O Royal Soleil, galeão de Luís XIV
23/06/2006
Plinio Corrêa de Oliveira
Palácio flutuante, triunfo da graça e da elegância
nos mares
Este é um navio francês do Ancien Régime –– o
Royal Soleil (Sol Real), um galeão luiscatorziano lindíssimo,
elegantíssimo, com grandes velas, verdadeiro palácio esculpido
em madeira para singrar os mares, um Versalhes ambulante, um Grand Trianon
flutuante.
Maquete
do Royal Soleil |
Imaginemos essa embarcação de manhãzinha, no porto de
Brest ou do Havre, no meio das brumas. A tripulação entra e começam
os preparativos para a partida. Em determinado momento, ouve-se uma música.
Na proa do navio, os homens tiram os tricórnios (chapéus com
três pontas) com plumas; e as senhoras, usando saias-balão, fazem
grandes saudações. Aqueles que estão no cais respondem
do mesmo modo. Depois, adeuses com lenços delicados, e o navio vai afastando-se,
mas em terra ainda se ouve algo da música que a bordo se toca.
O
Rei Luís
XIV
|
O Royal Soleil entra no alto mar, até perder-se completamente no horizonte
de um dia calmo, esplendoroso. No mar plácido, o Royal Soleil constitui
uma espécie de triunfo da graça, da elegância, cortando
os obstáculos e as ondas. É a força do homem dominando
os mares, como Luís XIV reinava sobre a França.
Vemos nisso uma atmosfera
de vitória. É a graça e a elegância
dominando a técnica, e quase disfarçando-a, mas apoiando-se nela
para vencer o mar –– esse elemento indômito –– e
afirmar a sabedoria do homem.
No tombadilho, pode-se
imaginar a presença de pessoas solenes, elegantes.
Por exemplo, um duque que virá a ser governador do Canadá, que
passeia empunhando uma bengala com castão de marfim. Caminha olhando
para o mar, aspira uma pitada de rapé, e depois observa uma gaivota.
Uma corte de admiradores o circunda, ele é dentro do Royal Soleil o
que o galeão é nos mares. São círculos concêntricos
de brilho, de dominação e ordem.
O Royal Soleil combatendo
navios ingleses |
O Royal Soleil, flutuando
sobre a incerteza das ondas e dos abismos marítimos,
afirma a superioridade do espírito sobre a matéria. O homem pequenino,
do ponto de vista material, encontrou assim na sua alma um modo de vencer a
matéria. Quanto a alma é mais do que o corpo! Quanto o espiritual
supera imensamente o material! Quanto o que é eterno vale mais do que
o contingente! E quanto, portanto, é apropriada a evocação
de Deus pairando sobre o caos primitivo –– dominando o universo
como o Royal Soleil subjuga os mares –– pondo tudo em ordem, e
diante do qual nada resiste. Todas as desordens se aniquilam, se dissolvem,
e se estabelece a ordem pelo império da vontade divina.
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Excertos de conferência proferida pelo Prof. Plinio Corrêa
de Oliveira, em 19 de agosto 1973.
Sem revisão do autor.
Veja:
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