Revolução Cultural: oposição radical à sabedoria


01/03/2006

Dom Luiz de Orleans e Bragança
Chefe da Casa Imperial do Brasil

Erros espalhados pelo mundo


Num contexto de Revolução Cultural proliferam seitas esotéricas, bruxaria e satanismo. Na foto, Mercado de Bruxaria na Bolívia.

Nesse contexto, não é de espantar que o demônio se introduza cada vez mais abertamente, e que proliferem seitas esotéricas, bruxarias e satanismos; e que se disseminem crimes cada vez mais hediondos, com sacrifícios humanos e canibalismo ritual.

Não deve também causar surpresa que a Providência divina permita que aconteçam catástrofes naturais espantosas, como o tsunami, o Katrina ––ciclone que devastou Nova Orleans –– e o terremoto que atingiu o Paquistão.

Ante esse quadro, não causaria espanto se, muito em breve, se realizar a advertência de Nossa Senhora em Fátima: “Se atenderem a meus pedidos, a Rússia se converterá e terão paz; se não, espalhará seus erros pelo mundo, promovendo guerras e perseguições à Igreja; os bons serão martirizados, o Santo Padre terá muito que sofrer, várias nações serão aniquiladas”.

A humanidade, como um todo, não atendeu aos pedidos de Nossa Senhora, não se converteu nem fez penitência; e portanto, na lógica da Mensagem, esse castigo virá.

Ao mesmo tempo, no fundo de muitas almas está nascendo um desejo de sabedoria, de certeza, de verdade, de bem e de belo objetivos, uma repulsa à ditadura do relativismo. Dir-se-ia que parte da população do mundo, farta da confusão, do caos, do aviltamento, da imoralidade e da vileza de nossos dias, começa como o filho pródigo a ansiar pela casa paterna, ainda que mais ou menos subconscientemente.

Aspiração de sabedoria


São Luís Grignion de Montfort anunciou profeticamente o Reino de Maria que está por vir

No mundo inteiro há vários sintomas desse anseio, dos quais cito apenas alguns:

Independente do que se pense do presidente George W. Bush, é fato que as duas eleições que o levaram ao poder nos Estados Unidos constituem manifestações de uma forte corrente conservadora; principalmente a segunda vitória eleitoral, obtida apesar de violenta campanha contrária da mídia americana e internacional.

Os plebiscitos locais em 11 Estados norte-americanos, em que o chamado “casamento” homossexual sofreu fragorosas derrotas.

As manifestações em Madri, de milhões de pessoas contra o “casamento” homossexual e contra projeto de Lei do Ensino, do primeiro-ministro espanhol Zapatero, que pretende retirar o ensino obrigatório de Religião nas escolas públicas do país.

Os referendos na França e na Holanda, que resultaram em derrotas fragorosas do Projeto de Constituição Européia, apesar da pressão virulenta do “establishment” político e midiático a favor dessa legislação.

O plebiscito na Itália, que rejeitou, por enorme abstenção, as chamadas leis de reprodução assistida, como a fecundação artificial de seres humanos.

A escolha, em pesquisa realizada entre cerca de três milhões de norte-americanos, do falecido presidente conservador Ronald Reagan como o maior americano de todos os tempos. Foi realizada conjuntamente pelo Discovery Channel e pela AOL, em junho de 2005, colocando-o à frente de figuras como Abraham Lincoln (2º), George Washington (4º) e Benjamin Franklin (5º).

O referendo brasileiro sobre a proibição ou não da venda de armas e munições a particulares, que concedeu esmagadora maioria ao NÃO, apesar de imensa pressão do Governo e dos meios de comunicação em favor do SIM. O referendo mostrou que dois terços dos brasileiros não estão dispostos a abrir mão do direito natural de legítima defesa de suas vidas, famílias e bens, mesmo com o emprego de armas de fogo, se for necessário.

Os funerais de S. S. João Paulo II, realizados com a presença de 160 chefes de Estado, em sua maioria não católicos, e milhões de fiéis. Isso tornou evidente quanto a única Igreja verdadeira tem prestígio no fundo da alma de todos os povos, e é vista como aquela da qual podem vir soluções para a crise atual.

O triunfo de Nossa Senhora

Exceto o primeiro, de abrangência mais ampla, esses fatos ocorreram no ano passado, e todos eles refletem a mesma tendência conservadora. No limite da interpretação, poder-se-ia dizer que, no mundo louco, caótico, vulgar e pecaminoso de nossos dias, reside em muitas almas um desejo mais ou menos subconsciente de outra coisa: de uma volta à sabedoria cristã; um desejo de certezas, de distinção entre a verdade e o erro, o bem e o mal, o belo e o feio, uma recusa daquilo que a Revolução quer impor.

Dada a extensão e a profundidade do fenômeno, talvez não fosse temerário supor uma ação da graça divina na parte recôndita dos espíritos daqueles a quem Nossa Senhora quer salvar, para serem as pedras vivas de seu Reino, o qual deverá se estabelecer sobre a Terra, após os castigos purificadores previstos por Ela em Fátima. Falam nesse sentido as palavras finais de sua profecia de julho de 1917: Por fim, o meu Imaculado Coração triunfará, a Rússia se converterá e será dado ao mundo um tempo de paz”. Já São Luís Maria Grignion de Montfort, o grande apóstolo mariano do século XVIII, refere-se a esse Reino de Maria que deve vir.(9)

Esse triunfo do Imaculado Coração de Maria só pode ser concebido como a vitória da Santa Igreja Católica sobre seus inimigos internos e externos, a instauração de uma Civilização Cristã ainda mais esplendorosa do que a medieval.

Cabe a nós católicos confiar nas promessas de Nosso Senhor, de que as portas do inferno não prevalecerão sobre a Igreja, fundada em Pedro; e vigiar, orar e lutar para que o triunfo do Imaculado Coração de Maria se dê o mais cedo possível, para a maior glória de Deus.

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Notas

1. Alocução à União dos Homens da Ação Católica Italiana, de 12 de outubro de 1952 (Discorsi e Radiomessagi, vol. VIV, pg. 359).

2. Le Livre D´Or, Nouvelle Cité, Paris, 1989, p. 36.

3. Op. cit., pp. 18-19.

4. Op. cit., pp. 26-27.

5. Encíclica Immortale Dei, de 1º de novembro de 1885.

6. Plinio Corrêa de Oliveira, Revolução e Contra-Revolução, Parte I, Cap. III 5-A, Artpress, 4ª ed., S. Paulo, 1998.

7. Op. cit., Parte I, Cap. VI 1-C.

8. Ver a respeito: Gregorio Vivanco Lopes e José Antonio Ureta, A pretexto do combate à globalização, renasce a Luta de Classes - Fórum Social Mundial de Porto Alegre, berço de uma neo-revolução anárquica, Editora Cruz de Cristo, São Paulo, 2002.

9. Sobre a concepção católica de Reino de Maria, oposta ao milenarismo, ver a colaboração de Roberto de Mattei, intitulada Plinio Corrêa de Oliveira, teólogo da História

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Veja:
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