2006 O vagalhão da desordem universal
09/01/2007
Luis Dufaur
Brasil real: ausente da ciranda política-midiática-progressista
No fim do ano, um "apagão" caotizou o tráfego aéreo
nacional. Não faltou então quem visse na tragédia da queda
do Boeing da Gol um sinal no céu de como e para onde pode estar sendo “pilotado” o
País.(19)
Porém, o Brasil real, pacato e conservador, foi repudiando cada vez
mais a ciranda enlouquecedora da desordem. 56% dos brasileiros entrevistados
condenaram o MST e seus métodos. Mais sintomático ainda: em agosto,
43% da população brasileira qualificou-se de "direita",
27% de "centro", e apenas 30% de "esquerda". No entanto,
quem olhasse para a ciranda política-midiática- progressista,
e para os lances da esquerda, não encontrava realmente representados
em nenhum partido político esses 70% dos brasileiros direitistas e centristas.
O descolamento entre o Brasil aparente e o Brasil real alcançou em 2006
níveis impensáveis.
Na noite do 2º turno das eleições presidenciais, escassas
4.000 pessoas festejaram na Avenida Paulista, em São Paulo, a vitória
do presidente Lula. De fato, os resultados foram recebidos num ambiente geral
de indiferença, frieza e desânimo.
* * *
A Revolução Cultural avança, mas encontra crescente oposição
Nunca
o empenho para a destruição da família, da cultura
e da Religião católica foi tão oficial e atropelado. Todavia,
as oposições a esse processo de desagregação cresceram
em 2006.
A mutação cosmética pode dar às esquerdas alguns
anos de sobrevida política. Nestes anos, elas poderão aprofundar
a Revolução Cultural, corroendo a família e a sociedade.
Porém, também neste campo 2006 ofereceu sinais contraditórios.
Alguns exemplos:
Em janeiro, o Parlamento Europeu
condenou como homofóbicos os Estados
que se oponham ao “casamento” homossexual [foto 28]. A condenação
tinha endereço certo: a Polônia e a Letônia. Mas a primeira
se manteve ufana e desafiou a brutal decisão. A segunda reformou a Constituição
interditando o mencionado "casamento", provocando a cólera
da UE.
No mesmo mês, a República Checa aprovou tal "casamento" contra
a natureza, e em novembro a África do Sul fez o mesmo. O Supremo Tribunal
do Estado de Nova Jersey (EUA) liberou esse pseudocasamento, pelo menos até que
um plebiscito em gestação decida a questão. Nos EUA, só o
Estado de Massachusetts lhe concede estatuto de "casamento".
Contudo,
em sentido contrário, mais sete Estados americanos, por via
de plebiscitos, emendaram suas Constituições, a fim de impedir
o “casamento” homossexual [foto 29]. Leis e artigos constitucionais
o impedem em quase todos os EUA. A mais alta instância judicial estadual
de Nova York também manifestou-se contra as uniões homossexuais.
Nos antípodas geográficos do mundo, o governo australiano anulou
lei do território de Camberra, que permitia o falso casamento.
Ofensiva homossexual racha confissões religiosas e sociedades
Intensos vapores e contravapores
racharam de cima a baixo ambientes da vida religiosa, cultural e social.
A igreja anglicana se desfez em fragmentos ao
longo do ano, após a nomeação de bispo homossexual. Uma
igreja da Comunidade Metropolitana de Niterói chamou uma bispa anglicana
dos EUA para celebrar o primeiro “casamento” homossexual na cidade.(21)
A Câmara dos Deputados, em votação simbólica no
plenário, que passou despercebida para a maioria dos deputados, criminalizou
a "homofobia" estabelecendo a pena de até cinco anos de prisão.
O Senado reconheceu união de duas de suas funcionárias lésbicas
para efeitos de assistência à saúde e pensão; juiz
de Porto Alegre autorizou a adoção de uma criança por
casal de lésbicas; decisão semelhante foi aprovada pela Justiça
de São Paulo; a cidade do Rio de Janeiro montou cartilha para atrair
sodomitas e São Paulo criou posto de turismo para homossexuais. Por
fim, o aparente grande número de participantes atribuído pela
imprensa à 11ª Parada do Orgulho GLBT em São Paulo revelou
mais a intenção de seus promotores do que autêntica participação
popular.
Tal guerra cultural penetrou as
capilaridades da vida quotidiana a ponto de, por exemplo, lei inglesa punir
os restaurantes que impeçam atos libidinosos
homossexuais; uma criança de quatro anos foi morta por recusar-se a
chamar de "papai" a companheira lésbica da mãe, na África
do Sul; a universidade canadense de Cape Breton multou um catedrático
por afirmar que a homossexualidade não é natural. Tudo isto ocorreu
num ano em que a ONU informou que 39,5 milhões de indivíduos
são portadores do vírus da AIDS, e que houve 4,3 milhões
de novas infecções e 2,9 milhões de mortes causadas pela
terrível epidemia!
Oposição ao aborto freou avanço da Revolução
Cultural
Há não muito tempo parecia que o aborto seria logo liberado
integralmente do ponto de vista legal. Mas esse crime monstruoso causou imprevista
reação [foto 30] na sociedade americana e também no resto
do mundo, em parte devido à influência que hoje exercem os EUA.
Em razão dessa reação, muitos americanos começaram
a contestar o próprio princípio de controle da natalidade, passando
a militar contra o "casamento" homossexual e as experiências
genéticas imorais.
Em 2006, ficou claro que uma sadia
polarização prejudicava a
revolução sexual. Por isso, vozes de esquerda perguntaram-se
se seria o caso de revogar o aborto nos EUA, visando arrefecer as resistências,
podendo assim avançar em outros campos. Sintomas dessa polarização
verificaram-se no Brasil, onde 93% de pessoas declararam numa pesquisa ser
contra o aumento de causas legais para o aborto. É sintomático
o fato de a candidata ao senado Jandira Feghali (PT) ter perdido a eleição,
que parecia garantida, devido à sua militância pró-aborto.
A campanha mundial pelo "casamento" homossexual está tendo
um avanço muito mais contraditado que o aborto. O que veremos de reação
nos próximos anos?
Por trás do homossexualismo, surgem perversões
ainda piores
No ano, a ofensiva anti-vida desdobrou
uma panóplia de horrores, a
eutanásia como exemplo. Embora ilegal na Inglaterra, em janeiro soube-se
que foram praticadas 3.000 eutanásias durante 2005. Na Bélgica,
onde está ela autorizada, em quatro anos duplicou o número de
vítimas. O Royal College of Obstetricians and Gynecology da Grã-Bretanha
exortou os médicos do país a praticar a eutanásia nos
recém-nascidos portadores de algum importante defeito cerebral ou físico.
Enquanto isso, os suicídios coletivos, pactuados via Internet, atingiram
novo recorde.
A China comunista reconheceu estar na origem do tráfico de órgãos
de presos, executados muitas vezes só para se extrair deles partes do
corpo solicitadas por clientes; a Espanha aprovou lei para a troca de sexo
e adoção de novo nome sem fazer cirurgia; e pesquisadores da
Universidade de Newcastle pediram autorização ao governo inglês
para criar embriões híbridos de vaca e ser humano.
O Cardeal emérito de Milão, Carlo Maria Martini [foto 31], defendeu
em chocante entrevista o uso do preservativo e a fecundação in
vitro. Já fora precedido, nesse sentido, pelo cardeal Godfried Danneels.(22) É a
chaga do progressismo produzindo pus. O Cardeal López Trujillo, presidente
do Pontifício Conselho para a Família, veio a público
com declarações em sentido contrário.
Aparência de marginal virou moda
Em morros do Rio de Janeiro,
em danceterias caras de São Paulo ou nos
Champs Elysées em Paris, jovens de classes populares ou abastadas se
confundiram igualitariamente, num mesmo "visual canalha" ou o mais
degradado possível, em festas hip-hop e raves, regados a droga e álcool,
convivendo com traficantes e bandidos. No Brasil, também em 2006, cresceu
e alastrou-se o consumo de crack, subproduto da cocaína, sete vezes
mais potente e mortífero.
Nesse contexto, não assustou um levantamento feito pelo Hospital das
Clínicas, segundo o qual um em cada dez moradores da Grande São
Paulo precisa de tratamento psiquiátrico, e de que 40% dos moradores
dessa região sofrem de algum tipo de transtorno psiquiátrico
leve, moderado ou grave.
A procura de auges de autodegradação atingiu nova profundidade
em Nova York, com a moda dos freegans, ou "tribo dos vira-latas".
O costume de seus membros, ricos e bem-instalados, é de revirarem as
latas de lixo para comer o que ali encontram.
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Veja:
http://www.catolicismo.com.br
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