A Grande Chartreuse


18/09/2013

Plinio Corrêa de Oliveira

Imenso turíbulo do qual sobem continuamente ao Céu os sacrifícios da oração e da penitência.

Chama a atenção nesse panorama o aspecto soberbo da neve. Ela cobre o edifício tão amplamente que torna muito clara a razão de ser dos telhados e das torres em ponta.

Não é propriamente um prédio, é quase uma cidadezinha, com a praça central, uma série de construções e a igreja, que se destaca.

As montanhas fazem parte de um maciço impróprio para a construção de cidades. Assim, a vastidão completamente erma, marca o espírito da instituição ali estabelecida.

Qual é essa instituição? Por que esse isolamento? O que significa a vida de um homem nesse lugar?

— É, como se diz em português, a Cartuxa — incomparavelmente menos bonito do que em francês: Chartreuse. É um nome que canta. A ilustração é da Grande Chartreuse na França, porque havia várias Chartreuses, sendo esta a maior de todas.

O que é a Ordem dos cartuxos ou dos chartreux? Ela foi fundada por São Bruno na Idade Média. Tem por objetivo separar do convívio humano alguns homens que receberam de Deus altíssima vocação: estar constantemente pensando em assuntos relacionados com a doutrina católica, com o espírito da Igreja, com a teologia, com a filosofia, com os documentos do magistério eclesiástico.

Assim, os cartuxos reservam larga parte de seu tempo à prece: ofícios rezados de dia e de noite na capela do mosteiro; jejum rigoroso; trabalhos manuais; leituras e penitências. Eles vivem completamente isolados.

Qual é a razão disso?

É um propósito muito belo: em atenção ao fato de todos nós pertencermos ao Corpo Místico de Nosso Senhor Jesus Cristo — a Igreja Católica Apostólica Romana — há uma reversão entre os homens, mediante a qual os méritos e sacrifícios de uns podem se transformar em méritos e perdão para outros. Dessa forma, os cartuxos oferecem seus méritos pelas almas a respeito das quais Nossa Senhora tem planos especiais, para a glória d’Ela e expansão da Santa Igreja.

Assim, compreendemos a verdadeira beleza desse cenário, com homens perpetuamente silenciosos, postos na oração e no sacrifício, pensando nas coisas de Deus e oferecendo isso por almas que eles ignoram. Imaginemos o rigor do inverno, o uivar dos ventos e as tempestades nessas montanhas.

Chartreuse pode ser comparada a um imenso turíbulo do qual sobem continuamente ao Céu os sacrifícios da oração e da penitência. Compreende-se então que há qualquer coisa de tranquilo, de sereno, de crucificado e varonil nesse gênero de vida, que realmente incute enorme veneração e respeito sem fim!

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Excertos da conferência proferida pelo Prof. Plinio Corrêa de Oliveira em 15 de janeiro de 1977. Sem revisão do autor.

Veja:
Revista Catolicismo

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