O governo
Lula, através do Ministério do Desenvolvimento Agrário, ameaça desarticular a
estrutura de produção que sustenta as exportações agrícolas brasileiras.
Essa ameaça
se concretiza nas anunciadas exigências de produtividade para efeitos de
desapropriação para reforma agrária. Ou seja, até agora consideravam-se
produtivas as propriedades agrícolas que atingissem determinados índices de
produção (GUT e GEE), as quais não podiam ser desapropriadas (vide box).
Agora, o
governo quer aumentar significativamente esses índices, de modo a qualificar como “improdutivas”, com uma penada, as
propriedades até agora consideradas “produtivas”. E com isso desapropriá-las,
através da Reforma Agrária, para entregá-las aos sequazes do MST, que
certamente se encarregarão de transformar tais terras em novas favelas rurais.
Além da injustiça flagrante de tal medida, o golpe na produção nacional poderá
ser muito forte e corre o risco da abalar as exportações e aumentar o nível de
pobreza no Brasil, a exemplo de Cuba e do Zimbábue. Das regiões com alto nível
de produção de soja e milho, raras vão conseguir cumprir as exigências e ficar
fora da linha de tiro do governo.
Ante uma
salutar reação havida da parte dos proprietários, o Ministério do
Desenvolvimento Agrário acenou para a possibilidade de índices com valor um
pouco menor do que havia anunciado inicialmente. É sempre a tática de tentar
fazer com que os fazendeiros que não querem engolir um boi, engulam pelo menos
um novilho. Cumpre aos interessados mobilizarem-se para pressionar as cúpulas
rurais a fim de que estas utilizem a grande influência que têm sobre o governo, no sentido
de evitar esse golpe na agropecuária nacional.
A política
do ceder para não perder, nunca deu certo. Por ocasião dos debates
parlamentares que precederam a aprovação da atual Constituinte, o Prof. Plínio
Corrêa de Oliveira alertou vivamente os deputados da bancada ruralista e toda a
Nação, para que não deixassem nas mãos do governo a
possibilidade de desapropriar terras com base em índices fabricados pelo
próprio governo. Não foi ouvido. Está acontecendo o que ele previu. Cumpre
agora, pelo menos, não deixar-se cegar novamente pelo otimismo, e lutar para
evitar o quanto possível esse mal que ameaça o campo brasileiro.
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Box
O
GUT e o GEE
O GUT (Grau
de Utilização da Terra) não pode ser menor que 80%, ou seja, da área
aproveitável do imóvel, pelo menos 80% dela deve estar cultivada com lavouras,
pastagens, exploração florestal ou extrativista, para que a propriedade seja
considerada produtiva.
O GEE (Grau de Eficiência na Exploração) se refere aos rendimentos
por hectare, ou lotação de unidades animais por hectare. O INCRA possui uma
tabela que apresenta, para cada exploração agrícola, extrativista, ou
florestal, as quantidades / ha mínimas,
por região do País; e o número de animais mínimas, conforme a Zona de Pecuária
do País (também encontrado em
tabela). Caso a média dos rendimentos por hectare, das
explorações agrícolas, extrativistas, florestais e pecuárias não atinja o
mínimo das tabelas, o GEE será menor que 100%, e não será satisfatório.