Policial assassinado no
assentamento -- Na madrugada de 5 para 6 de fevereiro, um policial militar
foi morto e outro feito refém e torturado no assentamento Bananeira, do MST, em Quipapá (PE),
a apenas 200 km
do Recife. Um terceiro soldado conseguiu fugir a pé, enquanto o carro que
usavam era depredado. Quando caíram na emboscada, os policiais, do serviço de
inteligência da PM, estavam em trajes civis e investigavam José Ricardo
Rodrigues e uma mulher, ligados ao MST, suspeitos de participar de quadrilha
especializada em roubos de carga. O casal foi localizado na tarde de sábado ao
sul de Pernambuco. O sargento Cícero Jacinto da Silva e os soldados Adilson
Alves Aroeira e Luiz Pereira da Silva iniciaram uma perseguição ao Saveiro do
casal, encerrada somente quando o veículo entrou no assentamento do engenho
Bananeira. No local, um grupo de cem assentados cercou os três policiais que
tiveram de render-se e identificar-se. Mesmo assim, o sargento e um dos
soldados foram imobilizados e levados para o interior do assentamento.
Tomaram-lhes as armas. O terceiro policial conseguiu fugir e solicitou reforço.
Ao chegarem, os policiais encontraram o corpo do soldado morto a tiros e com
sinais de tortura. O sargento foi libertado. Ele fora amarrado e espancado.
“Organização criminosa” --
Para tentar salvar a face, o atual coordenador do MST em Pernambuco, Jaime Amorim,
disse que se tratava de uma quadrilha que utilizava o assentamento como base
para suas articulações. E que os assentados só participaram da atividade porque
foram enganados pelos irmãos José Ricardo e José Sérgio Rodrigues que teriam
sido expulsos do MST em novembro. Ambos estão foragidos. Depois disso, os
sem-terra foram orientados a deixar o assentamento. Editorial de um matutino
paulista comenta: “Importância alguma terá o fato de o assaltante José Ricardo
pertencer ainda ou ter sido expulso do MST - haverá um quadro oficial de
registrados numa organização oficialmente inexistente? Importa é o fato de
assentados ter dado abrigo e protegido, com armas e violência assassina, quem
sofria perseguição policial”. E conclui
que o MST é uma “organização criminosa”.
Eram da cúpula do MST -- Na
verdade, os assentados tratam Ricardo como um morador do local. Dizem que ele
tem uma casa lá. Os irmãos Rodrigues integraram a cúpula do MST em Pernambuco.
Sérgio era coordenador estadual, função de maior poder na hierarquia da
entidade. Ricardo era coordenador da microrregião de Belém de Maria (“Folha de
S. Paulo” e “O Estado de S. Paulo, 7 a 10-2-05).