2004 Expansão do caos e vitórias conservadoras


18/01/2005

Luís Dufaur

CRISE MORAL E RELIGIOSA

Um mar de lama invadiu o mundo inteiro, mas encontrou oposições inesperadas

Na França, o governo aprovou o “aborto em casa”. Em Barcelona, começou a distribuição gratuita da “pílula do dia seguinte” sem receita médica. O Irã legalizou o aborto.


Chirac: França debate eutanásia

Contra a avalanche da imoralidade, em 2004 levantaram-se notáveis reações. Os EUA reconheceram a existência jurídica do feto e baniram o tenebroso “aborto por parto parcial”. Holanda e Portugal proibiram o “barco da morte” holandês, que pratica abortos em águas internacionais. O sinistro navio voltou sua proa para a Argentina, talvez visando interferir no debate sobre o aborto no Brasil, já anunciado para 2005.

A França,presidida por Jacques Chirac começou a discutir a eutanásia, enquanto a Holanda já pensa aplicá-la aos bebês. A Grã-Bretanha deu permissão aos que quiserem suicidar-se legalmente na Suíça, e foi obrigada pela Corte Européia a aceitar o “casamento” entre transexuais. O Chile aprovou o divórcio.

Na Espanha, 1.200 homossexuais pediram para serem apagadas suas atas de batismo na Igreja. A província católica canadense de Quebec e a Suíça liberaram o chamado “casamento” homossexual. Nos EUA, o Estado de Massachusetts aprovou tal “casamento”. A prefeitura de São Francisco efetuou com  espalhafato milhares dessas uniões antinaturais. A Suprema Corte da Califórnia, contudo, invalidou todos esses atos. Também na França o primeiro “casamento” homossexual foi invalidado pela Justiça e o prefeito responsável foi punido pelo eleitorado, perdendo na eleição seguinte.


Cemitério exclusivo para vítimas da AIDS na África do Sul

A Onusida calculou que 40 milhões de pessoas no mundo tinham AIDS. A doença expandiu-se explosivamente na China e na Índia. A Rússia pode perder mais de 25 milhões de habitantes até 2020, devido ao controle da natalidade e à difusão do HIV. Em sentido contrário, a Uganda colheu brilhante sucesso no combate à AIDS, mediante a promoção da castidade pré-matrimonial, ao invés da divulgação de preservativos.

Degringolada do mito do mundo moderno

Em 2004 a confiança na modernidade esfarelou-se. Segundo o Gallup Internacional, 48% dos homens prevêem um futuro menos seguro, contra 25% de otimistas. O mundo todo considera corrupta a classe política; 87% dos latino-americanos são dessa opinião.


Armin Meiwes, o canibal de Rotemburgo

No ano cresceu até a pirataria no alto mar: 20% a mais que em 2003. O canibal de Rotemburgo foi condenado apenas a oito anos de prisão, mas sua mórbida façanha virou sucesso rock. A moda do megahair, com cabelos de prisioneiras russas, foi adotada por modelos. Os campos de extermínio da ex-União Soviética tornar-se-ão pontos turísticos. O Museu de Ciência de Londres anunciou planos de expor um cadáver em decomposição. Mais de 100 homens desceram às ruas de Manhattan de saia, pedindo o “fim da tirania das calças”. As sandálias havaianas fizeram sensação nos ambientes do jet-set. Uma danceteria de Barcelona inaugurou a implantação de chip na pele dos clientes VIP, como o usado para identificar o gado.


O arcebispo anglicano de Canterbury

Cabala e superstições difundiram-se enormemente. Na catedral de Santiago do Chile, um sacerdote foi assassinado por satanista, após celebrar a Missa. A Marinha inglesa permitiu o culto satânico nos seus navios de guerra. Na Itália, surgiu um mercado satanista de hóstias consagradas, onde se paga mais pelas espécies obtidas em missas na proximidade do Vaticano. A cidadezinha de Caronia, na Sicília, foi evacuada devido a sintomas de possessão diabólica coletiva que a acometeram em série.

Crise do ecumenismo e perseguições anticatólicas

A chamada igreja anglicana ordenou mulheres e sagrou um bispo homossexual. Com isso ficou ela no“limite da implosão”.(70) Na Europa, protestantes prosseguiram a prática de leiloar ou alugar os seus templos para bancos, supermercados, museus e residências.


Bartolomeu I, patriarca cismático de Constantinopla, em visita a Cuba

O patriarcado cismático de Moscou descarregou virulentos ataques contra a Igreja Católica, apesar de gestos ecumênicos por parte da Santa Sé, como a entrega do ícone da padroeira da Rússia.(71) Bartolomeu I, chefe do microscópico patriarcado de Constantinopla, na Turquia, aderiu às críticas anticatólicas russas,(72) viajou a Cuba, onde defendeu posições castristas;(73) e no fim do ano, foi ele presenteado pela Santa Sé com as relíquias de São João Crisóstomo e São Gregório Nazianzeno, Arcebispos de Constantinopla.(74)

A mídia vinculada à Santa Sé e à Conferência Episcopal Italiana “pôs na sombra o terrorismo islâmico e fez um desanimador silêncio sobre a fé dos assassinados”.(75)

A sanha anticatólica não foi sanguinária apenas no mundo islâmico e na China. A Índia e o Sri-Lanka anunciaram leis anticonversão. O budismo perseguiu os católicos no Oriente, e o protestantismo fez o mesmo na Escócia.

CONCLUSÃO

Dois fatos reveladores do rumo das tendências opostas ocorridas em 2004

Portugal ficou abalado pelo anúncio da remoção do reitor do Santuário de Fátima, devido a seu imprudente ecumenismo. Ele franqueara a Capela das Aparições a uma delegação hinduísta que cantou e fez oferendas sobre o próprio altar. Os desmentidos do reitor agravaram os temores, pois nada desmentiam.(76) Também tornou-se público que instalações de Fátima eram usadas para encontros homossexuais, anunciados há anos em sites turísticos da Internet.(77)

Poderia ter ido mais longe a recusa de Nossa Senhora que, em Fátima, advertiu o mundo do advento de tremendos castigos, caso a humanidade não se emendasse?

150º aniversário do dogma da Imaculada Conceição

No mês de dezembro transcorreu uma auspiciosa comemoração: os 150 anos da proclamação do dogma da Imaculada Conceição. Em 1854, a onda revolucionária anticristã varria Europa. O Bem-aventurado Pio IX –– que poucos anos antes tivera que se exilar, após a revolução que abolira a monarquia pontifícia em Roma –– voltando à cidade dos Papas, proclamou solenemente esse dogma glorioso. Maria Santíssima, Ela própria, apareceu em Lourdes, confirmando a origem celeste do dogma e inaugurando uma série de aparições mariais que vêm preparando o mundo para o dia do triunfo de seu Imaculado Coração, anunciado em Fátima.

É lícito conjeturar que as reações conservadoras –– que em 2004 se contrapuseram às tendências que precipitam a humanidade na ruína –– sejam sintomas da intervenção em grande escala de Nossa Senhora em nossos dias. Tais reações assemelham-se aos primeiros movimentos de alma que encaminharam o filho pródigo da parábola evangélica a voltar à casa paterna. Mas, neste caso, trata-se de inúmeras almas e de povos inteiros.

E-mail do autor: luisdufaur@catolicismo.com.br

A aparição de Nossa Senhora em Lourdes inaugurou uma série de outras aparições mariais que preparando o mundo para o dia do triunfo de seu Imaculado Coração, anunciado em Fátima

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Notas:

1. Cfr. “O Estado de S. Paulo”, (OESP), 7-10-04; 18-11-04.

2. Cfr. OESP, 31-12-03.

3. Cfr. OESP, 26-2-04.

4. Cfr. “Folha de S. Paulo” (FSP), 4-5-04.

5. Cfr. FSP, 11-1-04.

6. Cfr. FSP, 9-1-04.

7. Cfr. OESP, 8-12-04.

8. Cfr. OESP, 2-12-04.

9. Cfr. OESP, 3-9-04.

10. Cfr. “Jornal do Brasil”,[JB], Rio, 29-8-04.

11. Cfr. OESP, 8-12-04.

12. Cfr. OESP, 28-5-04.

13. Cfr. OESP, 2-8-04.

14. Cfr. JB, 20-2-04.

15. Cfr. Nelson Ramos Barretto, Trabalho escravo, nova arma contra a propriedade privada, Artpress,São Paulo, 2004.

16. Cfr. OESP, 19-11-04 e 24-11-04.

17. Cfr. OESP, 28-11-04.

18. Cfr. “O Globo”, (OG), Rio, 8-1-04.

19. Cfr. OESP, 5-11-04.

20. Cfr OESP, 22-5-04.

21. Cfr. OG, 1-6-04.

22. Cfr JB, 20-7-04.

23. Cfr. OESP, 2-2-04.

24. Cfr. OESP, 2-7-04.

25. Cfr. OESP, 21-10-04.

26. Cfr. OESP, 28-8-04.

27. Cfr. FSP, 22-6-04.

28. Cfr. OESP, 20-2-04.

29. Cfr. FSP, 16-9-04.

30. Cfr. OESP, 4-11-04.

31. Cfr. OESP, 16-6-04.

32. Cfr. “Jornal da Tarde”, (JT), S. Paulo,  31-1-04.

33. Cfr. FSP, 20-3-04.

34. Cfr. OESP, 5-3-04.

35. Cfr. FSP, 10-3-04.

36. Cfr. OESP, 21-6-04.

37. Cfr. OESP, 1 e 8-9-04.

38. Cfr. FSP, 25-5-04.

39. Cfr. OG, 13-11-04; FSP, 16-11-04 e OESP, 17-11-04.

40  Cfr. FSP, 16-11-04.

41. Cfr. OESP, 10, 11 e 13-7-04.

42. Cfr. OESP, 20 e 21-8-04.

43. Cfr. OESP, 10-12-04.

44. Cfr. FSP, 31-5-04.

45. Cfr. OESP, 11-6-04.

46. Cfr. OESP, 13-7-04.

47. Cfr. OESP, 15-8-04.

48. Cfr. OESP, 8-8-04.

49. Cfr. JB, 30-9-04.

50. Cfr. FSP, 6-9-04.

51. Cfr. OG, 27-9-04.

52. Cfr. OESP, 22-10-04.

53. Cfr. Gaudêncio Torquato, OESP, 7-10-04.

54. Cfr. OESP, 7-10-04.

55. Cfr. OESP, 7-12-04.

56. Cfr. OESP, 29-10-04.

57. Cfr. FSP, 2-7-04.

58. Cfr. OESP, 29-9-04.

59. Cfr. OESP, 10-9-04.

60. Cfr. OESP, 12-1-04.

61.  Cfr. OESP, 20-6-04.

62 Cfr. OG, 4-11-04.

63. Cfr. FSP, 4-11-04.

64. Cfr. OESP, 5-11-04.

65. Cfr. FSP, 7-11-04.

66. Cfr. OESP, 9-3-04 e “Le Monde”, Paris, 27-11-04.

67. Cfr. OESP, 18-6-04.

68. Cfr. ACI (Agência Católica Internacional), 16-8-04.

69. Cfr. FSP, 8-8-04, ACI, 28-6-04.

70. Cfr. David Hope, arcebispo anglicano de York, ACI, 8-12-04.

71. Cfr. Agência Zenit, 3-9-04.

72. Cfr. Zenit, 4-2-04.

73. Cfr. OG, 26-1-04.

74. Cfr. Zenit, 29-11-04.

75. Cfr. Sandro Magister, ACI, 7-9-04.

76. Cfr. “Voz da Fátima”, nº 982, 13-7-04; “O Público”, Lisboa, 29-9-04.

77. “Correio da Manhã”, Lisboa ,14-8-04.

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