2006 O vagalhão da desordem universal
09/01/2007
Luis Dufaur
O malefício islâmico
intimidou a Europa
Já havia dezenas de milhões de islâmicos na Europa. Entretanto,
em 2006 a imigração clandestina de muçulmanos bateu recordes.
Até 4 de setembro tinham chegado às Ilhas Canárias (Espanha)
21.501 ilegais, dos quais 4.751 só em agosto e 2.662 no primeiro fim-de-semana
de setembro. Outros 10.000 desceram na ilha italiana de Lampedusa, no Mediterrâneo.
O fluxo recrudesceu após o Partido Socialista Espanhol (PSOE) anistiar
700.000 imigrantes ilegais [foto 6].
Na França, uma contínua guerrilha urbana, alimentada por descendentes
de imigrantes islâmicos, atravessou o ano todo incendiando carros e ônibus
urbanos e semeando o terror nos bairros. Em termos políticos, o temor
empurrou boa parte da população francesa para a extrema-direita
e radicalizou os partidos de centro-direita. A Suíça, que já fora
aberta e tolerante, restringiu mediante plebiscito o asilo e a imigração.
A Inglaterra passou o ano
na expectativa de mais um grande golpe terrorista muçulmano. Em agosto, a Scotland Yard debelou um mega-atentado que poderia
ter causado 4.000 mortes derrubando uma dezena de aviões com destino
aos EUA [foto 7]. O ministro italiano para Reformas Institucionais, Roberto
Calderoli, interpretando o sentimento de inúmeros italianos, declarou: "Foi
desatado um ódio impressionante por parte dos povos muçulmanos.
Chegou o momento de tomar medidas em resposta: a estas pessoas, só se
derrota com a força". Para ele, Bento XVI "deve intervir,
como fizeram Pio V e Inocêncio XI [...] na época da guerra de
Viena e da guerra de Lepanto. Os Papas substituíram os governos: criaram
grandes coalizões para derrotar a emergência islâmica".(2)
Na Alemanha, o temor ao “perigo turco” foi acrescido pela vertiginosa
queda da natalidade. O periódico “Bild-Zeitung” estampou
a manchete: "Em 12 gerações, nós alemães estaremos
extintos".
Porém, a atitude a ser tomada face ao islamismo causou discórdia
entre os europeus. Notadamente partidos como o PC francês, esquerdas
extremadas e o progressismo católico acolhem e estimulam as reivindicações
dos recém-chegados. Na Bélgica, dezenas de igrejas foram cedidas
a imigrantes muçulmanos que estabeleceram nelas sua moradia e culto
anticristão [foto 8].
Desatarraxamento da unidade
européia
A desunião interna na União Européia a respeito de uma
Constituição não foi soldada. Enquanto isso a Catalunha
aprovou um estatuto que a torna uma "nação" quase independente
dentro da Espanha. Esse estatuto privilegiado passou a ser cobiçado
por regiões espanholas fermentadas por movimentos separatistas.
Nos Bálcãs, Montenegro, Estado menor que Sergipe, proclamou
sua independência, que foi reconhecida pela UE. O fato abriu mais um
perigoso precedente em favor dos separatismos europeus. Por exemplo, na proximidade
do 300º aniversário da Carta de União entre a Escócia
e a Inglaterra, 59% dos ingleses e 52% dos escoceses são pela independência
escocesa, revelou uma enquête.
No Canadá, Quebec foi reconhecida como "nação" pelo
Parlamento, reavivando os temores de um recrudescimento do independentismo
que fermenta nessa região.
"Primeira guerra do século XXI": a guerra energética
2006 começou para a Europa sob o signo do que o diário parisiense “Le
Monde” qualificou de "declaração da primeira guerra
do século XXI":(3) a Rússia cortou o fornecimento de gás
para a Europa em pleno inverno. O objetivo imediato foi uma chantagem para
que a Ucrânia se afastasse do Ocidente e retornasse à esfera de
influência russa. Porém, quase toda a Europa sofreu os efeitos,
especialmente os países que outrora foram escravizados por Moscou [foto
9].
O Irã e a Coréia
do
Norte na corrida nuclear
O Irã explorou a "arma energética" como dissuasória
de um eventual revide às provocações que fazia. Ao longo
do ano ameaçou "apagar do mapa" o Estado de Israel; violou
os lacres de suas centrais de pesquisa nuclear; começou a enriquecer
urânio para produzir a bomba atômica; testou mísseis capazes
de atingir até a Europa [foto 10] e moveu guerra contra Israel por intermédio
do movimento terrorista Hezbollah. Comprou mísseis da Rússia
e realizou manobras militares conjuntas com os russos. A ONU discutiu muito
sobre o que deveria fazer. Mas ninguém defendeu medidas corajosas, temendo
um conflito com o Irã que acarretasse a interrupção do
petróleo que escoa pelo Golfo Pérsico, indispensável para
o Ocidente.
A escalada nuclear continuou
na península coreana. A Coréia
comunista testou novos mísseis em maio. Um deles poderia ter atingido
a Califórnia ou o vizinho Japão. No ensaio, não foi além
de alguns segundos de vôo, mas não restou dúvida sobre
o alvo que visava. Em outubro, a Coréia do Norte fez seu primeiro teste
nuclear subterrâneo, no qual usou uma bomba capaz de exterminar 200.000
habitantes de uma cidade [foto 11].
Posta a ameaça, ficou inevitável que os países vizinhos
passassem a pensar na sua própria bomba. Notadamente a Coréia
do Sul, Taiwan e Japão. O novo premiê japonês anunciou a
reforma da Constituição nipônica, visando pôr fim à posição
pacifista do país e "assumir o direito de ter arma atômica".(4)
A ONU aprovou sanções contra a Coréia do Norte, de difícil
aplicação e mais do que duvidoso efeito. A China e a Rússia — não
obstante declarações protocolares em sentido contrário — deram
sustentação diplomática e apoio logístico ao Irã e à Coréia
do Norte e garantiram a inocuidade das resoluções da ONU em relação
a esses países.
Na América Latina, o Brasil(5) e a Argentina acenaram com a possibilidade
de retomar seus programas nucleares, e Hugo Chávez alardeou objetivos
mirabolantes no mesmo campo.
Assim, 2006 viu o início do que poderá vir a ser uma explosão
mundial de armamentos nucleares.
Tentativas de desatarrachar o continente latino-americano
Na América Latina, as esquerdas trabalharam igualmente para azedar
e agigantar tensões latentes. Evo Morales [foto 12], empossado presidente
da Bolívia em janeiro, constituiu caso típico.
Instigado por Havana e
Caracas, impulsionou na Bolívia uma Reforma
Agrária nos moldes da brasileira, gerando um virtual estado de revolta
das províncias agricolamente mais produtivas; promoveu luta de classes
com carregado matiz étnico e cultural; liberalizou o cultivo e uso da
coca; atropelou os direitos da Igreja e tentou abolir o ensino da Religião
católica nas escolas; desrespeitou o Estado de Direito, denegrindo e
ameaçando dissolver as instituições nacionais como o Senado.
No fim do ano, dois terços das províncias bolivianas tinham rompido
relações com Evo Morales, e a mais importante — Santa Cruz — cogitava
separar-se do país.
Ademais, Morales provocou
o Brasil e o Peru, ameaçando este último
com um plano de intervenção de militares venezuelanos junto à fronteira
comum. O Brasil sofreu por parte de Morales inúmeros vexames verbais
e desrespeito continuado de propriedades de brasileiros, como os fazendeiros
instalados na Bolívia. Em escala econômica muito maior, danos
multimilionários foram causados em investimentos da Petrobrás
em território boliviano.
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Veja:
http://www.catolicismo.com.br
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