da Sagrada Eucaristia no mundo moderno faz pensar em Nossa Senhora. E como não se pode falar em triunfos e em graças sem falar n’Ela, que é a medianeira necessária, posso afirmar que um dos dons mais preciosos que a Sagrada Eucaristia dá ao mundo é a devoção a Nossa Senhora. É essa devoção, tão característica e tão radicada em nossa Terra de Santa Cruz, que há de salvar o Brasil”. (vide abaixo)
Virtudes-chave para as nações
“Sendo o Brasil realmente um País eucarístico, será ao mesmo tempo e por excelência o País devoto da Sagrada Eucaristia, de Nossa Senhora e do Papa, que jamais tenha existido sobre a face da Terra” (Plinio Corrêa de Oliveira, “Legionário”, 25-10-1942).
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O Santíssimo Sacramento em todas as partes do mundo
Aspecto da procissão triunfal de encerramento do IV Congresso Eucarístico Nacional de 1942 |
Plinio Corrêa de Oliveira, em conferência no dia 8-4-1971, comenta um fato sublime: com a gloriosa Ascensão de Nosso Senhor Jesus aos Céus, após a Ressurreição, Ele não abandonou a Terra, mas desejou continuar o convívio com os homens por meio de sua presença real nas espécies eucarísticas:
“Creio que, se eu assistisse à crucifixão de nosso Redentor e tivesse conhecimento da Ascensão, ainda que não soubesse da existência da Eucaristia, começaria a procurar Jesus Cristo em algum lugar da Terra, porque não conseguiria me convencer de que Ele tivesse deixado de conviver entre os homens.
Tal convívio verdadeiramente maravilhoso faz-se exatamente por meio da Eucaristia. Em todos os lugares da Terra, em todos os momentos, Ele está presente, tanto nas catedrais opulentas como nas igrejinhas pobres. Quantas vezes, viajando em estrada de rodagem, encontramos capelinhas miseráveis, minúsculas, dispersas ao longo de descampados tremendos. Passa-se por lá e fica-se comovido ao pensar: Nosso Senhor Jesus Cristo esteve, está ou estará ainda realmente presente nessa capela. Presente com toda a glória do Tabor, com toda a sublimidade do Gólgota. Presente com todo o esplendor da divindade nessa minúscula capelinha. De tal maneira Ele multiplicou pela Terra a sua presença adorável. [...]
Por pouco que se pense nisso, nossa alma não pode deixar de transbordar de reconhecimento, enlevo e gratidão por aquilo que Nosso Senhor operou na Sagrada Ceia. Só uma inteligência divina poderia excogitar a Sagrada Eucaristia e imaginar esse meio de estar presente por toda a parte, estar com todos os homens. Só mesmo um Deus poderia realizar isto. [...]
A Eucaristia é, por assim dizer, um corolário da Missa. A transubstanciação opera-se no próprio ato em que Nosso Senhor Jesus Cristo renova a sua Paixão. A essência da Missa dá-se na transubstanciação. É o ato pelo qual o pão e o vinho se fazem Corpo e Sangue de Nosso Senhor Jesus Cristo, pelas palavras sacramentais pronunciadas pelo sacerdote. Este ato, que ao mesmo tempo é oferecimento e imolação, é também o ato determinante da presença real, a qual depois se conserva nas Sagradas Espécies encerradas nos sacrários”.
Odeia-se a Eucaristia e o Papa, quando se promulgam leis ímpias
Na edição de abril de 1955 de Catolicismo, o insigne devoto da Eucaristia escrevia:
“Atestou [Nosso Senhor] sua missão divina com milagres estupendos, com que cumulou as almas de incontáveis benefícios espirituais e temporais. Estendendo sua solicitude a todos os homens, em todos os tempos, instituiu esta maravilha das maravilhas, que é a Santa Igreja Católica. E dentro da Santa Igreja prolongou sua presença por dois modos: realmente, no Santíssimo Sacramento; e pelo magistério, na pessoa de seu Vigário. Tão grande soma de graças e de benefícios, nenhuma mente humana poderia excogitar. [...]
A Eucaristia é Jesus realmente presente, mas que não fala. O Papa é Jesus que fala, embora sem a presença real.
Em nossos dias, pode-se dizer que Jesus e o Papa são igualmente objeto do amor e do ódio do mundo inteiro. Do amor: as multidões se deslocam de toda a Terra para adorar Nosso Senhor nos Congressos Eucarísticos internacionais, para aplaudir o Vigário de Cristo em Roma. Até no mais fundo de uma sociedade já quase toda pagã, florescem almas que praticam uma virtude ilibada, ardem de zelo pela ortodoxia e amam de todo o coração Nossa Senhora. São forçadas por vezes a renunciar a carreira, situação, bem-estar, a suportar a hostilidade até de suas próprias famílias, mas continuam impertérritas. [...]
Mas de outro lado, quanto ódio. Odeia-se a Eucaristia e o Papa, quando se promulgam leis contrárias à doutrina da Igreja, quando se difundem costumes que levam as almas ao inferno, quando se dá à heresia e ao mal a mesma liberdade que à ortodoxia e ao bem. Odeia-se a Eucaristia e o Papa quando se cruzam os braços diante do progresso do socialismo que conduz ao comunismo, negação completa da Eucaristia e do Papa.
E abusa-se da Eucaristia e do nome do Papa quando se recebe a comunhão com tibieza, e depois se usam trajes, se freqüentam ambientes, se apóiam princípios implicitamente neopagãos e condenados pelos Papas. Imensa torrente de ódio militante e explícito, ou de inconformismos velados e implícitos, que constituem a força inimiga a chocar-se contra o amor, neste confuso e revolto século”.
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Veja:
http://www.catolicismo.com.br/
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