2004 Expansão do caos e vitórias conservadoras
18/01/2005
Luís Dufaur
BRASIL
Vagalhão comuno-progressista choca-se com
um país tranqüilo e conservador
O Pres. da CNBB, D. Geraldo
Majella Agnelo (centro), pediu aceleração da Reforma Agrária
e afirmou que o País estava prestes a explodir
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Em 31 de dezembro de 2003, o presidente da CNBB, D. Geraldo
Majella Agnelo, deu
o tom do que viria para o meio rural: pediu pressa na Reforma Agrária.(2)
Na véspera do “abril vermelho”, o purpurado acrescentou que o Brasil
estava como uma “panela de pressão” prestes a explodir.(3)
João
Pedro Stédile, líder máximo do MST, anunciou o plano do comuno-progressismo: “Essa é a
disputa que há na sociedade: 23 milhões contra 27 mil [proprietários] [...]
o que está faltando para nós? Está faltando juntar os mil para cada mil
pegar um”.(4) E José Rainha Jr., líder dos invasores no Pontal
do Paranapanema, completou: a Reforma Agrária virá “com facão”.(5)
O meio rural -brasileiro convulsionado
João Pedro Stédile, líder
do MST
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O
resultado? No primeiro ano do governo Lula as invasões tinham crescido
115% em relação ao último ano da gestão anterior.(6) De janeiro a novembro
de 2004 (316 invasões), novo aumento de 51% em relação ao mesmo período
em 2003 (209 invasões). Ou seja, houve
uma variação de 226% entre 2002 e 2004.(7)
Foi assim que 2004 transbordou de invasões de fazendas, proprietários e
colonos tomados como reféns e vítimas de violências, depredação das benfeitorias,
extermínio do gado, destruição de plantações; houve produtores rurais e
grupos econômicos que abandonaram as suas terras; invasões de agências
bancárias, prefeituras, sedes estaduais e nacional do Incra, estações elétricas,
praças de pedágio, delegacias de polícia — até com “resgate” de
sem-terra presos —, do maior projeto de extração de níquel do Brasil, a
Estação Experimental do Instituto Biológico; estradas bloqueadas,
até com espancamento dos passageiros de um ônibus; membros do MST presos
portando armas ou voltados ao roubo e assassinato, valendo-se do acampamento
como base;(8) depósitos clandestinos de armas em acampamento, incluindo “artefato
usado para lançar coquetéis molotov”;(9) loteamento ilegal de propriedades
invadidas; arrendamentos ilícitos de lotes de assentados; desobediência
ostensiva ao Judiciário; cobranças de taxas aos assentados pelas cestas
básicas do Fome-Zero; turmas de médicos do MST indo e vindo de Cuba
etc.
Os
enfrentamentos decorrentes dessas ações de invasores registraram até 60
feridos num só caso, ou até 120 homens armados. E não só entre proprietários
e sem-terra, mas brigas dos invasores entre si. Em decorrência da Reforma
Agrária, entre 1985 e 2003 tinham sido assassinadas 1.373 pessoas.(10)
Em 2004 os mortos foram 16 até novembro, segundo o governo, 29 segundo
a CPT.(11)
Passeata do MST
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Face às
invasões, a ouvidora agrária nacional Maria Oliveira declarou: “Não
esperávamos que fosse diferente e é bom que seja assim”.(12) O ministro
do Desenvolvimento Agrário, Miguel Rossetto, achou que “em hipótese
alguma a legalidade e o Estado de Direito estão ameaçados”.(13) A Câmara
em Brasília consagrou sessão solene para comemorar o aniversário de fundação
do MST.(14)
O
dinheiro do Estado jorrou para atender as exigências dos sem-terra: R$
7 bilhões, a título de agricultura familiar, além de R$ 1,4 bilhão
previsto no orçamento, mais verba suplementar de R$ 1,7 bilhão
para a Reforma Agrária. Líderes do MST viajaram à custa do Estado. Bancos
e empresas estatais patrocinaram eventos dos sem-terra. Tampouco faltou
financiamento farto do exterior para o MST, especialmente de organizações
bafejadas pelo progressismo católico. Até agosto, o governo Lula
expropriou 523 mil hectares e a cifra pareceu nada aos revolucionários.
A
campanha contra o trabalho escravo camuflou outra investida contra
a propriedade privada.(15) No governo Lula, foram libertados 7.014
trabalhadores supostamente “escravizados” por patrões. Além das
enormes multas e humilhações que sofreram, foram apontados à execração
pública pela mídia. E há ainda a ameaça de expropriação, sem indenização,
se for aprovado um projeto de mudança constitucional em curso, que nem
sequer define o que seja trabalho escravo.
D. Tomás Balduino, presidente
da Comissão Pastoral da Terra, participa ativamente de passeata
do MST
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Medidas
contra o agronegócio foram pedidas na Conferência Água e Terra em
Brasília. Mas, enquanto D. Tomás Balduíno, presidente da Comissão
Pastoral da Terra (CPT), e o presidente do Incra execravam o agronegócio,
incitando a luta de “um lado” contra “o outro”,(16) um pequeno
produtor exclamava: “Bendito o agronegócio que permite a nós, pequenos,
enviar nosso produto para o exterior”.(17) Duas faces de 2004 –– uma
exibindo o aspecto caos, outra refletindo o bom senso e o desejo de ordem
e harmonia social de inúmeros brasileiros.
Revolução
indigenista: artificial e violenta
Indígenas no Salão Verde
da Câmara dos Deputados comemoram o Dia do Índio
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A
ofensiva comuno-neomissionária, chamada de indigenista, só na aparência
foi diferente da revolução agro-reformista. Na substância, quanto aos instigadores
e métodos, foi idêntica. O objetivo explícito vai além: banir o branco, descendente
dos que vieram povoar e evangelizar o Brasil, sob pretexto de devolver
aos silvícolas a terra que lhes pertenceria.
O
irrealismo dessa utopia malsã foi denunciado por Jonas de Sousa Marcolino,
líder da maioria dos índios macuxi opostos à demarcação contínua da reserva
Raposa/Terra do Sol, em Roraima: “A minoria é ligada a ONGs e à Igreja
Católica. Nós estamos integrados, usamos energia elétrica, automóveis, ônibus
e temos aldeias produtivas. [...] Acham que a gente tem que sobreviver
de caça e pesca. [...] A política daFunai [...] nos condena ao atraso”.(18)
Em
vários Estados, índios de diversas tribos praticaram as mesmas violências
destrutivas do MST contra propriedades rurais, torres elétricas e represas,
com bloqueio de estradas, invasão de prédios públicos e o conseqüente sangue
derramado. Artifícios burocráticos e demagogia esquerdista fizeram com
que apenas em São Paulo aparecessem 63 mil índios.(19) Assim,
em 2004, apenas 300 mil índios detinham mais de 10% do território
nacional, vedado ao ingresso e aproveitamento de mais de 170 milhões de
brasileiros. Os índios, pela legislação atual, são inimputáveis legalmente.
Revolução urbana, agrária
e indigenista
A
reforma urbana também usou as mesmas táticas, multiplicando invasões de
prédios em cidades como São Paulo e Salvador.
Tampouco
faltou apoio do governo e de organismos internacionais aos invasores. O
líder sem-teto Gegê, preso por homicídio, foi liberado após visita “de
políticos ilustres do PT”: “É um velho companheiro de militância”–– justificou
o presidente da Câmara dos Deputados, o petista João Paulo Cunha.(20) Enquanto
isso, o relator especial das Nações Unidas, Miloon Kothari, em missão oficial
no País, pregava que “invadir terras improdutivas e prédios abandonados é um
direito legítimo”.(21)
Ofensiva do- crime organizado no Brasil
Policiais tentam ocupar
favela da Rocinha, no Rio de Janeiro
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Mais
sanguinária do que todas foi a revolução da vida quotidiana, provocada
pela criminalidade. Em 2004, soube-se que a população carcerária, em relação
a 1995, passara de 148.760 para 308.304 detentos; que o déficit de vagas
nos cárceres subiu de 80.163 para 128.815; que a cada 17 horas foi assassinado
um policial civil ou militar; que as mortes por violência, desde 1979,
chegaram a cerca de 2 milhões, sendo 47.154 delas somente em 2003; que
o tráfico de drogas e armas pesadas respondia por 1.800 dos 3.000 vôos
clandestinos registrados pela FAB; que houve 484 crimes violentos contra
o patrimônio por 100 mil habitantes, uma das mais altas taxas do mundo.
Proliferaram
os “resgates” de presos dos cárceres, levados a cabo por bandos fortemente
armados; as revoltas carcerárias; os toques de recolher que atingiram o
comércio e escolas; lutos forçados de bairros inteiros. Houve fatos inauditos,
como empresas de ônibus no Rio que, coagidas pelo tráfico, se resignaram
a transportar armas, drogas e adolescentes gratuitamente para bailes em
morros dominados por quadrilhas.(22) No Estado do Rio foram 7.998 as vítimas
letais da violência.
Apesar
de a grande causa desse morticínio ter sido o tráfico de drogas, a Câmara
dos Deputados aprovou projeto que extingue a prisão para usuários e dependentes
de drogas,(23) tornando assim difícil a prevenção e repressão do narcotráfico.
O projeto seguiu para o Senado.
Os
cidadãos honestos foram desarmados por Estatuto específico, mas no campo
o armamento dos sem-terra continuou mal controlado ou acobertado. Como
se tudo isso não bastasse, a introdução do controle externo do Judiciário
reforçou os temores pela sua independência e imparcialidade.
Empobrecimento
e dirigismo econômico
Em
2004, a carga tributária girou próximo de 40% do PIB.(24) Em novembro,
a soma dos tributos, taxas e contribuições diretas e indiretas pagos por
quem ganhasse R$ 3 mil mensais equivalia a 172 dias de trabalho por ano.
Em
2003, as famílias brasileiras já tinham diminuído o consumo em 3,3%, e
a renda do trabalhador diminuíra 7,4%. A classe média empobrecera e 2,5
milhões caíram para o patamar da classe pobre. Em maio de 2004, 150 milhões
(85% dos brasileiros) tiveram dificuldade para fechar as contas do
mês. Em novembro, o desemprego dobrou em relação a 1993 e as vagas criadas
não cobriam o aumento da população.
O
PIB brasileiro calculado em dólares caiu da 12ª para a 15ª posição mundial,
e o PIB per capita desceu ao 78º lugar, ficando atrás até da
Jamaica. O Banco Mundial qualificou o Brasil como “um dos piores lugares
do mundo” para se fazer negócios, sobretudo devido à quantidade e lentidão
dos procedimentos burocráticos, custo das exigências legais, dificuldades
na abertura e fechamento de empresas, registro de imóveis, crédito e cobrança
de dívidas, rigidez da legislação trabalhista e falta de proteção aos investidores.
O País também desceu no ranking mundial da competitividade, do 54º para
o 57º lugar. Em matéria de corrupção administrativa, mais uma triste piora:
de 54º para 59º lugar mundial. E a liberdade econômica? 80ª posição
mundial, na faixa dos principalmente não-livres! O percentual da
economia informal só foi maior na Colômbia e na Rússia!
O
propagandeado programa Fome-Zero acabou esquecido e o Bolsa-Família bateu
o recorde de fraudes denunciadas.(25) Subiram as indenizações a ex-opositores
e ex-guerrilheiros. Em agosto, o Ministério de Justiça devia R$ 1,4 bilhão
em pagamentos retroativos,(26) recebendo alguns beneficiados por mês acima
do teto do funcionalismo público.(27)
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Veja:
http://www.catolicismo.com.br/
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