Revolução Cultural: oposição radical à sabedoria


01/03/2006

Dom Luiz de Orleans e Bragança
Chefe da Casa Imperial do Brasil

Revolução da Sorbonne


Cena da revolução de maio de 1968 na França

Foi a revolta estudantil da Sorbonne, de maio de 1968, que lançou a subversão no próprio âmago da alma do homem e iniciou o que podemos chamar o auge da Revolução Cultural. Seus lemas –– Nem Deus, nem senhor; É proibido proibir; A imaginação tomou conta do poder ––eram profundamente anárquicos e levavam o igualitarismo radical até às potências da alma humana.


Outra cena da revolução de maio de 1968 na França

Não é mais a inteligência iluminada pela fé que deve dirigir a vontade, e esta dominar a sensibilidade: as paixões desordenadas se impõem a uma vontade débil e a uma inteligência embotada; os impulsos primários determinam o comportamento humano; o desbragamento sexual mais exacerbado, a “música” mais alucinante, as drogas, os trajes mais extravagantes foram apresentados como lícitos e normais. Portanto, estabelecia a anarquia na alma humana, nos costumes, nos modos de ser, na arte e na cultura, bem como na organização social.


O Estruturalismo de Claude Lévi-Straus inspirou a revolução de maio de 68

O Estruturalismo de Claude Lévi-Straus e a doutrina do pseudo-filósofo Marcuse, que inspiraram essa revolução, propunham como ideal de sociedade o sistema tribal, vigente em grande parte das Américas e da África pré-coloniais, no qual tudo era comum. Não havia hierarquias sociais, sendo a tribo dirigida por pajés, que interpretavam de modo ocultista tendências mais ou menos subconscientes dos membros da comunidade. A religião consistia numa crença em forças da natureza, que se manifestavam de modo misterioso e eram captadas pelos feiticeiros. O eterno perambular pela selva, sem rumo definido, era o ideal. A civilização, por ser nefasta, devia ser completamente abolida.

Era o auge da revolta do homem contra a sabedoria e contra os seus reflexos na sociedade.

Influência da revolta estudantil

Contudo, a opinião pública mostrou-se avessa a tal revolução anárquica. Uma manifestação de mais de um milhão de pessoas nos Champs Élisées, em Paris, aliada a reações ocorridas em vários países onde a revolução da Sorbonne deitara metástases, forçou os revolucionários a se recolher em antros e sacristias ultra-progressistas. Mas, apesar disso, à maneira de um gás maléfico, sua influência continuou a se fazer sentir no mundo inteiro. Uma lenta e progressiva Revolução Cultural fez com que as modas, os trajes, os modos de ser, os costumes, as músicas, a arte se tornassem cada vez mais assemelhados aos modelos da revolta de 1968, embora o modelo tribal de sociedade não conseguisse se impor, a não ser em algumas seitas muito minoritárias da extrema esquerda.


Em Gênova houve manifestações anárquicas contra a reunião do G8 (2001)

Nos anos noventa, no bojo do fracasso do comunismo clássico, o mito igualitário dos partidos comunistas e socialistas perdeu grande parte de seu fascínio, tendo entrado em franco declínio. Para tentar compensar essa perda, novas explosões de anarquismo, como a pseudo-reação contra a “globalização” capitalista e o chamado neoliberalismo, se fizeram sentir em Seatle, Gênova e Porto Alegre. Nesta última cidade, e depois na Índia, realizaram-se os Fóruns Sociais mundiais, (8) que congregaram anarquistas, ecologistas, indigenistas, homossexuais, dependentes de drogas, grupos esotéricos, budistas, bruxos de várias seitas, guerrilheiros sul-americanos, movimentos de “trabalhadores sem terra”, teólogos da libertação e até comunistas de velha guarda, numa barafunda de ideologias contraditórias e caóticas. Nesses eventos manifestaram-se influências dos pseudo-filósofos Toni Negri e Noam Chomsky.

Entretanto, os próprios Fóruns Sociais não conseguiram suscitar na opinião pública, nem mesmo em seus participantes, o entusiasmo desejado por seus organizadores. Com isso, os mentores da Revolução Universal, não conseguindo fazê-la progredir por pressão proveniente de baixo, procuram agora impô-la de cima. E o caminho escolhido é a chamada Revolução Cultural.

Avançado estágio revolucionário

De um lado, procura-se cada vez mais implantar no mundo uma República Universal completamente atéia e amoral, na qual todos os povos, com seus costumes, modos de ser e culturas próprias, se fundem num magma informe, onde só resta o homem amorfo, sem personalidade, sem vontade e sem iniciativa próprias. Certos organismos internacionais, como principalmente a Europa Unida, já constituem significativos passos nessa direção.


As propostas anticristãs inseridas na Constituição Européia estão encontrando fortes reações em várias nações

O projeto de Constituição Européia é uma amostra daquilo que desejam os fautores desse processo. Completamente atéia, relativista e totalitária, fazendo tabula rasa das origens cristãs da Europa, procura abrir campo para as piores abominações, como o controle de natalidade e a liberalização completa do aborto, a eutanásia, o “casamento” homossexual, as práticas antinaturais da biogenética, a proliferação das drogas, etc., tudo sob o slogan da “não discriminação”. Na fímbria do horizonte já aparece uma perseguição religiosa feroz contra aqueles que defendem a autêntica doutrina de Nosso Senhor Jesus Cristo e de sua Igreja. Pois, afirmar que determinado ato é pecaminoso, e que não é lícito ao homem praticá-lo, é considerado por tal mentalidade como “discriminação”, que deve ser punida severamente.

No mundo inteiro, leis cada vez mais permissivas e a enxurrada de imoralidade derramada diariamente pelos meios de comunicação social, em sua quase totalidade a serviço da Revolução Cultural, nos fazem lembrar o que o então Cardeal Ratzinger qualificou de Ditadura do Relativismo, pouco antes de sua elevação ao Sumo Pontificado. Não há verdade nem erro, bem nem mal; belo e feio, tudo se equivale; o único crime é afirmar que alguém está no erro ou pratica o mal. Quem declare isso, este sim, deverá ser castigado implacavelmente

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