A revolução sexual destrói a família


07/11/2005

Alfredo MacHale

A falácia da não-discriminação das “minorias sexuais”


Discussão sobre o papel da mulher na sociedade moderna, no Vasanta College, escola feminina em Rajghat, Índia. A tendência de constestar o papel tradicional dos sexos visa implantar uma nova cultura sem normas nem princípios morais
 

Os promotores dessa torrente de aberrações sabem naturalmente que, com o tempo, ela poderá provocar reações capazes de freá-la. Como enfrentar de antemão esse risco? Como dificultar ao máximo o surgimento e a atuação dessas reações? Resposta: pôr em prática a tática da “não-discriminação”.

Começaram pedindo simples tolerância em relação às “minorias sexuais” — prostitutas, homossexuais, lésbicas, travestis, etc. — alegando maus tratos e crimes de que tais categorias seriam vítimas. Depois passaram a exigir igualdade absoluta entre tais minorias e o grosso da população em matéria de postos de trabalho ou estudo, o que rapidamente se converteu na exigência de um status privilegiado proibindo as discriminações com base na opção sexual.

Assim, em numerosas nações um pai de família que se negue, por exemplo, a contratar um homossexual como professor para seus filhos arrisca-se a sofrer denúncias policiais, processos judiciais e inclusive prisão, sob alegação de que a negativa foi causada pela opção sexual do postulante. O mesmo poderá suceder com o diretor de um colégio que prefere não admitir um homossexual como professor, e muitos outros casos análogos.

Vai-se com crescente êxito pleiteando que se destine a essas “minorias sexuais” uma determinada proporção de postos de trabalho em organismos públicos, nos estabelecimentos educacionais; e como sempre tais minorias alegam um número muito maior de adeptos do que a realidade, terminam pedindo e conseguindo um status claramente privilegiado em comparação com a população normal.

A promoção do “casamento” entre pessoas do mesmo sexo

Outro aspecto da revolução sexual é a promoção da homossexualidade, exagerando o número dos que se entregam a essa prática viciosa. Não só se realizam atos públicos de propaganda do vício contra a natureza, aumentando-lhe a verdadeira dimensão, como se chega a apresentar o conjunto de seus adeptos como um mercado potencial que as empresas comerciais estariam disputando.

Pede-se para eles impunidade, quando não proteção, também sob o argumento de que muitos deles “nasceram assim”, e que portanto não têm culpa; exigem para eles as condições de vida mais vantajosas, o que equivale a um privilégio para os que praticam o vício.

É claro que, pela doutrina católica, os que possuem tendências desviadas, mas as combatem e praticam a castidade, são pessoas dignas. Mas o primeiro passo para isso é, evidentemente, reconhecer sua má tendência. Não é essa, infelizmente, a orientação inculcada por esses movimentos que fazem da homossexualidade uma bandeira induzindo claramente à prática do vício contra a natureza.

Em suma, transforma-se em alvo de admiração social o que antes era objeto de justa execração, blindando-o de qualquer ataque e prestigiando-o tanto quanto possível.

Assim, aos grupos sodomitas é permitido atacar odiosamente como homófobos personagens de primeira plana, inclusive altos prelados e chefes de Estado, como se o vício tivesse direitos, e a autoridade não. E alguns nem se esforçam em ocultar o ódio, porque sentem parte da opinião pública suficientemente deteriorada para não recusar a voz do vício, preferindo-o à defesa da moral.

Atualmente não há país latino-americano que não seja cenário dessa campanha em prol da homossexualidade, e onde, como conseqüência, não estejam em debate projetos de lei para favorecê-la. E constantemente dão-se fatos que provam o esforço mancomunado de governos e ativistas, desenvolvendo nesse sentido todos os favores da tolerância e os recursos da propaganda.

O Estado opressor usurpa o pátrio poder

Obviamente, para demolir a família e perverter crianças e jovens, cumpre aniquilar o pátrio poder, pois na maioria dos casos os pais desejam que seus filhos se mantenham dentro de certa correção, dão-lhes formação e lhes impõem disciplina. Para isso os inimigos da família aproveitam-se de casos em que os progenitores não cumprem os seus deveres ou se excedem em relação aos filhos. Vão se tornando freqüentes projetos de lei que facultam a intromissão de funcionários estatais no âmbito da família. Criam-se organismos de “proteção ao menor”; colocam-se em colégios agentes que pervertem os menores, e em seguida os “conscientizam” sobre como se “defenderem” de suas famílias; promulgam-se leis que garantem às adolescentes o acesso a anticoncepcionais e ao aborto sem conhecimento dos pais; estabelecem-se sistemas de proteção aos menores portadores de desvios sexuais, para que evitem castigos e resistam a se submeter aos tratamentos que seus pais lhes queiram impor, etc.

Desse modo os agentes da perversão de menores ficam protegidos pela lei, e os seus defensores naturais imobilizados, tudo num clima de extremo permissivismo, completa falta de formação e geral apatia. Com isso as mais importantes instituições vão se desfazendo, e as almas lançando-se em tropel no pecado.

Verdadeira revolução em nome da ideologia de gênero


A adoção de crianças está deixando de ser exclusiva de casais normais como o da foto. Na Espanha, pseudo-casais homossexuais já gozam desse "direito"

Por detrás dessas audazes reivindicações, dessa série de pseudo-direitos da mulher — ao mesmo tempo que da negação de seus mais altos atributos —, do desejo de transformar os adeptos das piores aberrações numa verdadeira classe privilegiada com o fim de difundi-las, oculta-se uma ideologia. Que ideologia é essa?

Trata-se de um marxismo reciclado, que utiliza pretextos diferentes dos anteriormente utilizados em favor do comunismo, mas que conserva a mesma sanha para acabar com a tradição cristã, a família, a propriedade privada e toda forma de hierarquia na ordem social. É a chamada ideologia de gênero, surgida nos anos 70 nos meios acadêmicos de vanguarda dos EUA. Procura dar apoio pretensamente intelectual à revolução sexual em curso, com vistas a transformar o feminismo numa força revolucionária de extrema radicalidade.

Durante anos ela foi cultivada em círculos reservados, para em seguida ter uma difusão progressiva graças a importantes universidades, nas quais se enquistou, e a poderosas fundações privadas que lhe financiam a expansão e as atividades. Utiliza amplamente os meios de comunicação, que a difundem por toda parte, especialmente no mundo dito desenvolvido.

De algum tempo para cá, começou-se a usar cada vez mais a palavra gênero em lugar de sexo, mas de início não eram muitos os que conheciam a razão da mudança. No fundo, trata-se de eliminar a idéia de que os seres humanos se dividem em dois sexos, como foi estabelecido por Deus e é inerente à natureza humana.

Segundo sustenta essa ideologia, não existem dois sexos, mas pelo menos cinco gêneros (enquanto não apareçam outros, em virtude das novas taras que vão surgindo): o heterossexual masculino, o heterossexual feminino, o homossexual, a lésbica e o bissexual. A todos essa corrente considera legítimos, recusando que uns sejam aprovados e outros não.

Mais. Tal corrente afirma que os dois sexos seriam meras “construções sociais”, ou seja, teriam surgido não da mesma natureza humana, mas de convenções e imposições culturais que agora importaria desconstruir — isto é, eliminar — supostamente para defender a “dignidade da mulher”. Desconstruídos os sexos e impostos os “gêneros”, cada pessoa teria que optar por algum dos cinco acima mencionados ou por alguma outra “novidade” que apareça, sem que ninguém possa pressioná-la ou condicioná-la a favor ou contra qualquer deles.

A partir da IV Conferência Mundial da ONU sobre a Mulher, realizada em setembro de 1995 em Pequim, a “ideologia do gênero” se estendeu vertiginosamente, favorecendo o aborto, a homossexualidade, o lesbianismo e todas as formas de sexualidade fora do casamento.

Seu fim é implantar uma nova cultura sem normas nem princípios, de tolerância extrema para com o pecado, que exclua o casamento e a família; que aceite as piores práticas sexuais, em especial as antinaturais, tentando relegar a fidelidade e a fecundidade conjugais — e, no fundo, a própria família — a meras recordações.

Para isso afirma a necessidade de “desconstruir os papéis socialmente construídos” em matéria de sexualidade — ou seja, traduzindo: modificar totalmente os papéis do homem e da mulher tais como se exercem há séculos — para impor outros sem relação alguma com a natureza humana, e inclusive contra ela. Advoga também a promoção da “livre escolha em assuntos de reprodução e de estilo de vida”, o que significa o aborto livre e a legitimação e promoção da homossexualidade, do lesbianismo e de outras formas aberrantes de sexualidade.

Contra a instituição familiar e a Religião católica


A família e a Religião católica são alvos favoritos dos protestos homossexuais nos quais trajes episcopais são escarnecidos

O “feminismo de gênero” considera que a família e o trabalho do lar são “cargas negativas” para os “projetos profissionais” da mulher, querendo que ela se emancipe e viva sempre em função de outros papéis na sociedade. Por isso deseja desconstruir a educação presente e impulsionar outra educação supostamente liberadora. Esta é vista como uma estratégia importante para mudar os preconceitos sobre os papéis do homem e da mulher na sociedade, para assegurar que meninas e meninos façam uma seleção profissional “informada” [pelas feministas, obviamente], e não com base nos tradicionais preconceitos sobre o gênero agora vigentes. (Cfr. Dale O’Leary, “The sacraments and authentic womanhood” em http://www.catholic-pages.com/dir/feminism.asp).

Assim, as meninas, segundo essa ideologia, devem ser orientadas sempre para áreas não tradicionais, não se lhes devendo expor a imagem da mulher como esposa ou mãe, nem tampouco colocá-las para exercer as atividades femininas habituais, pois do contrário muitas escolheriam espontaneamente essa forma de ser, que o feminismo radical pretende erradicar.

No intuito de equiparar o papel feminino natural e tradicional com as perversões contrárias à natureza, figuram como prioritários na agenda do “feminismo de gênero” não apenas os “direitos reprodutivos” da mulher lésbica, mas o “direito” das duplas lésbicas de conceber filhos mediante inseminação artificial, e a adoção legal destes quando não os têm.

Este ataque à família e à maternidade estende-se obviamente à religião. Para o “feminismo de gênero”, embora pareça grotesco, a religião não é senão uma invenção dos homens para oprimir as mulheres. Ataca muitas religiões, mas é ao catolicismo que denigre mais intensamente, acusando-o de impulsionar o abuso infantil e a suposta opressão da mulher. É uma mal-disfarçada “cruzada” anti-católica.

A ideologia de gênero, seja em sua forma radical ou atenuada, produziu incontáveis dramas: rompimento de casamentos, violência doméstica, abusos e violências sexuais (intra e extra-familiares), pederastia, esterilizações cirúrgicas maciças de jovens, abortos, aberrações sexuais de toda espécie etc. Pior do que isso, vai inspirando a demolição radical da família, principalmente no mundo cristão, lançando-o numa degradação moral sem precedentes. Por exemplo, na Espanha, a cada quatro minutos desfaz-se um casamento, e a cada sete pratica-se um aborto. Como se tudo isso não bastasse, o Estado ainda lança o pseudo-casamento homossexual, inclusive com a possibilidade de adoção de crianças, as quais ficam assim expostas a serem totalmente pervertidas. Isto porque o governo socialista adota a ideologia de gênero, promovendo-a através do aparelho estatal. Nesse sentido, já anunciou para o próximo ano letivo uma nova matéria obrigatória sobre educação sexual, baseada justamente na referida ideologia.

Utilizar a palavra gênero, no linguajar moderno, não é apenas sinal de moda ou de aggiornamento; por detrás desse termo esconde-se uma ideologia malsã, que abre caminho nas consciências e na sociedade para instalar uma cultura cada vez mais andrógina ou unissex. Trata-se de uma revolução extrema, visando instaurar uma contracultura que exclua o casamento, a maternidade e a família, aceitando todo tipo de práticas sexuais.

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Veja:
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