“Respeito” descabido
17/03/2005
Policial assassinado — Na
madrugada de 5 para 6 de fevereiro, um policial militar foi morto, e outro
feito refém e torturado, no assentamento Bananeira, do MST, em Quipapá (PE),
a apenas 200 km do Recife. Um terceiro soldado conseguiu fugir a pé, enquanto
o carro que usavam era depredado. Quando caíram na emboscada, os policiais,
do serviço de inteligência da PM, estavam em trajes civis e investigavam
José Ricardo Rodrigues e uma mulher, ligados ao MST, suspeitos de participar
de quadrilha especializada em roubos de carga. O casal foi localizado na
tarde de sábado no sul de Pernambuco. O sargento Cícero Jacinto da Silva
e os soldados Adilson Alves Aroeira e Luiz Pereira da Silva iniciaram uma
perseguição à Saveiro do casal, encerrada somente quando o veículo
entrou no assentamento do engenho Bananeira. No local, um grupo
de 100 assentados cercou os três policiais, que tiveram de render-se e
identificar-se. Mesmo assim, o sargento e um dos soldados foram imobilizados
e levados para o interior do assentamento. Tomaram-lhes as armas. O terceiro
policial conseguiu fugir e solicitou reforço. Ao chegarem, os policiais
encontraram o corpo do soldado, morto a tiros e com sinais de tortura.
O sargento foi libertado. Ele fora amarrado e espancado.
“Organização criminosa” —
Para tentar salvar a face, o atual coordenador do MST em Pernambuco, Jaime
Amorim, disse que se tratava de uma quadrilha que utilizava o assentamento
como base para suas articulações. E que os assentados só participaram da
atividade porque foram enganados pelos irmãos José Ricardo e José Sérgio
Rodrigues, que teriam sido expulsos do MST em novembro. Depois disso, os
sem-terra foram orientados a deixar o assentamento. Editorial de um matutino
paulista comenta: “Importância alguma terá o fato de o assaltante José Ricardo
pertencer ainda ou ter sido expulso do MST – haverá um quadro oficial de
registrados numa organização oficialmente inexistente? Importa é o fato
de assentados terem dado abrigo e protegido, com armas e violência assassina,
quem sofria perseguição policial”. E conclui que o MST é uma “organização
criminosa”.
Eram da cúpula do MST — Na
verdade, os assentados tratam Ricardo como um morador do local. Dizem que
ele tem uma casa lá. Os irmãos Rodrigues integraram a cúpula do MST em
Pernambuco. Sérgio era coordenador estadual, função de maior poder na hierarquia
da entidade. Ricardo era coordenador da microrregião de Belém de Maria
(“Folha de S. Paulo” e “O Estado de S. Paulo, 7 a 10-2-05).
Contra o agronegócio —
O presidente da Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB),
Márcio Lopes de Freitas, disse que “respeita” a decisão do MST de intensificar
os protestos contra a lentidão da reforma agrária, contra o avanço do agronegócio
e contra o uso de sementes geneticamente modificadas no País (Ag. Estado,
9-2-05). Embora tenha acrescentado que é contra as invasões, causa estranheza
que um líder rural patronal “respeite” as decisões de um movimento subversivo.
Ainda mais quando a decisão “respeitada” é a de avançar contra o agronegócio,
base atual da economia nacional. Para alguém que deveria ser um defensor
do agronegócio... francamente é próprio a causar pasmo.
Cruzando os braços —
Mesmo no que se refere à ameaça do MST de intensificar as invasões, o presidente
da OCB limita-se a... esperar: “O produtor vai esperar para ver o que
acontece. Não podemos parar a produção. Vamos continuar trabalhando”. Os
cooperados não têm direito a nenhuma medida especial de proteção, por parte
da OCB, diante de uma ameaça tão explícita? A diretriz é simplesmente trabalhar
e esperar, até que todo trabalho seja destruído por hordas de invasores?
Amazônia: um "bem
público mundial"?
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Querem nos tirar a Amazônia — Para o francês Pascal Lamy, ex-comissário de Comércio da
União Européia e candidato a ocupar o posto de diretor da Organização Mundial
do Comércio (OMC), haveria espaço para “regras de gestão coletiva” das áreas
da Amazônia, insinuando que elas fossem tratadas como “bens públicos
mundiais”.
Ou
seja, a pretexto da morte da freira da CPT, Dorothy Stang, ressurge o velho
e repulsivo projeto de tirar a Amazônia do Brasil e entregá-la a organismos
internacionais. Por mais absurdo que isso possa parecer, recebeu um certo
aval do articulista da “Folha de S. Paulo” (25-2-05), Clóvis Rossi, o qual
defende que a tese de Lamy “não é para jogar fora”, e pede que ela
seja estudada com cuidado.
O
governo brasileiro oficialmente tem posição contrária à internacionalização
da Amazônia. Porém, essa proliferação de reservas florestais intocáveis,
de reservas indígenas imensas e a falta de colonização racional daquela
rica área, acabam favorecendo as ONGs ditas ambientalistas e todos os que
querem tirar a Amazônia do Brasil.
Veja:
http://www.catolicismo.com.br/
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