Virgem da Ternura Bem-estar na tristeza, no carinho e no recolhimento
05/02/2013
Plinio Corrêa de Oliveira
Nesta foto do ícone de Nossa Senhora de Vladimir — de autêntico estilo bizantino — a Virgem Santíssima apresenta-se numa atitude de alma inteiramente voltada para o interior, em que Ela toma consciência profunda do estado de espírito de sumo afeto, suma proteção e, ao mesmo tempo, de tristeza; mas tristeza num estado de deleite de ser Ela mesma. Há dentro dos olhos d’Ela uma luz parecida com a que existe no interior de uma catedral — uma espécie de penumbra.
Evidentemente, o que a absorve inteiramente é o Menino Jesus. Nota-se o bem-estar e o inteiro consentimento em sentir-se inteiramente assumida pelo amor a Ele. Mas ao mesmo tempo está presente o presságio da Cruz, de todos os abandonos, incompreensões, negações que viriam. Em vista disso, Ela de algum modo já sofre, mas coloca no Divino Filho toda sua complacência.
Esse estado de espírito o Menino Jesus o sente em comunicação com Ela, que o vai transmitindo ao Filho. Este deseja haurir muito mais tal estado de espírito aproximando seu rosto da face d’Ela, como quem diz“Isto é o que eu quero, dê-me mais”. A Mãe Santíssima se deleita em extravasar isso e Ele se deleita em receber esse afeto. Um fenômeno especialmente rico de uma intimidade intercomunicada, um bem-estar na tristeza, no carinho e no recolhimento.
Todos esses aspectos ficam realçados pelo fundo dourado do ícone. Em meio à tristeza, há uma nota de esperança como uma estrela nascente. Isso caracteriza a temperança. Não é uma tristeza desesperada. É a Virgem da Ternura! Assim poder-se-ia denominar esse ícone.
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Excertos da conferência proferida pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira em 10 de junho de 1976. Sem revisão do autor.
Veja:
Revista Catolicismo
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