Castelo da Garça Branca
07/05/2007
Plinio Corrêa de Oliveira
Delicado, nobre, uma obra de sonhos
Estamos diante de uma fortaleza
feudal do Japão — o Castelo da
Garça.
As muralhas, até certo ponto, se parecem com nossos muros coloniais,
com seus grandes beirais. São sólidas e sem nenhum ornato. Têm
a poesia da obra que desafiou os séculos.
No fundo projeta-se, muito mais
alta do que muralhas, a fortaleza feudal japonesa. Uma construção tão
alva e delicada, que mais parece obra de sonhos.
Este castelo lembra, em algo, o castelo europeu medieval?
Sim. Embora na arquitetura ele seja
profundamente diferente do castelo medieval da Europa, lembra-o quanto ao
seguinte aspecto: no élancé do
edifício. O castelo europeu tem como característica principal
as torres. Aqui não há propriamente torres. Entretanto, o papel
que fazem os corpos de edifícios cada vez menores é, no fundo,
o de uma torre. A silhueta evoca um pouco a idéia de uma torre, ou seja,
de um corpo de edifícios que procura galgar os céus, que se perde
no alto, indicando elevação de espírito e grandeza de
alma muito acentuadas.
Porém, em que sentido o Castelo da Garça é diferente
do castelo medieval? Este não tem, a não ser raras vezes, esta
graça. O castelo europeu, tem-se a impressão de que deita as
garras no rochedo. É constituído de torres fortes, prontas para
desafiar o vento e o clima hostil. No castelo medieval, os muros são
guarnecidos de ameias e barbacãs para os guardas circularem, a fim de
proteger a muralha contra o adversário. Em volta das torres há o
fosso com água e a ponte levadiça.
Não se nota propriamente isso no castelo japonês. O corpo inteiro
do edifício parece dissociado da luta. Não se tem noção, à primeira
vista, de que haja um vigia espreitando dia e noite.
O castelo japonês é um edifício delicado, nobre, próprio
a um povo voltado para o sonho. E que garante a sua incolumidade contra o adversário
através da grossa muralha em volta dele. A vida do senhor feudal japonês
parece um tanto alheia à luta e à defesa. Ele é um contemplativo,
vive em suas delícias, suas contemplações, sentado no
chão, diante de uma mesinha, vestido com tecidos preciosos, bebendo
chá, numa xícara de porcelana muito bonita, e pensando, pensando...
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Nota:
A fortaleza feudal de Himeji — na cidade que leva esse nome na província
de Hyogo (Japão) —, também conhecida como Hakuro-jo ou
Shirasagi-jo (Castelo da Garça Branca), começou a ser construído
em 1333, tendo sido inteiramente concluído somente 230 anos depois.
Excertos da conferência proferida pelo Prof. Plinio Corrêa
de Oliveira em 22 de junho de 1970.
Sem revisão do autor
Veja:
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