A revolução sexual destrói a família
07/11/2005
Alfredo MacHale
A
radical agressão sexual que atingiu a América do Norte e Europa,
de há muito assola também o Brasil e demais países latino-americanos.
A dissolução da família, um objetivo primordial. Quem resistirá a
essa implacável investida?
Há cerca de 15 anos a tirania soviética desmoronou em todo o
Leste europeu, apesar das atrozes medidas repressivas exercidas contra a população,
vítima da miséria irremediável resultante do coletivismo,
do estatismo e da inércia generalizada.
A partir de então, fracassados no campo político, os fautores
da descristianização do mundo transformaram a revolução
sexual, e a conseqüente destruição da família na
via preferencial para corromper, conquistar e demolir o Ocidente, certos de
que o resto da humanidade não porá obstáculos em seguir
o mesmo caminho.
O caso espanhol, paradigma de como se perverte um país
" Cristãs
a favor do casamento homossexual" é o que diz a faixa
na manifestação no centro de Madri. Atos como este
são cada vez mais comuns nas ruas dos países ocidentais. |
A revolução sexual alcançou seu mais
recente avanço
com a imposição, feita pelo atual governo socialista espanhol,
do pseudo-casamento homossexual e do “divórcio express” — ou
seja a dissolução do matrimônio num processo sumário,
bastando a vontade de um dos cônjuges —, desprezando as censuras
de João Pau lo II, o qual advertiu para a perseguição
religiosa que assim se prepara. Mais ainda, o governo espanhol resolveu não
só afrontar
o falecido Pontífice e seus porta-vozes, mas ameaçar a Igreja
e a opinião católica espanhola com ataques odiosos, em detrimento
da moral e da vida religiosa.
Tanto ódio à Igreja não se via na Espanha desde fins
dos anos 30, no auge da guerra civil. A resposta indignada da opinião
católica a essa prepotência sectária do governo de Zapatero
deu-se através de colossais manifestações de rua. Ao mesmo
tempo, a Santa Sé mantinha atitude severa, mobilizando diversos cardeais
romanos em defesa da família e fazendo sentir que não cederá ante
essas ameaças.
Contrariamente ao que se deveria esperar, a Conferência Episcopal espanhola
mostrou-se muito tímida, elegendo para seu presidente o bispo mais condescendente
com o governo socialista, tentando subtrair-se o quanto possível à polêmica
em curso. A maioria dos prelados espanhóis parece esperar que se evite
assim o conflito, mas, como é freqüente nesses casos, o mais provável é que
apenas o adie… e também o agrave, pois este é o fruto habitual
da pusilanimidade diante do mal.
É entretanto indiscutível o perigo de uma nova perseguição
religiosa eclodir na Espanha, porque a simples existência de setores
que não se deixam convencer pela imoralidade crescente pode mover a
tal os socialistas no poder.
A isso se somam panoramas também sombrios em outras nações
da União Européia, nas quais políticos laicistas e sectários — muitos
dos quais há duas décadas eram marxistas declarados, e hoje não
têm coragem de se manifestar como tais — mostram de novo suas garras
de forma cada vez mais agressiva e incontida, ao mesmo tempo que, com freqüência,
vêem com simpatia o islamismo ameaçador.
Acrescenta-se ainda o fato de haver, tanto no Canadá como nos EUA,
setores de muito peso nas respectivas populações, com numerosos
e poderosos representantes no mundo político, que também demonstram
extremo liberalismo em matéria de costumes. Assim, o pseudo-casamento
homossexual foi aprovado recentemente no Canadá, enquanto setores da
esquerda se esforçam por introduzi-lo nos EUA, apesar da vigorosa reação
moralizadora de grande parte da opinião pública do país.
Que caminho adotará a América Latina?
Nesse contexto, qual é o panorama na América Latina? Muitas
nações dessa região são governadas pela esquerda,
que se apresenta em alguns países cautelosa quanto à forma, mas
com profunda virulência de fundo.
No Brasil, já sabemos qual é o desejo do governo petista, pois
este há um ano apresentou à ONU moção para incluir
a “opção sexual” entre os chamados “direitos
humanos” protegidos por aquele organismo. Isto constitui um grave elemento
de pressão sobre as demais nações para que aceitem como
normal a homossexualidade, inclusive o “casamento” entre pessoas
do mesmo sexo. Nessa ocasião, por influência do Vaticano e de
alguns países muçulmanos, o debate sobre o assunto foi adiado,
mas a proposta não foi recusada, permanecendo como ameaça que
poderá efetivar-se de um momento para outro.
Uma posição ideológica análoga a favor da diversidade
de “opções sexuais” — slogan adotado pelo permissivismo
extremo em matéria de costumes — observa-se em setores da esquerda
em vários outros países da América. Tende a cristalizar-se
em diversas iniciativas legais; passíveis, em muitos casos, de se transformar
em leis num futuro próximo.
O divórcio, infelizmente, já se tornou regra sem exceção
no continente americano, graças aos opositores mornos, medíocres
e concessivos que encontrou. No Chile, por exemplo, onde foi introduzido mais
recentemente com inédita radicalidade, ocorreu devido à defecção
de grande parte dos parlamentares católicos, com a colaboração
de numerosos representantes do clero e a omissão manifesta e lamentável
de boa parte da Hierarquia eclesiástica.
Espantoso aumento da promiscuidade sexual
" Divórcio
por $299"... A lei do divórcio já se tornou regra
sem exceção no continente americano |
Tornou-se também regra geral na América Latina a igualdade legal
imposta entre filhos legítimos e ilegítimos, entre a esposa verdadeira
e a concubina, entre o casamento e o concubinato. De tal modo que a família
autêntica já não tem reconhecidos os seus direitos, sendo
equiparada a uniões que são dela uma caricatura ou paródia,
ou que usurpam suas legítimas prerrogativas.
Aumenta assim cada vez mais a proporção de nascimentos ilegítimos.
Em vários países estes já superam os legítimos,
enquanto em outros o Estado nega-se a considerar a diferença entre eles.
Vai sendo erodido também, nesse processo, o direito de herança
da família verdadeira, que é amiúde forçada a dividir
os bens com os filhos adulterinos.
Generalizou-se uma caudalosa difusão de anticoncepcionais e preservativos
em praticamente todas as nações, com o patrocínio habitual
do Estado. A pretexto de combater a Aids, essa difusão se realiza com
a insolente obsessão de querer fazer sentir à população
que a imoralidade tem direitos, mas a moralidade não.
Em nenhum país da América Latina os governantes pensam em promover
a castidade como único meio eficaz de impedir a expansão da Aids,
embora em muitas nações a distribuição de preservativos
e o conseqüente aumento da promiscuidade sexual não tenham feito
senão aumentar o número dos afetados pela doença.
Vão sendo também promulgadas, mais ou menos em todos os países,
leis de proteção aos chamados “direitos sexuais e reprodutivos”,
cujo papel verdadeiro é promover as formas mais licenciosas e agressivas
de vida sexual, para todas as idades e condições, bem como impedir
toda coerção — inclusive a dos pais que desejam preservar
a retidão moral dos filhos —, procurando fazer com que as mais
diversas aberrações e taras passem a ser consideradas como simples “opções” pelo
comum da população.
Aborto: a matança de inocentes estende-se pelo
mundo
Embora o aborto tenha sido legalizado em quase toda a Europa
e na América
do Norte, ainda não o foi em muitos países latino-americanos.
Nestes, contudo, existem projetos de lei e reiteradas tentativas de aprová-lo,
e em vários se teme que o seja num futuro próximo. No que tange à tolerância
com a prática do aborto clandestino, ela se estende por toda parte,
praticamente sem medidas policiais nem judiciais para impedi-lo. Pior ainda,
em várias nações ele vai sendo introduzido sub-repticiamente,
sem que se produzam maiores protestos.
No Brasil já não são punidos legalmente, e até são
oficialmente incentivados, o denominado aborto terapêutico e aquele autorizado
para os casos de violação da mulher. Ambos absolutamente ilícitos
e criminosos, por consistirem na privação da vida de um inocente.
Com eles se introduz a prática desse crime a título supostamente
de exceção, mas sem o menor rigor para conferir, ao praticá-lo,
se efetivamente houve estupro ou mal formação do feto.
Mais ainda, sob a alegação de que se discute se a “pílula
do dia seguinte” é ou não abortiva — embora seja óbvio
que o é, pois ao administrá-la estabelecem-se condições
que tornam impossível a subsistência do óvulo já fecundado — generaliza-se
a sua difusão. Em diversos países ela é distribuída
gratuitamente pelo Estado a todas as mulheres interessadas em tomá-la,
em especial às jovens, o que em muitos casos viola sentenças
judiciais que proíbem tal prática, acentuando também,
gravemente, a degradação moral da sociedade.
Aliança mundial pró-aborto
Cartaz
a favor do aborto na Argentina. Uma das frases diz: "Se o papa
fosse mulher, o aborto seria lei" |
Há em todos os quadrantes poderosas forças abortistas que, sem
contar embora com muitos aderentes, estão conectadas internacionalmente
com ativistas enquistados no seio da ONU e de numerosos governos, em geral
sob o pretexto de pseudo-direitos da mulher. Tais forças freqüentemente
atuam como ativistas em colaboração com governos de esquerda.
Essa ação chega à audácia de pretender que entre
os direitos da mulher se incluiria o de “dispor do próprio corpo”,
alegando que quando ela está grávida o filho que ainda não
nasceu é parte do seu corpo; ou seja, negando ao filho não só a
vida, mas também a própria natureza humana individuada.
A ONU realizou diversas convenções mundiais nas quais se firmaram
acordos cada vez mais favoráveis ao aborto, qualificando-o de um “direito
humano” que deve ser defendido, a fim de forçar os países
signatários a que o introduzam nas suas legislações; e
são constantes as pressões nesse sentido.
Isso chega ao auge com a qualificação do aborto como um meio
de “anticoncepção de emergência”, isto é,
fica legalmente autorizado para os casos em que a mulher grávida não
tenha usado eficazmente os meios anticonceptivos — alegação
a que sempre poderá recorrer qualquer mulher que deseje desfazer-se
criminosamente do filho que engendrou.
Numa palavra, enquanto uma aliança mundial de abortistas exerce pressão
sobre cada nação para que legalize esse crime, o conjunto da
população, que o recusa totalmente, não tem a menor idéia
sobre essa conspiração e simplesmente abstém-se de intervir
contra ela na vida pública, e mesmo de interessar-se por ela. Pelo que
sua resistência ao processo de degradação é apenas
de inércia, não se ouvindo vozes de alerta em número suficiente
para frear o avanço da imoralidade.
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Veja:
http://www.catolicismo.com.br/
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