Materialismo, evolucionismo, criacionismo
28/07/2005
Carlos Eduardo Schaffer Correspondente – Áustria
A
teoria do “big bang” e a doutrina católica
No macro-universo sideral a ciência vem chegando nos últimos 15
anos a conclusões diametralmente opostas às teorias evolucionistas
|
Tem
surgido na Internet um número
enorme de páginas-web dedicadas às idéias do Intelligent Design Movement(15)
e à controvérsia evolucionismo-criacionismo. Em algumas delas são publicados
não somente os artigos em defesa do IDM ou do criacionismo em geral, mas
também as opiniões contrárias. Outras dão notícias das batalhas legais
que o IDM está conduzindo em diversos Estados dos EUA para fazer com que
os órgãos que aí regulamentam o ensino obriguem as escolas a — pelo menos
— expor as teorias do ID ao lado das teorias do evolucionismo e da visão
materialista do Universo.
Houve
um erro entre os criacionistas no passado, especialmente entre protestantes
fundamentalistas, de confundir
a idade da humanidade com a idade do Universo, e este erro gerou um certo
descrédito da escola criacionista, pois há evidências irrefutáveis de que
o Universo e a Terra têm uma idade muitíssimo maior que a da humanidade.
A teoria que hoje em dia vai sendo cada vez mais aceita pelos astrônomos
sobre as origens do Universo é conhecida em inglês pelo nome de Big
Bang (“Grande Explosão”, numa tradução livre).(16)
Segundo a teoria do Big Bang,
toda a matéria, no início, teria estado concentrada; por efeito de uma
grande explosão, ocorrida há uns 15 bilhões(17) de anos, começou a se expandir
a uma velocidade próxima da velocidade da luz; nós nos encontramos hoje
nesse processo de expansão. Tal teoria é apresentada como fruto da observação
de muitos fenômenos do Universo e de cálculos físico-matemáticos.
Pode-se
calcular o tamanho atual do Universo, com base nessa teoria: seu diâmetro é aproximadamente igual
ao dobro da distância que a luz dessa imensa explosão terá percorrido nesses
15 bilhões de anos. O leitor poderá calculá-lo, tendo em mente que em um
segundo a luz percorre 300.000 quilômetros. Mas não se esqueça de que,
quando terminar o cálculo, o Universo já será alguns milhões de quilômetros
maior...
A
comprovar-se essa teoria, que em princípio não contradiz a doutrina católica, Deus teria criado em um
só instante toda a matéria concentrada, dando aos anjos a tarefa de ordená-la
utilizando-se das próprias leis da matéria e do poder que Ele lhes deu
sobre ela. Executando assim um plano pré-estabelecido (desenho), Deus foi
criando os diversos animais e plantas até que, um dia, Ele criaria sobre
a face da Terra o homem. O professor Dr. Walter Thirring, Diretor do Instituto
de Física de Alta Energia da Academia de Ciências de Viena, por
nós entrevistado,* afirma em seu livro Kosmische Impressionen – Gottes
Spuren in der Naturgesetze (Impressões Cósmicas – Os Vestígios de Deus
nas Leis da Natureza) que Pio XII foi favorável a esta teoria desde a sua
formulação por Alexandre Friedmann, pelo Padre Georges Lemaître S.J. (teólogo
e físico) e por Georges Gamow.* (Cfr. p. II)
Se a teoria do Big Bang for
verdadeira, a necessidade de um “desenhador” é ainda muito maior. Não admiti-lo,
seria semelhante a afirmar que, da explosão de um monte de tijolos, argamassa
e madeira pudesse surgir o palácio de Versalhes. E esta comparação ainda é pobre.
...como no micro-universo do átomo
|
A
teoria das probabilidades e do acaso tem seus limites. Damos um exemplo
fácil de imaginar. Se jogarmos
muitíssimas vezes um dado sobre uma mesa, todos os números de 1 a 6 tenderão
a aparecer com a mesma freqüência. Poderão aparecer os números sucessivamente
na ordem de 1 a 6 ou de 6 a 1, mas isso já será muitíssimo difícil. Mas é certo
que essas ordens não se repetirão 5 vezes sucessivamente, sem interrupção.
Não precisamos fazer a experiência, porque só o bom senso já nos faz sentir
que isto será assim. Por mais que um matemático possa calcular a probabilidade
de isto acontecer, teoricamente ela existe, mas na prática não funciona:
o acaso não produz uma ordem complexa, só um ser inteligente pode produzi-la.
A necessidade de um Criador, segundo a
Biologia
Deus teria criado em um só instante toda a matéria concentrada,
atribuindo aos anjos a tarefa de ordená-la
|
No
campo da Biologia, a necessidade de um “desenhador” é ainda muito maior, pois nela se conjugam as complexidades
da Física e da Química com as da Biologia. Também aí os estudos se desenvolveram
enormemente nas últimas décadas. O aprimoramento dos instrumentos de análise
e observação permitiu um aprofundamento dos conhecimentos, que puseram
em evidência a enorme complexidade, antes nunca suspeitada, na composição
das unidades mais elementares de vida.
Illustra Media publicou
um outro DVD, Unlocking the Mystery of Life (Descerrando o Mistério
da Vida), mostrando o trabalho de um grupo de biólogos, entre eles Philip
E. Johnson, Paul A. Nelson, Dean H. Kenyon, Stephen C. Meyer, Jonathan
Wells e outros, alguns deles adeptos inicialmente da teoria evolucionista,
mas insatisfeitos com a falta de fundamento científico das hipóteses evolucionistas.
A partir de 1993, vindos de importantes universidades dos EUA e da Europa,
eles se reuniram em Pajaro Dunes, na Califórnia, e começaram a pôr em comum
seus conhecimentos e aprofundar seus estudos. O resultado foi uma adesão
de todos ao Intelligent Design.
A árvore do desenvolvimento das espécies
está murchando
Darwin
consumiu sua vida construindo a árvore do desenvolvimento das diversas espécies animais. Na base estão
as formas mais elementares de vida. À medida que o tronco vai se desmembrando
em galhos, estes vão representando as formas mais complexas de vida até chegar
aos animais que hoje conhecemos, e finalmente ao homem. Mas ele não abordou
suficientemente o problema do aparecimento dessas formas primitivas de
vida. Os cientistas reunidos em Pajaro Dunes dedicaram seus estudos especialmente às
formas mais primitivas de vida, pois aí estava o maior problema do evolucionismo.
A
complexidade irredutível e os códigos
genéticos
A Fundação americana Illustra Media demonstra neste DVD: a célula
não tem a simplicidade que se imaginava, mas é formada por um
sistema extremamente complexo de órgãos e funções. Mas um argumento
anti-evolucionista
|
Darwin chegou a afirmar em sua
obra A origem das Espécies: “Se puder ser demonstrado que um
organismo complexo possa ter existido, que não tenha sido formado por numerosas
e sucessivas pequenas transformações, minha teoria seria destruída por
completo”. Ora, analisando a forma mais elementar de vida, que é a
célula, chegou-se à conclusão de que ela não tem a simplicidade que se
imaginava até poucas décadas atrás, mas é formada por um sistema extremamente
complexo de órgãos e funções, é dotada de um código genético, transmite
este código para seus descendentes etc. A partir destes conhecimentos definiu-se
um conceito novo, o de complexidade irredutível, isto é: se da complexidade
das formas mais primitivas de vida for eliminado um elemento, este ser
vivo já não pode existir, pois não é mais capaz de executar suas funções
vitais.
O
DNA de uma célula pode conter
até três bilhões de informações genéticas, e todas elas têm de estar corretamente
ordenadas para que a célula possa existir e cumprir suas funções. Passar,
portanto, do mero estado de substâncias químicas para o de célula viva
das mais elementares suporia um passo tão gigantesco, que está fora das
possibilidades do acaso ou da lei das probabilidades. Seria como querer
que milhões de letras formassem por acaso as Sagradas Escrituras.
Mas
a descoberta da existência
dos códigos genéticos nos seres vivos cria mais um grave problema para
os evolucionistas: são os códigos genéticos que determinam o desenvolvimento
dos órgãos e das funções. Para que um órgão se desenvolva, é preciso que
o respectivo código genético preexista. Ora, pela teoria de Darwin, seria
a necessidade que criaria o órgão ou a função, o que coloca o efeito existindo
antes da causa.
Hipóteses, hipóteses, hipóteses...
Para
cada objeção nova, os evolucionistas
são obrigados a formular hipóteses também novas, que precisam de pesquisas
para serem demonstradas. Provas irrefutáveis dessas teorias nunca foram
fornecidas. Para os evolucionistas, enquanto não se provar o contrário,
a hipótese deles passa a valer como tese. Desde Darwin, foi isto o que
sempre fizeram. Enquanto no campo da micro-biologia a ciência engatinhava,
era possível criar hipóteses que, com a ajuda de um bom sistema de propaganda,
fossem tidas como teses. Utilizando teorias mais pertencentes ao campo
da filosofia do que das ciências naturais, os defensores do ateísmo alimentaram
amplamente essa máquina de propaganda.
Para
eles era necessário, de qualquer
maneira, provar que não precisamos de Deus para explicar o aparecimento
do Universo e da vida. Mas a própria ciência vai aprofundando conhecimentos
que tornam cada vez mais difícil acreditar em hipóteses não devidamente
comprovadas. A divulgação dos conhecimentos científicos nas escolas, nas
universidades, na Internet vai fazendo com que o público em geral vá atingindo
uma espécie de maturidade neste campo e acredite cada vez menos em “contos
da carochinha”. Daí a enorme proliferação de páginas de Internet que criticam
o evolucionismo.
O
que prepara a Providência Divina para
o futuro?
" Introduz aqui o teu dedo, e vê as minhs mãos. Põe a tua
mão no meu lado. Nao sejas incrédulo, mas homem de fé".
Respondeu-lhe Tomé: "Meu Senhor e meu Deus!". Disse-lhe
Jesus: "Creste porque me viste. Felizes aqueles que crêem
sem ter visto" (Jo 21, 27- 29).
|
A
São Tomé, que não quis crer na
Ressurreição, Nosso Senhor disse: “Introduz aqui o teu dedo, e vê as
minhas mãos. Põe a tua mão no meu lado. Não sejas incrédulo, mas homem
de fé”. Respondeu-lhe Tomé: “Meu Senhor e meu Deus!”. Disse-lhe
Jesus: “Creste porque me viste. Felizes aqueles que crêem sem ter visto!” (Jo
21, 27–29).
De
forma análoga, parece isto acontecer
com o homem moderno. Afastando-se de Deus, ele perdeu a fé e quis negar
a existência do Criador. Então, por misericórdia, Deus de tal modo se manifesta,
que torna quase impossível negar sua existência. Durante aproximadamente
6.000 anos, a quase totalidade das maravilhas do Universo e da vida ficou
desconhecida para a humanidade. O homem quase só conhecia aquilo que sua
vista alcançava. Na passagem do milênio, pelo progresso da ciência, Deus
como que se revela e lhe diz novamente: “Introduz aqui o teu dedo, e
vê as minhas mãos. Põe a tua mão no meu lado. Não sejas incrédulo, mas
homem de fé”.
O
mundo está diante do fato, mas
falta-lhe dizer: “Meu Senhor e meu Deus!”. Quantos terão esta atitude?
Acreditamos nas profecias de Fátima, e por isso parece-nos que tudo nos
leva para um triunfo da Fé, embora provavelmente ainda tenhamos que passar
por tremendos castigos, conseqüência do mal que a humanidade praticou nesses
cinco séculos de Revolução.
Esclarecimentos
finais — Aliança entre
Fé e ciência
De
agressores do criacionismo, os evolucionistas estão sendo obrigados a passar a uma atitude defensiva
em relação às suas teorias, pois cada avanço da ciência levanta novas objeções
contra o darwinismo que exigem resposta. Pesquisas feitas por evolucionistas
de boa fé, para encontrar estas respostas, acabam levantando para eles
problemas praticamente impossíveis de responder, chegando até a motivar
o abandono dessa teoria por vários deles. O materialismo e o evolucionismo
estão sendo colocados em situação cada vez mais difícil.
Que
este artigo, sem pretender ser uma refutação cabal desses erros, tenha pelo menos o mérito de convidar
para uma discussão aprofundada e honesta sobre a matéria os brasileiros
interessados. A verdadeira Fé não teme o avanço da ciência. Pelo contrário,
Fé e ciência são aliadas. Tanto a esfera natural (objeto da ciência) quanto
a sobrenatural (objeto da Fé) foram criadas pelo mesmo Deus e não podem
contradizer-se.
O
leitor que já freqüentou aulas
de Biologia, Ciências Naturais ou História pode ter presenciado o professor,
com muita seriedade, expor a teoria da evolução das espécies como sendo
a única explicação razoável para a existência dos animais e do homem sobre
a Terra. Aquela série de figuras de macacos, que aos poucos vão se erguendo
sobre as patas traseiras e adquirindo fisionomia parecida com a do homem,
era dada como certa e provada.
Se
o leitor ainda tem relação com
esses professores, envie-lhes este artigo, como prova de sua amizade, para
que eles não se exponham ao ridículo de continuar ensinando coisas que
a ciência vai refutando.
_____________
Notas:
1. O atual estágio desse debate no Estado de Kansas
pode ser encontrado nas páginas de Internet seguintes: http://www.intelligentdesignnetwork.org/sci_standards.htm e http://www.kansasscience2005.com/Summary%20of%20Key%20Proposals.pdf
As discussões no Fórum
organizado pelo Departamento de Educação de Kansas (5 a 10 de maio último),
sobre o ensino do evolucionismo nas escolas daquele estado americano,
provocaram reações no mundo inteiro. Catolicismo aborda neste artigo
aspectos deste tema.
As páginas de Internet
mencionadas nas notas nem sempre expressam o pensamento do autor deste
artigo, mas mostram a intensidade das discussões em torno do assunto.
O número delas em todas as línguas é enorme.
2. http://ourworld.compuserve.com/homepages/rossuk/Paley.htm
3. O Pe. Jorge Loring S.J. nasceu em Barcelona
e passou a juventude em Madri, sendo ordenado sacerdote aos 33 anos.
Seu livro Para Salvar-te teve tal aceitação, que vendeu mais de um milhão
de exemplares na Espanha, tendo sido publicado também no México, Peru
e Chile. Foram feitas traduções para o português, inglês, árabe e hebraico,
e também para o Gujerati na Índia. Está em andamento a tradução para
o russo e o japonês. Também é autor dos livros Cuarenta Conferencias
e La Sábana Santa.
4. Seus escritos podem ser encontrados na sua
página-web: http://personal5.iddeo.es/jorgeloring/contenido.html
5. BERNARD LOWELL (Diretor do Observatório de
Radioastronomia) e Jodrell Bank: Conocimiento actual del universo, II
Ed. Labor, Barcelona, 1975
6. MANUEL CARREIRA, S.J.:
El creyente ante la Ciencia, II, 3, Cuadernos BAC, nº 57, Madri, 1982
7. Revista INVESTIGACIÓN
Y CIENCIA, nº 45 (VI-80), p. 78
8. STEPHEN W. HAWKING:
Historia del tiempo, II. Ed. Crítica, Barcelona, 1988
9. STEPHEN WEINBERG:
Los tres primeros minutos del Universo, II. Alianza Editorial, Madrid.
10. FRED HOYLE: El Universo
inteligente, Ed. Grijalbo, 1984, p. 169
11. PASCUAL JORDAN: Creación
y Misterio, I, 2. EUNSA, Pamplona, 1978
12. Revista INVESTIGACIÓN
Y CIENCIA, nº 80 (V-83)
13. IGNACIO PUIG, S.J.:
Astronomía popular, v. 6
14. http://www.illustramedia.com
15. http://www.genesisnet.info; http://www.wort-und-wissen.de; http://personal5.iddeo.es/jorgeloring/contenido.html; www.Illustramedia.com; http://www.discovery.org/; http://www.intelligentdesignnetwork.org ; http://www.actionbioscience.org/esp/evolution/nhmag.html http://en.wikipedia.org/wiki/Intelligent_design
16. Ver http://www.freehomepages.com/pgostrov/p1.html
17. http://www.lucalm.hpg.ig.com.br/mat_esp/big_bang/big_bang.htm
Páginas: 1 2 3
Veja:
http://www.catolicismo.com.br/
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