Revolução Cultural: oposição radical à sabedoria


01/03/2006

Dom Luiz de Orleans e Bragança
Chefe da Casa Imperial do Brasil

Renascença: berço da Revolução


Exemplo típico de homem renascentista foi o Rei de França, Francisco I

O tipo humano ideal da Renascença não é mais o santo ou o cavaleiro cristão forte, sério, sacral e vivificado pela vida da graça, mas um homem que eliminou a vida sobrenatural: inteligente, fino, culto, forte, belo, bom guerreiro, dançarino exímio, alegre, que só pensa na felicidade terrena, e não mais em conquistar o Céu. A sensualidade manifesta-se nos reis, especialmente pela adoção de concubinas oficiais. Exemplo típico de homem renascentista foi o Rei de França, Francisco I.

A sabedoria cristã foi aos poucos sendo substituída por uma mentalidade naturalista. Nosso Senhor Jesus Cristo não era mais o modelo perfeito de todos os homens, cedendo lugar ao neopagão da Idade Moderna.

Orgulho e sensualidade


Estátuas dos pseudo-reformadores protestantes em Genebra

A exacerbação dos vícios do orgulho e da sensualidade, que se instaurou na Renascença, não podia ficar apenas nas tendências. Deveria também se manifestar nas idéias e nos fatos. O racionalismo de pensadores como Descartes, que superestimavam o poder da razão, deveria desembocar no iluminismo do século XVIII, no deísmo, e finalmente no comunismo dito científico.

O orgulho que odeia toda superioridade, e a sensualidade que rejeita toda lei, provocaram no século XVI a Pseudo-Reforma protestante, que deu origem ao espírito de dúvida, ao livre exame e à interpretação naturalista da Sagrada Escritura, à negação do caráter monárquico da Igreja Católica, à supressão, em algumas seitas, da aristocracia eclesiástica (os bispos), e em outras à abolição do sacerdócio hierárquico, para conceder todo poder à comunidade dos fiéis. E, no campo moral, à abolição do celibato eclesiástico e à introdução do divórcio.


Luís XVI, Rei de França, guilhotinado em 1793

Dois séculos mais tarde, as mesmas paixões desordenadas produziram a Revolução Francesa. Com o lema “Liberdade, Igualdade, Fraternidade”, tal revolução se insurgiu contra as desigualdades no campo sócio-político. De modo análogo ao protestantismo, revoltou-se contra o Papado. Derrubou a monarquia na França, conhecida como o Reino Cristianíssimo, procurando abolir a nobreza, como o protestantismo fez com o Episcopado, e instituiu o sufrágio universal.


A Revolução Francesa derrubou a monarquia na França e procurou abolir a nobreza

Segundo os revolucionários franceses, o poder não mais viria de Deus, mas do povo; a única forma de governo legítima seria a República. No campo religioso e moral, a Revolução Francesa instituiu o deísmo – uma forma de ateísmo mitigado ––, a submissão da Igreja ao Estado mediante a Constituição Civil do Clero, além do casamento civil e o divórcio. Os costumes e os trajes tornaram-se sumamente imorais no período em que esse movimento atingiu a maior virulência. Sua influência provocaria no Ocidente a queda de quase todas as monarquias, e seus ímpios princípios difundiram-se praticamente por todo o mundo.

Ataque à ordem sapiencial

O Prof. Plinio Corrêa de Oliveira afirma que “as tendências desordenadas se desenvolvem como os pruridos e os vícios, isto é, na medida em que se satisfazem, crescem em intensidade. As tendências produzem crises morais, doutrinas errôneas, e depois revoluções. Umas e outras, por sua vez, exacerbam as tendências. Estas últimas levam em seguida, e por um movimento análogo, a novas crises, novos erros, novas revoluções”.(7)

Segundo essa dinâmica, o igualitarismo e a sensualidade exacerbados produziram, no começo do século XX, mais uma revolução: o comunismo, profundamente ateu. Sob a denominação de materialismo científico, este investiu contra as últimas desigualdades no campo sócio-econômico, abolindo a propriedade privada e a livre iniciativa, submetendo ao Estado todos os bens materiais e toda a produção; e, no campo dos costumes, facilitou de tal maneira o divórcio, que praticamente estabeleceu o assim chamado “amor livre”.

Essas três revoluções constituíram um imenso pecado contra a ordem sapiencial posta por Deus na criação. Suas doutrinas eram frontalmente contrárias aos ensinamentos da Igreja Católica, e por isso representaram imenso pecado contra a sabedoria divina, ocasionando efeito profundamente deformante nas mentes humanas. Nesse sentido, tais revoluções já poderiam ser chamadas “revoluções culturais”.

Entretanto, elas não negavam o primado da razão sobre as outras potências da alma. Pelo contrário, exageravam o papel da razão. No protestantismo, esta era como que a intérprete última da Sagrada Escritura. Na Revolução Francesa, a razão humana foi até adorada como deusa. E no comunismo, o planejamento estatal consistiu num auge do racionalismo, pois pretendia dirigir todas as atividades humanas segundo esquemas preestabelecidos.

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