“Combatei hoje, com o Exército dos anjos bons, o combate do Senhor”
22/09/2005
Plinio Maria Solimeo
A festa dos
três arcanjos Miguel, Gabriel e Rafael, que se poderia estender
a todos os santos anjos, leva-nos a pedir-lhes que nos ajudem contra a perversidade
e as insídias dos demônios que infestam a civilização
neopagã atual
Cortonese. Catedral
de Orvieto, Itália |
Em nosso mundo tão materializado, os homens não crêem mais
senão naquilo que podem perceber pelos sentidos. Falar-lhes, pois, de
Anjos, é quase o mesmo que discorrer sobre fadas ou contos infantis.
Entretanto, nunca a devoção aos santos Anjos foi tão necessária
como atualmente, pois o que resta de civilização cristã praticamente
agoniza, e os atos de satanismo, velados ou declarados, vêm ganhando
direito de cidadania. Uma impressionante onda de crimes horripilantes abala
a sociedade atual: ataques terroristas, que espezinham o valor da vida humana;
matança de inocentes pelas próprias mães, por meio da
prática do aborto; prostituição infantil; pedofilia; imoralidade
desbragada, que praticamente resultou na implantação do amor
livre. Pecados contra a natureza, que bradam aos Céus e clamam a Deus
por vingança, vêm-se estabelecendo legalmente em vários
países. Para não falar das modas, atingindo tal índice
de imoralidade, que para o nudismo completo falta pouco.
Ora, tudo isso não se processa sem intensa ação direta
ou indireta do espírito das trevas. Indireta (ou disfarçada),
pois para ele convém mais agir como se não existisse, e não
aparecer assim como o principal inspirador ou promotor de grande parte do mal
que campeia na Terra.
Tais considerações, de suma gravidade, levam-nos a votar uma
devoção crescente aos santos Anjos e a rogar-lhes instantemente
seu auxílio e proteção. É o que pretendemos com
o presente artigo que, entretanto, tem como base as linhas gerais do ensinamento
dos estudiosos católicos sobre o assunto, sem entrar nas legítimas
disputas que existem a respeito de alguns pontos da angeologia.
A admirável natureza angélica
Nas Sagradas Escrituras, a presença dos Anjos é citada com freqüência.
O número
dos anjos excede ao das coisas corporais e materiais. Pois Deus, em
sua perfeição e em seu poder infinitos, criou seres tanto
mais numerosos quanto mais perfeitos eram em si mesmos. |
Deus, tendo criado tão variegada ordem de seres corporais, quis também
criar seres imateriais, espirituais, incorpóreos, invisíveis
e incorruptíveis como são os Anjos. Por suas perfeições,
eles representam mais plenamente a bondade e a onipotência do Senhor
que os tirou do nada.
Segundo a opinião de vários Doutores da Igreja, os Anjos foram
criados logo no início da criação do universo. São
incorruptíveis e imortais, pois, como não têm corpo, não
estão sujeitos à morte, frio ou calor, fome e sede, cansaço
e enfermidade, nem às outras misérias a que está submetido
o corpo humano. São dotados de uma mobilidade espantosa em sua ação,
como não há símile na Terra, pois têm a mobilidade
do pensamento. Assim, para eles, basta pensar e desejar para estar em qualquer
parte. Por outro lado, o seu entendimento não é discursivo; basta-lhes
ver, para conhecer cada coisa em sua essência, de modo muito mais completo
que o conhecimento humano. Desde sua criação, têm um conhecimento
perfeito e consumado de todas as coisas que se podem conhecer naturalmente.
Ademais, sua vontade é constante e eficaz, querendo eles tão
cabalmente o que desejam, que nunca se apartam do que escolheram. Por isso,
do pecado dos anjos maus decorreram conseqüências infinitas, pois
a escolha que fizeram foi de uma vez para todo o sempre.
Ministério
de reger e conservar o mundo
Quantos são esses ministros do Senhor, como os chama São Paulo?
São João, no Apocalipse, diz: “E ouvi a voz de muitos anjos
em volta do trono [...] e era o número deles milhares de milhares” (Apoc.
5, 11). O Profeta Daniel, falando também de seu número, diz: “Eram
milhares de milhares [os anjos] que o serviam, e mil milhões os que
assistiam diante d'Ele” (Dan. 7, 10). Acrescenta o pseudo-Dionísio
que o número dos anjos excede ao das coisas corporais e materiais. Pois
Deus, em sua perfeição e em seu poder infinitos, criou seres
tanto mais numerosos quanto mais perfeitos eram em si mesmos.
Os anjos são os principais ministros da Divina Providência para
reger e conservar o mundo. São eles que presidem os movimentos do mundo
sideral e, com sua concertada ação e influência, regem
toda a vida, variedade, distinção e beleza que há nas
criaturas corporais. Eles presidem os países, províncias, Estados
e cidades, são os conservadores de todas as espécies visíveis,
distribuidores dos dons e executores da vontade de Deus.
Cada homem, desde o primeiro até o último que for criado, teve,
tem e terá, como nos ensina a Santa Madre Igreja, um anjo da guarda.
A única exceção foi para Nosso Senhor Jesus Cristo em
sua natureza humana. Pois, como também é Deus, não teve
necessidade de anjo que O guardasse.
Tendo assim todos os homens um anjo custódio — não havendo
nisso exceção para bons ou maus, fiéis ou infiéis — são
eles milhões e milhões.
Maravilha ainda maior é que cada anjo difere do outro como único
em sua espécie, como um infindável campo coalhado de numerosíssimas
flores, em que não houvesse duas da mesma espécie. Assim é o
universo angélico.
Pelo que sabemos dos anjos inferiores, sendo já tão grande sua
perfeição e excelência, como serão os serafins?
Como será São Miguel Arcanjo, Príncipe da Milícia
celeste, que, segundo alguns autores, ocupa o lugar supremo na Hierarquia angélica?
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Veja:
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