Na comemoração do centenário natalício do inspirador de Catolicismo
07/12/2008
Devoção a Nossa Senhora
Dr. Plinio junto à Imagem Peregrina de Nossa Senhora de Fátima |
“Ó minha Mãe, dai-me a plenitude e o píncaro da devoção a Vós”. Plinio Corrêa de Oliveira rezava diariamente 50 vezes essa jaculatória. Pedia a Nossa Senhora a graça de alcançar o ponto mais alto que lhe fosse possível na devoção a Ela. E tal graça, a Santa Mãe de Deus concedeu-lhe em alto grau.
Infatigável militante da propagação da devoção mariana, sempre procurava introduzir em suas conferências e escritos algumas palavras a respeito, ainda que o tema não fosse relacionado com questões religiosas.
Esse paladino da devoção à Santíssima Virgem foi líder dos congregados marianos de São Paulo; membro influente da Liga Eleitoral Católica, através da qual foi eleito para a Assembléia Constituinte de 1934, tendo sido o deputado mais jovem e mais votado de todo o País; professor catedrático na Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Pertencia à Ordem Terceira de Nossa Senhora do Carmo, e jamais deixou de portar o escapulário. Além da recitação diária do Rosário, rezava diariamente diversas outras orações marianas: o “Angelus”, os “Salmos do Nome de Maria”, as “Horas do Ofício Parvo de Nossa Senhora”, o “Ave Maris Stella”, o “Salve Regina”, o “Lembrai-Vos”, etc.
Consagração à Santíssima Virgem
Na essência de tal devoção, o que mais entusiasmou Plinio Corrêa de Oliveira foi a espiritualidade mariana de São Luís Maria Grignion de Montfort (1673-1716), e mais especificamente seu Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem, obra que leu em 1930, na qual o santo missionário recomenda a consagração a Nossa Senhora como escravo de amor. Terminada a leitura e feita a preparação — segundo o método ensinado no Tratado — o Prof. Plinio ajoelhou-se diante de uma imagem da Virgem e fez sua “consagração como escravo perpétuo de Nossa Senhora”. Tinha então 22 anos de idade, e até seus últimos dias renovava quotidianamente a consagração.
Em artigo publicado no “Legionário” em 21-10-1945 — pouco depois do bombardeio atômico sobre Hiroshima e Nagasaki — faz uma analogia desse fato com o Tratado, qualificando-o como uma “bomba atômica” da Divina Providência contra os adversários da Igreja:
“Esta bomba se chama com um nome muito doce. É que as bombas da Igreja são bombas de Mãe. Chama-se Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem. Nele, cada palavra, cada letra é um tesouro. Este é o livro dos tempos novos que hão de vir.
Grignion de Montfort expõe, na sua obra, em que consiste a perfeita devoção dos fiéis a Nossa Senhora, a escravidão de amor dos verdadeiros católicos à Rainha do Céu. Ele nos mostra o papel fundamental da Mãe de Deus no Corpo Místico de Cristo e na vida espiritual de cada cristão. Ele nos ensina a viver nossa vida espiritual em consonância com essas verdades. E nos ensina a nos unirmos a Maria Santíssima num processo tão sublime, tão doce, tão absolutamente maravilhoso e perfeito, que nada há na literatura cristã de todos os séculos que o exceda neste ponto.
Esta devoção, unindo o mundo a Nossa Senhora, uni-lo-á a Deus, diz Grignion de Montfort. No dia em que os homens conhecerem, apreciarem, viverem essa devoção, nesse dia Nossa Senhora reinará em todos os corações, e a face da Terra será renovada. (vide quadro abaixo)
Medianeira de todas as graças
“Quem procura afastar-se de Maria a fim de melhor concentrar em Jesus seu amor, afasta-se simultaneamente de Jesus e de Maria. Maria Santíssima é o caminho que vai a Jesus, o canal único de todas as suas graças, o único meio que temos para chegar realmente a Ele. E, por isto mesmo, a devoção filial e ardente a Nossa Senhora é sempre uma prova de bom espírito, enquanto a tibieza nessa devoção é dos mais alarmantes sintomas da vida espiritual”.
(Plinio Corrêa de Oliveira, “Legionário”, 25-10-1942)
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Nesse dia, escolhido por Deus, a restauração do Reino de Cristo estaria assegurada.
É essa Verdadeira Devoção a bomba atômica que, não para matar mas para ressuscitar, Deus pôs nas mãos da Igreja em previsão das amarguras deste século”.
A estética do universo e a consagração a Nossa Senhora
Na Basílica do Carmo, na cidade de São Paulo, Plinio Corrêa de Oliveira proferiu uma conferência memorável, indicando o ponto mais elevado da devoção a Nossa Senhora. Que não se resume apenas a um ato de piedade — por vezes sentimental, voltado somente para a salvação da própria alma — mas numa devoção voltada para a suprema glória de Deus, para que tal glória se manifeste na Terra em todo seu esplendor, para a devida sacralização da ordem temporal.
Essa conferência foi transcrita na Circular aos Propagandistas de Catolicismo de outubro/novembro de 1963. Eis alguns trechos:
“A característica do apostolado dos leigos consiste em desenvolver-se no século, em agir no seio da sociedade civil para promover a salvação das almas por todos os meios lícitos, inclusive pela impregnação do espírito da Igreja em todos os valores próprios à esfera temporal. Não se trata, portanto, para o apóstolo leigo, de evitar as coisas do século enquanto tais, de fugir para uma Tebaida ou para o recesso sagrado de uma ordem estritamente contemplativa, nem sequer de viver a vida conventual numa Ordem consagrada ao apostolado externo. Trata-se, isso sim, de estar dentro do século e de ordenar para Deus os valores do século que foram criados para Ele, e dos quais se deve exigir que lhe dêem glória. [...]
Impõe-se que o homem se consagre a Nossa Senhora, obra-prima da Criação, para, por meio d’Ela, poder amar mais profunda e estreitamente a obra de Deus no universo.
Esta consagração consiste em o homem entregar-se a Ela. E já que ele pode realizar em si de algum modo as virtudes que d´Ela refulgem, dar-se à Mãe de Deus é, para o homem, procurar imitá-la e também servi-la. O conhecimento de Nossa Senhora, a admiração por Ela, a imitação e o serviço d’Ela, são os elementos integrantes desta completa consagração que nós queremos verdadeiramente realizar.
Mas daí passamos a uma pergunta: Qual a influência exercida pelas condições peculiares à vida no século, no modo de vivermos nossa consagração? A vida no século deve ser tal que os mesmos princípios de beleza universal, que revertem em última análise em princípios de moralidade e santidade universal, se reflitam não só nas almas, mas em tudo aquilo que cerca o homem. Por uma misteriosa afinidade, as formas, os sons, as cores, os perfumes podem exprimir estados de espírito do homem. É necessário, pois, que reflitam estados de espírito virtuosos para a formação de ambientes em que o bem encontre os recursos necessários para a sua santificação. É necessário que sejam imagens de Deus, que lhe falem aos sentidos, lhe dêem o atrativo da virtude e o estimulem por essa forma a conhecer e a ter apetência daquela beleza incriada de Deus, que ele só verá, face a face, na glória dos Céus.
Organizar uma ordem temporal que assim forme as almas e as convide para o Céu, eis uma alta missão dos leigos vivendo no século. Claro está que tal ordem temporal teria uma consonância profunda com a Revelação, os ensinamentos e as leis da Igreja, bem como com os ditames da verdadeira ciência. Ela seria, pois, o Reinado de Jesus Cristo, o Reinado de Maria na Terra. [...]
Como são freqüentes em torno de nós as pessoas que supõem que têm verdadeiro espírito católico, porque recebem uma ou outra vez os sacramentos e praticam alguns atos de piedade. Entretanto, os seus modos de pensar, de sentir e de agir são marcados por um espírito oposto ao da Igreja. [...]
Assim, pois, a nossa consagração a Nossa Senhora é realizada, em nossos dias, pela recondução das almas e de todos os valores da sociedade temporal para darem glória a Deus, à sua causa final, tendo em Deus a sua causa exemplar. Dentro de um rumo que só será de verdadeiro progresso se for indicado pelos princípios magníficos da tradição cristã”.
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Veja:
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