Nesse contexto, não é de espantar que o demônio se introduza
cada vez mais abertamente, e que proliferem seitas esotéricas, bruxarias
e satanismos; e que se disseminem crimes cada vez mais hediondos, com sacrifícios
humanos e canibalismo ritual.
Não deve também causar surpresa que a Providência divina
permita que aconteçam catástrofes naturais espantosas, como o
tsunami, o Katrina ––ciclone que devastou Nova Orleans –– e
o terremoto que atingiu o Paquistão.
Ante esse quadro, não causaria espanto se, muito em breve, se realizar
a advertência de Nossa Senhora em Fátima: “Se atenderem
a meus pedidos, a Rússia se converterá e terão paz; se
não, espalhará seus erros pelo mundo, promovendo guerras e perseguições à Igreja;
os bons serão martirizados, o Santo Padre terá muito que sofrer,
várias nações serão aniquiladas”.
A humanidade, como um todo, não atendeu aos pedidos de Nossa Senhora,
não se converteu nem fez penitência; e portanto, na lógica
da Mensagem, esse castigo virá.
Ao mesmo tempo, no fundo de muitas almas está nascendo um desejo de
sabedoria, de certeza, de verdade, de bem e de belo objetivos, uma repulsa à ditadura
do relativismo. Dir-se-ia que parte da população do mundo, farta
da confusão, do caos, do aviltamento, da imoralidade e da vileza de
nossos dias, começa como o filho pródigo a ansiar pela casa paterna,
ainda que mais ou menos subconscientemente.
Aspiração de sabedoria
No mundo inteiro há vários sintomas desse
anseio, dos quais cito apenas alguns:
Independente do que se pense do presidente George W. Bush, é fato que
as duas eleições que o levaram ao poder nos Estados Unidos constituem
manifestações de uma forte corrente conservadora; principalmente
a segunda vitória eleitoral, obtida apesar de violenta campanha contrária
da mídia americana e internacional.
Os plebiscitos locais em 11 Estados norte-americanos, em que o chamado “casamento” homossexual
sofreu fragorosas derrotas.
As manifestações em Madri, de milhões de pessoas contra
o “casamento” homossexual e contra projeto de Lei do Ensino, do
primeiro-ministro espanhol Zapatero, que pretende retirar o ensino obrigatório
de Religião nas escolas públicas do país.
Os referendos na França e na Holanda, que resultaram em derrotas fragorosas
do Projeto de Constituição Européia, apesar da pressão
virulenta do “establishment” político e midiático
a favor dessa legislação.
O plebiscito na Itália, que rejeitou, por enorme abstenção,
as chamadas leis de reprodução assistida, como a fecundação
artificial de seres humanos.
A escolha, em pesquisa realizada entre cerca de três milhões
de norte-americanos, do falecido presidente conservador Ronald Reagan como
o maior americano de todos os tempos. Foi realizada conjuntamente pelo Discovery
Channel e pela AOL, em junho de 2005, colocando-o à frente de figuras
como Abraham Lincoln (2º), George Washington (4º) e Benjamin Franklin
(5º).
O referendo brasileiro sobre a proibição ou não da venda
de armas e munições a particulares, que concedeu esmagadora maioria
ao NÃO, apesar de imensa pressão do Governo e dos meios de comunicação
em favor do SIM. O referendo mostrou que dois terços dos brasileiros
não estão dispostos a abrir mão do direito natural de
legítima defesa de suas vidas, famílias e bens, mesmo com o emprego
de armas de fogo, se for necessário.
Os funerais de S. S. João Paulo II, realizados com a presença
de 160 chefes de Estado, em sua maioria não católicos, e milhões
de fiéis. Isso tornou evidente quanto a única Igreja verdadeira
tem prestígio no fundo da alma de todos os povos, e é vista como
aquela da qual podem vir soluções para a crise atual.
O triunfo de Nossa Senhora
Exceto o primeiro, de abrangência mais ampla, esses fatos ocorreram
no ano passado, e todos eles refletem a mesma tendência conservadora.
No limite da interpretação, poder-se-ia dizer que, no mundo louco,
caótico, vulgar e pecaminoso de nossos dias, reside em muitas almas
um desejo mais ou menos subconsciente de outra coisa: de uma volta à sabedoria
cristã; um desejo de certezas, de distinção entre a verdade
e o erro, o bem e o mal, o belo e o feio, uma recusa daquilo que a Revolução
quer impor.
Dada a extensão e a profundidade do fenômeno, talvez não
fosse temerário supor uma ação da graça divina
na parte recôndita dos espíritos daqueles a quem Nossa Senhora
quer salvar, para serem as pedras vivas de seu Reino, o qual deverá se
estabelecer sobre a Terra, após os castigos purificadores previstos
por Ela em Fátima. Falam nesse sentido as palavras finais de sua profecia
de julho de 1917: Por fim, o meu Imaculado Coração triunfará,
a Rússia se converterá e será dado ao mundo um tempo de
paz”. Já São Luís Maria Grignion de Montfort, o
grande apóstolo mariano do século XVIII, refere-se a esse Reino
de Maria que deve vir.(9)
Esse triunfo do Imaculado Coração de Maria só pode ser
concebido como a vitória da Santa Igreja Católica sobre seus
inimigos internos e externos, a instauração de uma Civilização
Cristã ainda mais esplendorosa do que a medieval.
Cabe a nós católicos confiar nas promessas de Nosso Senhor,
de que as portas do inferno não prevalecerão sobre a Igreja,
fundada em Pedro; e vigiar, orar e lutar para que o triunfo do Imaculado Coração
de Maria se dê o mais cedo possível, para a maior glória
de Deus.
_______________
Notas
1. Alocução à União dos Homens da Ação
Católica Italiana, de 12 de outubro de 1952 (Discorsi e Radiomessagi,
vol. VIV, pg. 359).
2. Le Livre D´Or, Nouvelle Cité,
Paris, 1989, p. 36.
3. Op. cit., pp. 18-19.
4. Op. cit., pp. 26-27.
5. Encíclica Immortale Dei, de 1º de
novembro de 1885.
6. Plinio Corrêa de Oliveira, Revolução e Contra-Revolução,
Parte I, Cap. III 5-A, Artpress, 4ª ed., S. Paulo, 1998.
7. Op. cit., Parte I, Cap. VI 1-C.
8. Ver a respeito: Gregorio Vivanco Lopes e José Antonio Ureta, A pretexto
do combate à globalização, renasce a Luta de Classes -
Fórum Social Mundial de Porto Alegre, berço de uma neo-revolução
anárquica, Editora Cruz de Cristo, São Paulo, 2002.
9. Sobre a concepção católica de Reino de Maria, oposta
ao milenarismo, ver a colaboração de Roberto de Mattei, intitulada
Plinio Corrêa de Oliveira, teólogo da História