Tsunami, aviso de Deus, mas silenciado
18/02/2005
A
grande mídia e púlpitos católicos
ignoraram os sinais da intervenção divina — misericordiosa e justa —
na recente catástrofe que abalou o sudeste asiático e repercutiu em
todo mundo
Os jornais e TVs entulharam-se de informações sobre o gigantesco tsunami no
Oceano Índico, que em dezembro ceifou mais de 290.000 vidas. Tudo, ou quase
tudo, foi dito, descrito e comentado. Quase todas as autoridades do mundo
falaram. Até os mais altos hierarcas religiosos apelaram à solidariedade, à ajuda
humanitária e à recuperação material das áreas arrasadas.
Houve
um só ausente nesse noticiário. Um ausente infinito, todo-poderoso e eterno:
Deus Nosso Senhor. Se é verdade que nem o menor dos passarinhos cai por
terra e nem um só fio de cabelo desprende-se da cabeça do homem sem que
seja do conhecimento de Deus, como não falar d’Ele a propósito dessa colossal
tragédia?
Banda Aceh, em Sumatra
antes do Tsunami
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E depois do Tsunami
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Sim,
pasmoso drama. Pois tratou-se do mais mortífero maremoto, ou tsunami, de
que os homens têm lembrança. Em magnitude, foi o quinto mais intenso terremoto
da História, desde que existem instrumentos de medição. A energia desencadeada
pelo sismo equivaleu à de um milhão de bombas atômicas e deslocou ilhas
inteiras, segundo o Instituto de Geologia dos Estados Unidos .(1) O secretário
de Estado, Collin Powell, chefe dos exércitos aliados na I Guerra
do Golfo em 1991, confessou: “Estive em guerras e presenciei ciclones,
tornados e outras operações de resgate, mas nunca vi nada semelhante a
isso”.(2)
É bem
verdade que nas listas de discussão na Internet a polêmica sobre o papel
de Deus no acontecimento foi a grande dominante. Sendo esse o ponto que
mais interessava, por que foi tão silenciado pela grande imprensa, inclusive
a religiosa?
Sinais
patentes da presença de Deus
Da
parte da Divina Providência, dois portentos formidáveis puderam ser presenciados,
como que desejando Deus patentear sua intervenção onipotente nessa convulsão
da natureza.
Basílica de Nossa Senhora
da Saúde
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Imagem de Nossa Senhora
da Saúde...
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O
primeiro foi em Vailankanni (Índia). Ali, encostada no mar, ergue-se a
grande Basílica de Nossa Senhora da Saúde. Trata-se do mais famoso santuário
mariano da Índia, que acolhe cerca de dois milhões de romeiros por ano.
A imagem de Nossa Senhora da Saúde é venerada desde o século XVI. É tão
famosa por seus milagres, que o Santuário é conhecido como a Lourdes
do Oriente.
Quando
o tsunami arrebentou, aproximadamente duas mil pessoas rezavam no
interior daquele santuário. As ondas de cerca de 12 metros de altura engoliram
hotéis e prédios situados no mesmo nível do santuário, mas as águas pararam às
suas portas. O ponto de ônibus perto do santuário, que fica mais longe
da praia do que este, foi coberto pelo mar. Mais de mil pessoas morreram
no raio de um quilômetro em torno da basílica. Somente os que estavam dentro
dela se salvaram. “Foi um milagre a água não ter entrado na igreja”, disse
Sebastião Kannappilly, empresário de Kerala que estava dentro com sua mulher
e sua filha. O carro que ele deixara do lado de fora foi deglutido pelos
vagalhões, bem como seu motorista. O Pe. Joseph Lionel, chanceler da diocese
de Thanjavur, declarou: “Nossa Santíssima Mãe fez maravilhas aqui apesar
da tragédia”.(3)
O
segundo fato miraculoso ocorreu em Mylapore, não distante de Madrás, também
na Índia. Lá, a poucos metros da praia localiza-se a Catedral de São Tomé,
construída sobre o túmulo do Apóstolo falecido no ano 72.
Catedral de São Tomé Apóstolo
– Chennai, (ex- Madrás), Índia
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Tumba de São Tomé
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Segundo
imemorial tradição, São Tomé cravou um poste na areia e anunciou que as águas
não passariam além dele. O poste continua no local, conservado pelos fiéis
sobre uma base de cimento, próximo aos degraus da catedral. Pois bem, todos
os prédios, de ambos os lados da catedral, foram atingidos pelas ondas
de morte e destruição. Mas, como disse o Pe. Lawrence Raj, pároco da Basílica, “o
mar não tocou nossa igreja. [...] Nós acreditamos que o poste miraculoso
de São Tomé proibiu que as águas marítimas entrassem”. O povo compartilha
sua opinião. Centenas de sobreviventes disseram que tinham rezado para
que São Tomé os salvasse.(4)
Insensibilidade
e obstinação. Um castigo?
Afora
esses locais protegidos pelo manto misericordioso de Nossa Senhora e por
São Tomé, o panorama moral e psicológico era completamente diverso. Os
relatos transudam de uma auto-suficiência materialista e de um otimismo
obcecado, que caracterizaram tantas grandes tragédias coletivas da História.
As
autoridades científicas tailandesas, por exemplo, detectaram imediatamente
o abalo no fundo do oceano, que gerou o tsunami. Mas nada disseram.
Por quê? Porque estava-se em plena estação turística, e um alarme poderia
causar a perda de muito dinheiro... Em anos anteriores, as mesmas autoridades
foram verberadas e até ameaçadas de processos indenizatórios milionários
por terem alertado sobre a possibilidade de tsunamis, em decorrência
de movimentos telúricos menores que não produziram grandes danos.
Naquelas
paragens tão belas, praticavam-se as piores formas de depravação moral,
como turismo sexual de vários tipos, ao lado de um permissivismo debandado
nas praias. Aqueles paraísos, onde se vivia como se Deus não existisse,
transformaram-se instantaneamente em cenários apocalípticos.
Lhoknga, Indonésia, antes
da passagem da onda gigante
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Lhoknga após a passagem
da onda gigante
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O
drama aconteceu a 26 de dezembro, dia seguinte ao Natal. Sim, de mais um
Natal comemorado de modo materialista e neopagão. A festa do natalício
do Redentor — por Quem suspiraram durante milênios os Patriarcas, os Profetas
e todos os justos do Antigo Testamento —, a comemoração impregnada de graças únicas,
que durante dois milênios a Igreja e a Civilização Cristã celebraram jubilosas
e enternecidas, foi transformada em tudo menos naquilo que deveria ser.
Em conseqüência, a unção sobrenatural da festa natalina retraiu-se quase
totalmente.
É de
se estranhar, pois, que Deus não abomine tal endurecimento? E que dê a
conhecer, de algum modo, a magnitude da ofensa que lhe é infligida? No
ano anterior, também no dia seguinte ao Natal, um terremoto arrasou a cidade
histórica de Bam, no Irã, matando mais de 20.000 pessoas.(5) E próximo à virada
do milênio, também num dia 26 de dezembro, excepcional furacão devastou
as mais famosas florestas da França, num desastre sem precedentes.(6) O tsunami — é difícil
não vê-lo assim — inseriu-se na série dessas advertências cada vez mais
intensas da Providência Divina.
Ao
mesmo tempo em que inúmeros cadáveres putrefatos jaziam na orla marítima
ou boiavam no mar, novas levas de turistas desembarcavam nas praias contaminadas.
Nos aeroportos, os aviões de socorro tinham dificuldade para pousar, devido à afluência
de vôos turísticos de pessoas dominadas pela mesma ânsia de gozar a vida,
esquecidas da Lei de Deus e daqueles milhares que, poucas horas antes,
deixaram esta vida, quiçá sem tempo sequer para pronunciar uma Ave Maria.
Silêncio incompreensível das cátedras católicas
Seqüência de fotos do
tsunami invadindo hotel em Phuket, Tailândia
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À vista
desse cataclismo, quantos no mundo voltaram seus olhares para Deus, ou
para sua Santíssima Mãe misericordiosa, Medianeira universal de todas as
graças, pedindo perdão, auxílio e proteção? Em sentido contrário, quantos
fecharam seus corações a essa imponente manifestação de poder, ora recusando-a
por princípio, ora restringindo-se apenas a sentimentos humanitários, como
se Deus nada tivesse a ver com o caso?
Das
cátedras católicas, de onde deveria ter vindo a orientação esclarecedora,
por que não se ouviu a pregação cheia de zelo pela glória de Deus e pela
salvação das almas, que um acontecimento assim normalmente exigiria? As
eloqüentes proteções da Providência Divina àqueles grandes santuários de
Nossa Senhora e do Apóstolo São Tomé foram suficientemente levadas ao conhecimento
dos fiéis católicos no Brasil? E no mundo?
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A
resposta a tais perguntas talvez seja o silêncio. Um espantoso silêncio.
Pois, de que adianta não falar destas realidades patentes? Qual o benefício
que há no fato de pastores não prevenirem suas ovelhas? Não é esse silêncio
um dos piores flagelos?
É assustador
que 2004 tenha se encerrado com a natureza em cólera. Porém, ainda mais
assustador é o descaso acintoso a advertências divinas. É hora para, de
rosário em punho e com acendrada confiança, rezar-se ainda mais...
* * *
Notas:
1. Tal comparação foi veiculada por diversos órgãos de imprensa
(por exemplo, o “Jornal do Brasil”, Rio, 29-12-04). Outros jornais
apresentaram comparações mais modestas, mas também terríveis: o tsunami
“liberou energia equivalente a 37 mil bombas de Hiroshima” (“Folha
de S. Paulo”, 9-1-05). Seja como for, trata-se de um impacto acima
da capacidade de medir em termos de sensibilidade humana.
2. “Folha de S. Paulo”, 6-1-05.
3. “Catholic News Service”, 30-12-04.
4. http://www.theindiancatholic.com/news_read.asp?nid:274; http://www.vaticanradio.org/inglese/105/en_top_stories.html
5. “O Estado de S. Paulo”, 27-12-03.
6. “O Estado de S. Paulo”, 28-12-99
Veja:
http://www.catolicismo.com.br/
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