2004 Expansão do caos e vitórias conservadoras
18/01/2005
Luís Dufaur
Retrospecto
dos mais importantes fatos do ano findo — inesperados para o bem
ou para o mal; indicando
polarizações; estarrecedores alguns, esperançosos outros — que constituem
indícios dos rumos que os acontecimentos poderão tomar em 2005.
Enquanto no mundo ocidental os fogos do reveillon iluminavam
a passagem de 2003 para 2004, sobre os céus de Nova York e Washington jatos
de guerra rasgavam a noite à espreita do pior. Nos aeroportos, o rigor
dos controles era um termômetro da tensão mundial. Porém, nem tudo era
mau presságio. Saddam Hussein fora capturado no dia 13 de dezembro, trazendo
esperanças de um arrefecimento do terrorismo. No mesmo dia, frustrara-se
a aprovação de um projeto anticristão de Constituição Européia.
2004
iniciou-se influenciado por tendências veementemente contraditórias. Elas
se acentuaram ao longo de todo o ano. Exemplo característico dessas tendências
contraditórias foi a recente eleição presidencial norte-americana. De um
lado, os EUA conservadores; de outro, a parte esquerdista e permissivista
da população do país, a qual foi derrotada.
Duas
grandes tendências perpassaram 2004
Em
2004, a grande mídia exibiu sem cessar convulsionadas ondas de um caos
devorador. Mas correntes subterrâneas, no imenso mar da opinião pública
mundial, corriam num sentido diverso. Isso de um modo silencioso e desapercebido,
sem dúvida. Mas, quando as circunstâncias permitiram, de muitos e grandes
setores da humanidade emergiu um consistente “não” ao enlouquecido rolar
rumo à anarquia.
Avanço
avassalador do caos revolucionário e recusas multitudinárias desse mesmo
caos foram duas tendências contrapostas que perpassaram a fundo 2004. Elas
muitas vezes misturaram-se nos fatos concretos, como se os primeiros raios
do amanhecer, delicados anunciadores de um dia novo, se entremeassem com
as trevas poluídas de um anoitecer sujo e feio.
As
esquerdas ousaram tresloucadas aventuras. E até festejaram precipitadamente
“vitórias” que resultaram em frustrações. A opinião pública lhes enviou,
mais de uma vez, um recado que ressoou como aquele “mane, thecel, fares” (“teus
dias estão contados” –– Dan 5, 25 ss), que mão desconhecida escreveu
numa parede em pleno festim de Balthasar, rei de Babilônia, que escravizava
Israel.
Nada
melhor que a rememoração dos acontecimentos do ano para confirmar, ou infirmar,
essa consideração.
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