Em nosso informe anterior (vide Catolicismo, novembro/2004),
demonstramos que em toda a Av. Paulista não cabem mais de 600.000 pessoas de pé,
mesmo se estivessem aglomeradas como em elevador lotado. Esse é o número
máximo possível, resultante de cálculos objetivos. O número
total, incluindo no cálculo a área da Consolação
e outras, é reduzido para 500.000 pelo matemático Tristão
Garcia, e para 550.000 pelo Prof. Pablo Augusto Ferrari, da USP.
Na passeata de 2004 não havia pessoas aglomeradas como em elevador
lotado, além de não ocuparem durante o pico toda a extensão
da Paulista. As notícias sobre o evento acenavam para 1,5 milhão,
mas sustentamos que o número real teria de ser reduzido para muito menos
de 600.000.
Na passeata deste ano o total era significativamente maior,
mas os mesmos cálculos e conclusões são ainda inteiramente válidos.
Portanto, permanece inalterada a afirmação: não havia
na Av. Paulista mais de 600.000 pessoas. Mas esses números matematicamente
calculados e indiscutíveis são espichados ao gosto dos interessados.
Como se arranjaram para comprimir (ou imaginar) lá três ou quatro
vezes mais pessoas? Num passe de mágica, sai da cartola uma imensurável “população
flutuante”, quadruplicando inexplicavelmente com fantasmas o público
estatisticamente quantificável. Mais de três fantasmas para cada
pessoa. Isso acrescenta diversidade ao grupo, que merece passar a GLBTF.
Eis aí a primeira fraude: é impossível juntar na Paulista
mais de 600.000 pessoas, mas o número propagandeado oscila entre 1,8
e 2,5 milhões. Houve até exaltados que foram muito além,
chegando ao inimaginável: 5 milhões. Bem... papel aceita tudo.
E na cabeça de ativistas os números podem ser metabolizados à vontade.
A grande maioria eram espectadores não homossexuais
Mas há uma segunda fraude: eram todos homossexuais? Algum leitor que
tenha estado na Paulista como curioso, mero espectador, pode estranhar a pergunta.
Mas é isso mesmo que o noticiário procura insinuar: dois milhões
de homossexuais na Paulista. As reportagens passam “como gato sobre brasas” sobre
o assunto, para elidir a pergunta. Uma pesquisa predominantemente entre os
que desfilavam – e que, portanto, estavam pelo menos manifestando o seu
apoio – mostrou que grande percentual destes não eram homossexuais. É importante
distinguir uns de outros, e o assunto tem de ser encarado de frente. É o
que faremos a seguir.
Para documentar o que afirmaremos, tivemos o cuidado de fotografar
e filmar toda a passeata do alto de um edifício com localização
adequada, entre as ruas Augusta e Haddock Lobo. Era um ponto por onde passariam
obrigatoriamente todos os que desfilavam. A partir do início do desfile às
15:40h até o final, fizemos 235 fotos com uma câmera de 3,1 megapixels
e 133 com outra de 6,1 megapixels. O intervalo entre as fotos foi de aproximadamente
1 minuto, tempo suficiente para abranger inequivocamente todos os participantes
do desfile à medida que se punham no ângulo de visão das
câmeras.
As fotos demonstram de modo incontestável que havia duas populações
distintas: 1) os que desfilavam; 2) os que apenas assistiam. Os participantes,
ou seja, os que desfilavam, usavam apenas a pista Paraíso-Consolação.
Os mesmos que por ali passavam ocupavam depois a Consolação,
e pode ser qualificado de fraudulento o cálculo que considere, para
efeito da estimativa do número de participantes, a soma das áreas
dos dois logradouros, pois estaria computando grosso modo as mesmas pessoas
nos dois lugares, o que aproximadamente dobra os valores encontrados. Em vários
quarteirões, nas proximidades do MASP e Cásper Líbero,
o público ocupava todo o restante da área local na Paulista,
e também um pouco em ruas laterais, embora não ocupasse toda
a Paulista até os seus dois extremos.
O número de espectadores era muito maior que o dos participantes. Quando
passou o último trio elétrico com o respectivo bloco, a mesma
multidão de espectadores ainda permanecia no local, só então
começando a se dispersar. Não para integrar-se ao desfile, como
gostariam de fazer crer os organizadores, mas rumo às conduções
que os levariam às suas casas.
O desfile foi organizado para transformar-se num verdadeiro
show. Vejamos o que acontece em outro evento que sempre atrai multidões – um
desfile militar. Nas arquibancadas e calçadas se posicionam os espectadores,
que pouco se deslocam das suas posições. Na pista, devidamente
isolada pelos encarregados da segurança, passam os veículos,
pelotões, bandas de música, fanfarras, porta-bandeiras, balizas
e demais participantes. Compacta e imóvel nas suas posições,
a multidão de espectadores geralmente supera de longe a de participantes.
E estes se deslocam, o que exige manterem entre si uma distância conveniente.
Exatamente a mesma coisa ocorreu no desfile de homossexuais.
Por que não
se fez no noticiário essa distinção? Para dar a impressão
de que eram todos homossexuais? Seria o mesmo que incluir como militares, num
desfile de 20.000 destes, os 180.000 espectadores, alegando “duzentos
mil na parada militar”.
Nossa estimativa com base matemática
Vamos agora apresentar a nossa estimativa do número real de participantes.
Tendo em vista que todo o desfile se fez na pista Paraíso-Consolação,
podemos considerar espectadores os que se posicionavam fora dela, atraídos
pelo show ou por qualquer outro motivo. A pista usada para o desfile tem a
largura de 12,5 metros, ao longo de 2.500 metros, perfazendo 31.250 m2. Se
os participantes estivessem parados e aglomerados como em elevador lotado (5
pessoas por m2), seriam no máximo 156.250. Mas eles estavam se deslocando,
o que exige densidade muito menor, e isso pode ser claramente comprovado nas
fotos. Havia também grande espaço rarefeito ou praticamente vazio
entre os blocos constituídos em torno dos trios elétricos.
Selecionamos uma foto dentre as que tinham máxima densidade de participantes
(foto nº 0111, feita às 17:19 h) e encontramos 1.170. A área
abrangida pela foto mede 12,5x44 m, perfazendo 550 m2. Portanto, a concentração
máxima nas fotos que fizemos era 2,13 pessoas por m2. Projetando esse índice
máximo para toda a pista Paraíso-Consolação (31.250
m2), podemos concluir com segurança que nela caberiam no máximo
66.560 participantes em movimento. Este número tem de sofrer reduções,
pois a densidade máxima não foi atingida em toda a extensão
do desfile, como vimos. Fizemos também contagens em fotos com densidades
média e mínima, encontrando números drasticamente menores.
O matemático Tristão Garcia estabelece como parâmetro
de cálculo o índice máximo de 1,5 pessoa por m2 em toda
a área da manifestação, o que leva em consideração
as várias densidades populacionais aí existentes. Isso reduz
o que encontramos em nosso cálculo para 46.875. Portanto, o número
de participantes do desfile situa-se entre 46.875 e 66.560. Qualquer extrapolação
desses limites pode ser qualificada de exagero ou fraude.
Existem grandes grupos interessados em inflar o balão homossexual,
por isso não temos a ilusão de que os números divulgados
venham a ser retificados. Mas fica a nossa denúncia de que eles são
grosseiramente falsos e fraudulentos.