Na sua magna obra Revolução e Contra-Revolução (RCR), Plinio Corrêa de Oliveira sintetiza os princípios que devem reger a Civilização Cristã:
“A ordem nascida da Contra-Revolução deverá refulgir, mais ainda do que a da Idade Média, nos três pontos capitais em que esta foi vulnerada pela Revolução:
Um profundo respeito dos direitos da Igreja e do Papado e uma sacralização, em toda a extensão do possível, dos valores da vida temporal, tudo por oposição ao laicismo, ao interconfessionalismo, ao ateísmo e ao panteísmo, bem como a suas respectivas seqüelas.
Um espírito de hierarquia marcando todos os aspectos da sociedade e do Estado, da cultura e da vida, por oposição à metafísica igualitária da Revolução.
Uma diligência no detectar e no combater o mal em suas formas embrionárias ou veladas, em fulminá-lo com execração e nota de infâmia, e em puni-lo com inquebrantável firmeza em todas as suas manifestações, e particularmente nas que atentarem contra a ortodoxia e a pureza dos costumes, tudo por oposição à metafísica liberal da Revolução e à tendência desta a dar livre curso e proteção ao mal”.(6)
Filial devotamento e obediência ao Chefe Augusto da Cristandade
Terminamos esta matéria fazendo nossa a conclusão do livro RCR, o qual foi publicado em primeira mão no centésimo número de Catolicismo, em abril de 1959:
“Não quereríamos dar por encerrado o presente artigo, sem um preito de filial devotamento e obediência irrestrita ao ‘doce Cristo na Terra’, coluna e fundamento infalível da Verdade.
“Ubi Ecclesia ibi Christus, ubi Petrus ibi Ecclesia” [Onde está a Igreja aí está Cristo, onde está Pedro aí está a Igreja].
É pois para o Santo Padre que se volta todo o nosso amor, todo o nosso entusiasmo, toda a nossa dedicação. É com estes sentimentos, que animam todas as páginas de Catolicismo desde sua fundação, que nos abalançamos também a publicar este trabalho.
Sobre cada uma das teses que o constituem, não temos em nosso coração a menor dúvida. Sujeitamo-las todas, porém, irrestritamente ao juízo do Vigário de Jesus Cristo, dispostos a renunciar de pronto a qualquer delas, desde que se distancie, ainda que de leve, do ensinamento da Santa Igreja, nossa Mãe, Arca da Salvação e Porta do Céu”.(7)
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Notas:
1. “O Legionário”: Órgão oficial da Congregação Mariana de Santa Cecília, do qual Plinio Corrêa de Oliveira foi diretor de 1933 a 1947. Sob sua direção o jornal foi ampliado e adquiriu enorme penetração no público católico, tornando-se órgão oficioso da Arquidiocese de São Paulo.
2. De acordo com o que explanou em sua obra-mestra Revolução e Contra-Revolução, Plinio Corrêa de Oliveira denomina “Revolução” o secular processo que vem destruindo a Civilização Cristã, desde fins da Idade Média. E “Contra-Revolução”, a atuação que se opõe diametralmente a esse processo desagregador.
3. Jansenismo: heresia que constituiu uma corrente semi-protestante no interior da Igreja. Era de um rigorismo hirto e despropositado. Tal heresia, uma das mais perniciosas da História da Igreja, foi instituída pelo holandês Cornélio Jansênio, bispo de Ypres (1636). Este negava a infinita misericórdia de Deus e defendia a predestinação. Infectou grande parcela de bispos, sacerdotes e leigos na França e em outros países da Cristandade. A heresia jansenista foi condenada por diversos Papas, entre os quais Inocêncio X, na bula papal Cum occasione (1653). Mesmo assim, a heresia projetou-se nos séculos XVIII e XIX, e só foi debelada quando o grande São Pio X, no início do século XX, publicou o decreto favorecendo a comunhão freqüente.
4. Veja-se, por exemplo, a alocução de João Paulo II, em 6-2-81, aos Religiosos e Sacerdotes participantes do I Congresso Nacional Italiano sobre o tema "Missões ao Povo para os Anos 80", in “L'Osservatore Romano”, 7-2-81.
5. Manifesto primeiramente publicado pelo matutino paulista “Folha de S. Paulo”, seguido de 36 jornais brasileiros e depois reproduzido em 73 órgãos de imprensa, entre jornais e revistas, de 11 países, sem receber qualquer objeção quanto à sua ortodoxia e correção canônica. Em Catolicismo, foi publicado na edição de maio/1974 e encontra-se disponível no site www.pliniocorreadeoliveira.info
6. Plinio Corrêa de Oliveira, Revolução e Contra-Revolução, Parte II, Capitulo II, 4ª ed. em português, Artpress, São Paulo, 1998.
7. Op. cit., Conclusão.