Ano de tsunamis materiais e morais
09/01/2006
Luis Dufaur
Escândalos desviam a atenção
do descontentamento geral
A
partir de maio, a opinião pública foi atraída por uma
enxurrada de escândalos. Começou com denúncias de corrupção
nos Correios, seguida pelas acusações do mensalão, valerioduto,
Caixa 2 e várias outras. Verificou-se então a formação
de rumorosas CPIs no Congresso Nacional, bem como tentativas do governo para
abafá-las.
Corrupção administrativa, desvio de fundos públicos,
crimes obscuros como os assassinatos dos prefeitos de Santo André e
Campinas e financiamentos ideológicos externos — como teriam sido
os de Cuba ou das FARC — são ingredientes que não faltam
em revoluções socialo-comunistas, violentas ou democráticas.
Mas a extensão de acusações fundadas e suspeitas levantadas
contra o PT arrepiaram o País. Elas se agravaram quando, por detrás
dos escândalos, emergiram os objetivos ideológicos da conduta
petista. O Brasil, durante meses a fio, se estarreceu com a amplitude dos escândalos.
-Volta à tona o anticomunismo tranqüilo
do Brasil
A tensão ideológica foi se avolumando ao estrépito
dos escândalos. Foram freqüentes qualificativos como "stalinismo", "leninismo" ou "sovietismo" aplicados
a um PT dominad qo pela sua Corrente Majoritária ou "bolchevista".
Como as invasões de terras e de casas são altamente impopulares,
os invasores rurais, urbanos e indigenistas pactuaram uma "trégua" para
não desprestigiar ainda mais o governo do PT e promoveram atos de apoio
ao Presidente Lula.
Em outubro realizou-se o referendo sobre a proibição da comercialização
de armas e munições. Ideólogos e "teólogos" socialo-comunistas,
agitadores das reformas de estrutura, esfregavam as mãos. Os cidadãos
honestos desarmados não teriam mais condições de resistir,
material e psicologicamente, à ofensiva revolucionária. A tarefa
para a cubanização do País ficaria assim facilitada. A
CNBB propôs ao clero pedir o voto pelo SIM em todas as missas do domingo
imediatamente anterior à votação.
O Brasil silencioso, profundo e não ouvido mostrou contudo uma vivacidade
calma, uma lucidez rápida para perceber a armadilha do SIM. A virada
foi veloz e contundente. Dos anunciados 70% ou 80% a favor do SIM se chegou à “virada” para
o NÃO: 64% pelo NÃO contra 36% pelo SIM. O pêndulo da opinião
pública balançou para o conservadorismo. E o desfecho fez vaticinar
efeitos análogos e duradouros em outros campos da vida nacional.
-Fim de 2005: terremoto no PT e polarização ideológica
Mídia e políticos tomaram ares de terem esquecido essa manifestação
do eleitorado e a sarabanda dos escândalos, e no centro das atenções
foi colocada a cassação do ex-ministro José Dirceu. As
idas-e-vindas da cassação foram consideradas por muitos como
sintoma para se medir o grau de instrumentalização do Judiciário
pelo Poder Executivo. Pesquisa da Associação de Magistrados Brasileiros
(AMB) revelou que o Supremo Tribunal Federal (STF) é considerado pela
maioria dos juízes como "a instância da Justiça a
mais parcial do País".(11)
A votação do relatório final da CPI da Terra serviu de
indicador da tensão ideológica no Brasil. Contra todas as provas
coletadas pela CPI, o relator João Alfredo (PSOL, dissidência
do PT) apresentou um texto virulento contra os proprietários e altamente
elogioso ao MST. A maioria dos deputados da CPI recusou esse texto e aprovou
outro. Este recomenda indiciar as cooperativas ligadas ao MST e pede o ressarcimento
dos danos causados ao patrimônio público. No ato, a senadora petista
Ana Júlia Carepa, aos gritos, chamou os proprietários de "assassinos" e
rasgou o documento oficial da CPI.(12) No dia seguinte a CPT (Comissão
Pastoral da Terra) emitiu violento e provocador comunicado contra o texto da
CPI e contra os proprietários.(13)
Outro exemplo de polarização foi a acirrada oposição
entre grupelhos abortistas e numerosos defensores da vida, presentes às
reuniões da Comissão da Seguridade Social e Saúde da Câmara
que tentou, sem sucesso, aprovar em dezembro o projeto de descriminalização
do aborto.
O PT e a esquerda católica empenharam-se durante décadas para
montar a enorme máquina que tenta jugular o Brasil. No final de 2005,
esse dispositivo encontra-se desconjuntado e desmoralizado, mas ávido
de retomar a revolução. E o País, que iniciara 2005 já agastado
pela arrogância socialista, no fim do ano dava sinais de enfurecimento.
Disto foi revelador e simbólico o quase folclórico episódio
das bengaladas do escritor Yves Hublet no ainda deputado José Dirceu.
Um parlamentar confidenciou que, se o líder petista não fosse
cassado, "seríamos 513 deputados tomando bengaladas pelo País
afora".(14)
-E o Brasil em 2006? Merecerá ainda o nome de País católico?
Na virtual incapacidade de fazer que o Brasil aceite uma utopia
deletéria,
igualitária e miserabilista, o que tentará a revolução
empreendida pelo PT e pela esquerda católica em 2006?
Uma aventura? Qual?
Se o quadro internacional é imprevisível para 2006, tanto mais
assim se afigura o panorama nacional. A perspectiva das eleições,
a indigência ideológica de políticos de oposição
como alternativa para o PT e o PSDB, a ambição utópica
do PT de se perpetuar no poder, suas tendências inatas para se aproximar
de Castro e de Chávez, apresentam um emaranhado tumultuado de possibilidades
indecifráveis.
Então, não haveria solução para
o Brasil?
As possibilidades de que em 2006 o Brasil adote um caminho
digno da sua missão
histórica deveriam repousar, mais do que nunca, nas mãos dos
membros do Episcopado Nacional. Se os senhores Bispos pregassem destemidamente
que o socialismo é incompatível com a doutrina da Igreja; se
iniciassem uma cruzada pela prática séria e corajosa dos Mandamentos
da Lei de Deus; se denunciassem os movimentos propugnadores do caos, que até hoje
vicejam impunemente à sombra do nome católico, o futuro do Brasil
não seria o desse caos nem das trevas, que caracterizam o moloch socialista.
Entretanto, a atitude da CNBB e de tantos senhores Bispos durante o ano de
2005 não faz prever nada nessa linha para 2006.
Resta pois apelar aos católicos fiéis à doutrina tradicional
da Igreja, e aos brasileiros de bom senso de modo geral, para que não
se deixem embalar pelas iníquas promessas do socialismo, mesmo quando
revestidas de rótulo religioso. Que continuem a defender a família,
a propriedade privada; a combater o aborto, o “casamento” homossexual
e tantos males de que o Brasil se vê ameaçado; a não se
deixar enganar pela quimera de uma “Reforma Agrária” socialista
e confiscatória.
A graça divina não abandonará os que lutam pela Civilização
Cristã. Nossa Senhora Aparecida, Rainha do Brasil, os protegerá.
-Religião e cultura:
Desmoronamentos rumo ao "homem-nada"
O irracional
e o absurdo invadiram meandros impensáveis da vida quotidiana.
Nisso houve um método, que viso
achincalhar a imagem de Deus impressa na alma
humana e banir sua irradiação na Terra.
1º de janeiro: dois turistas de tanga bebericavam uma cerveja numa praia
da Tailândia, tendo ao fundo um amontoado de entulho, árvores
desgarradas e, quiçá, cadáveres. Dias antes o local fora
atingido de cheio pelo tsunami. A contradição entre a tragédia
e a ficção de não percebê-la pôs em evidência
uma tendência que em 2005 atingiu um paroxismo: a entrada da irracionalidade
na vida quotidiana.
Homens-bomba e atentados
suicidas constituíram manifestação
mais proeminente do irracional como instrumento de demolição
da ordem. Mas foram apenas a ponta do iceberg. As políticas "alternativas" apelaram
largamente para o disparate e o apalhaçado. Nisso destacaram-se os grupos
e líderes "anti-globalistas" que se reuniram no início
de 2005 em Porto Alegre.
Bem analisado, houve lógica na aparente loucura de 2005: tentar erradicar
a cultura e a ordem na Terra e rebaixar o ser humano, que Deus fez à sua
imagem e semelhança, para colocá-lo abaixo dos animais. E instalar,
em lugar da ordem, uma anti-ordem, em tudo contrária à hierarquia
harmoniosa de seres que Deus instituiu no Universo. Recapitulemos.
-Irracional até no Poder Judiciário
Em março, morreu cruelmente de sede Terry Schiavo, uma doente inerme
condenada por todas as instâncias judiciais norteamericanas. O clamor
da opinião pública mundial, em nome do sagrado direito à vida
e dos deveres básicos para com uma inválida, foi acintosamente
contrariado em todos os níveis do Judiciário.
O diário “ABC” de Madri denunciou a enxurrada de decisões
esdrúxulas de juízes espanhóis, à procura da celebridade
ou da imposição de sua ideologia. Para isso, contrariaram princípios
gerais do Direito, declararam alegremente anticonstitucionais leis que não
serviam a seus propósitos, e demoliram assim o próprio fundamento
do Poder Judiciário.
Nos EUA, as esquerdas recorreram
a juízes ideologizados para sancionar
ou anular tudo o que não conseguiam modificar pelas vias democráticas
próprias. Foi o caso de decisões em favor do "casamento" homossexual
em vários Estados.
Abismo do "casamento" homossexual
atraiu outros abismos
Após o Supremo Tribunal de Massachusetts, EUA, aprovar o "casamento" homossexual,
quatro legisladores estaduais introduziram projeto para liberalizar a bestialidade.
E a administração estadual aboliu o uso dos termos "marido", "mulher", "pai" e "mãe",
substituindo-os por "parte A", "parte B"; "genitor
A" e "genitor B". No vizinho Canadá, em Ontário,
mandou-se tirar dos registros oficiais as palavras "esposo", "esposa", "viúvo", "viúva" e "pessoas
de diferente sexo".
A Holanda, após aprovar o “casamento” homossexual, registrou
legalmente um "casamento a três" e passou a estudar a legalização
da eutanásia até para bebês. Nesse mesmo país, um
cidadão matou a sua mãe, arrancou-lhe a pele e passeou vestido
com ela no Carnaval, como se tudo agora estivesse permitido.
Marinha
Real: marujos homossexuais |
Na Inglaterra, a Marinha
Real apelou para um lobby homossexual a fim de recrutar marujos. Na França, um transexual e um travesti apresentaram-se cinicamente
ante as autoridades para se "casarem".
Exemplos de modas achincalhantes no ano
piercing... |
Virou moda em Nova York
realizar "festa de divórcio", comemorando
assim o que antes era uma vergonha e um fracasso. Outra moda foi a do The Happy
Slap em Londres: adolescentes golpeiam as pessoas na rua, filmam a cena com
celulares e depois trocam gravações para "entretenimento".
Após piercing e tatuagens, entraram os implantes metálicos sob
a pele e a aberração de cortar a língua em dois, a fim
de parecer serpente. Uma igreja subterrânea promove essa moda: The Church
of Body Modification
e a
aberração de cortar a língua em dois |
Em matéria gastronômica, a nouvelle nouvelle cuisine empenhou-se
em "desconstruir" a culinária francesa apelando para produtos
pré-fabricados, matérias-primas comuns ou vulgares e extravagâncias
como molho em pó, que se aspira direto pelo nariz com um canudo.
Ecologismo militante contra o homem
Em conseqüência de leis ecologistas insensatas, na Amazônia
chegou-se a contar 2.000 espécimes de jacaré-açu em 1
quilômetro de rio. Nos Alpes, lobos passaram a depredar os rebanhos de
ovelhas. A cidade de Caldas, no sul de Minas, sofreu cortes freqüentes
de energia, danificação de telefones e telhados, devido à invasão
de maritacas, tirivas e periquitos, pois é proibido caçá-los.
Muitos animais e aves, outrora domésticos, não podem ser mantidos
em casa devido a leis ecológicas, sendo substituídos por bichos
exóticos como as serpentes boa-constrictor e piton, o canguru e a iguana.
Na Bahia, a Promotoria
do Meio Ambiente requereu habeas corpus para um chimpanzé do
Zoológico, alegando que ele tinha "direitos humanos".
Em nome dos direitos dos
animais, a prefeitura de Roma proibiu a venda de aquários redondos e obrigou os proprietários a passearem seus
cães no mínimo uma vez ao dia. A cidade de Turim dispôs
o mesmo, mas ali a absurda obrigatoriedade é de pelo menos três
vezes ao dia, sob pena de multa de 500 euros. Em Blackpool, Inglaterra, os
burros que conduzem turistas ganharam "direitos trabalhistas". E
uma simples camponesa, na Galícia (Espanha), recebeu multa de 6.000
euros por chicotear seu burro.
Na Internet, a DogCatRadio
começou a transmitir este ano exclusivamente
para aliviar a solidão de cães e gatos. Entre janeiro e outubro
de 2005, foram lançados no mundo 465 produtos para cães e gatos
mimados. Entre estes, produtos para lhes tingir o pelo de cor dourada, laranja,
rosa, bronze ou azul; pintar-lhes as unhas com esmaltes especiais para caninos
e felinos; águas de colônia, talco perfumado e creme solar exclusivos
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Veja:
http://www.catolicismo.com.br
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