INTERNACIONAL
Abalada
pelo caos, a opinião pública mundial
manifesta tendências ao conservadorismo
Bombas,
massacres terroristas, seqüestros seguidos de decapitação,
espalhafatosas
11 de março: brutal atentado
terrorista em Madri
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ameaças
islâmicas, controles policiais reforçados –– foram tenebrosa constante
do cenário internacional. O público sofreu o impacto psicológico de cada
atentado retransmitido pela grande mídia. Por essa via, o terror atingiu
o seu alvo último. “Para os guerreiros psicológicos, é uma tática com
vitória garantida”, advertiu a seus colegas ávidos de sensacionalismo
o veterano jornalista William Safire.(58)
Ataque terrorista em
Beslan, Rússia
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O
terrorismo visou criar na opinião mundial a reação que uma criança sobrevivente
da chacina de Beslan (Ossétia do Norte, Rússia) descreveu ingenuamente: “Fiquei
bem quieto, silencioso como um rato”.(59) Mas ficar paralisado, no
caso, equivale a estender o pescoço aos carrascos do terror.
O
problema se pôs agudamente para a opinião pública americana, visada primordialmente
pelo fanatismo muçulmano: resistir ou se aparvalhar?
Eleições
americanas: Armagedon para toda a Terra
Após acirrada campanha,
o pres. Bush é reeleito par amais um mandato de quatro anos.
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Na
campanha presidencial americana, o macro-capitalismo publicitário, multimilionários
de esquerda, partidos socialistas moderados ou radicais, ativistas da Revolução
Cultural, progressismo católico, torceram desesperadamente, e em todos
os países, para vergar as resistências da opinião pública americana e instalar
um presidente capitulacionista. Mas, em sentido contrário, o movimento
conservador americano não parava de voltar-se para a religião, a família,
as genuínas tradições nacionais e a propriedade privada. Agigantou-se assim
o chamado “abismo divino”(60) entre os conservadores que acreditam
em Deus e liberais-esquerdistas céticos ou agnósticos.
A
disputa pela presidência americana virou então uma “eleição Armagedon”,(61)
porque de algum modo participaram nela todos os povos da Terra. A polêmica
chegou à Santa Sé. Pelo menos 12 arcebispos e bispos americanos condenaram
de público os políticos católicos abortistas ou que apóiam o “casamento”
homossexual. Mas não tiveram eco unânime na Conferência Episcopal dos
EUA.
Triunfo
conservador sem precedentes
Em
2 de novembro o conservadorismo obteve estrondoso triunfo. “Tradição,
família e fé na Casa Branca”;(62) “Onda conservadora dá vitória
completa a Bush”;(63) “Valores morais, a chave da vitória de Bush
na centro-direita”(64) –– eis algumas manchetes de grandes jornais.
Na ocasião, 11 Estados aprovaram em plebiscito emendas constitucionais
estaduais que banem o “casamento” homossexual. Todas endossadas
por largas maiorias.
Os
militantes esquerdistas experimentaram amarga frustração. O politólogo
Thomas Frank chegou a afirmar: “Não há mais esquerda nos EUA”.(65)
A subseqüente renovação do gabinete do presidente Bush fortaleceu os chamados falcões.
Alternativa
para a Europa: soberania, sim ou não
No
início de 2004, a Europa quase toda era governada pela direita.(66) A seguir
a “extrema-direita” venceu na Caríntia, Áustria, e o partido conservador
na Grécia. As anômalas eleições espanholas foram um parêntese. A “extrema-direita”
reapareceu com força nas eleições de Brandemburgo e Saxônia, na Alemanha.
Na
escolha do Parlamento Europeu, 55,4% dos 350 milhões de eleitores não votaram.
Pesou nesse resultado a recusa de uma menção ao cristianismo no projeto
de Constituição Européia. Porém os governantes europeus tornaram-se surdos à lição
das urnas e aprovaram esse projeto que destrói as soberanias. O anúncio
do ingresso da Turquia na UE causou ainda mais calafrios, pois uma potência
muçulmana poderá ter o maior peso nas decisões da UE.
E
a União Européia ingressa em 2005 sob uma espada de Dâmocles: os referendos
populares podem rejeitar essa Constituição agnóstica, confusa e incompreensível,
apelidada “natimorta”.(67) Desses referendos depende o futuro do
continente.
Estagnação da natalidade européia e expansão
do Islã
Na
Alemanha, o sistema previdenciário entrou em colapso. A causa? Não há jovens
em número suficiente para manter o sistema. A perspectiva é que em 30 anos
nascerão mais crianças muçulmanas que alemãs. O cenário não é muito diverso
no resto da Europa.
Na
Holanda, o assassinato de um cineasta por um fanático islâmico foi estopim
de violências que resultaram na queima de 20 mesquitas e escolas muçulmanas.
A polícia holandesa tomou de assalto um prédio, ninho de terroristas, e
desmontou um acampamento de treinamento de guerrilheiros curdos.
Na
França, sob pretexto de conter o extremismo islâmico, o governo proibiu
o uso de símbolos religiosos nas escolas, inclusive católicos. Como revide,
terroristas iraquianos seqüestraram dois jornalistas franceses e exigiram
a abolição dessa proibição, sob pena de assassiná-los.
Na
Espanha, covarde atentado islâmico causou quase 200 mortos e mais de 1.400
feridos às vésperas de eleições gerais. O socialismo se beneficiou da tragédia
e do trauma dela decorrente, vencendo inesperadamente. Uma vez no poder,
retirou as tropas espanholas do Iraque; financiou oficialmente o Islã;
promoveu o ensino do maometanismo nas escolas; aproximou-se da ditadura
cubana; anunciou o fim do ensino do catolicismo como matéria escolar; alargou
o âmbito da legislação do divórcio e do aborto e introduziu o “casamento”
homossexual. O Primaz da Espanha declarou que a Igreja agora enfrenta
um governo e uma mídia “dispostos a despedaçá-la”.(68)
Rússia:
comunismo metamorfoseado vai reaparecendo
Na
Rússia, Putin consolidou seu poder praticamente ditatorial e reacendeu
a guerra fria com o Ocidente. Criou um clima de desconfiança contra
a livre empresa; sufocou a mídia e a oposição política; renovou o seu mandato
em eleições claramente falseadas; acabou com as eleições para governador;
consumou a onipotência do poder da ex-KGB; ameaçou o Ocidente com armas
inauditas; e, por fim, procurou influir nas eleições realizadas na Ucrânia
em favor do candidato pró-Rússia. Apoiado pela Rússia, o Irã desenvolveu
armas atômicas e trocou com Israel ameaças de represálias nucleares.
Em
2003, a Rússia bajulara a Europa e propugnara veladamente uma aliança contra
os EUA. No fim de 2004, até para os europeus mais capitulacionistas ficou
claro que essa aliança é muito perigosa.
China:
o tigre de papel e a perseguição
anticatólica
China: perseguição aos
fiéis a Roma
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A
China seguiu recebendo enxurradas de investimentos, mas patentearam-se
as colossais incongruências do seu sistema econômico e as miseráveis condições
de trabalho de operários e camponeses. O governo de Pequim foi esmagando
em Hong Kong as liberdades políticas e religiosas que restavam, sem incomodar-se
com os maciços e virulentos protestos populares.
O
governo comunista procurou obter a apostasia de bispos e sacerdotes fiéis
a Roma, tentando forçar sua adesão à cismática igreja patriótica, aparentada
com a igreja progressista seguidora da Teologia da Libertação no
Brasil.(69) A heróica recusa dos fiéis chineses teve conseqüências: destruição
de igrejas católicas e martírios como o do bispo de Yantai, D. Giovanni
Gao Kexina, morto após anos de "reeducação" em campos
de concentração.
Acobertada
por Pequim, a Coréia do Norte ameaçou o Japão e o mundo com armas atômicas,
reforçou a tirania com ferozes repressões e utilizou presos como cobaias
para testar gases tóxicos.
América
do Sul: populismo cubanizante
Vacilante
e debilitado, o regime castrista atravessou o ano com violências e bravatas.
O sistema elétrico da ilha faliu. Sem o turismo, máxima fonte de divisas,
Fidel obrigou o povo a entregar seus dólares a troco da moeda local desvalorizada.
Enquanto
na Colômbia a firme política contra a guerrilha marxista do presidente
Uribe obtinha alvissareiros resultados, a Venezuela descambou cada vez
mais para um regime tirânico e de miséria, nos moldes cubanos. Segundo
autorizadas vozes da própria Venezuela, o presidente Chávez fraudou o plebiscito
popular e consolidou-se praticamente como ditador. Contou para isso com
o apoio entusiástico do PT e das esquerdas internacionais, embora fosse
contestado por gigantescas manifestações oposicionistas. Chávez também
despenalizou o aborto e fez compras maciças de armas na Rússia.
Abismo
entre o establishment e a opinião
pública
A Turquia muçulmana poderá ter
o maior peso nas decisões da União Européia
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No
final do ano, era considerável a distância entre o establishment político
e midiático e a opinião pública mundial. Um dos sintomas disso foi
a acentuada queda de usuários de jornais e TVs e a contestação popular,
através da Internet, de informações deturpadas veiculadas pela grande mídia.
Dan Rather, o mais famoso âncora televisivo americano, teve que
renunciar, após divulgar documentos falsos que visavam prejudicar o presidente
Bush.
Mas
a rara mídia que se aproximou do público real alcançou explosiva expansão,
como a Fox, cadeia de TV que se inclinou para o movimento conservador
americano e o apoiou.