O Brasil e seu agronegócio ameaçados pelo leviatã ecológico
23/02/2006
Hélio Brambilla
Engessamento de propriedades rurais
Por mais contrários que sejam ao atual ambientalismo, um pouco mais,
um pouco menos, todos os proprietários rurais concordam com a necessidade
de certa preservação ambiental, para garantir um meio ambiente
saudável às novas gerações; e também são
favoráveis a preservar florestas tocadas ou devastadas pelo homem, bem
como os animais que compõem os chamados ecossistemas.
A pantagruélica fome do dirigismo estatal em questões ambientais é insaciável.
Vamos limitar nossas considerações a suas conseqüências
sobre as propriedades rurais e sobre o agronegócio.
O Novo Código Florestal brasileiro (lei 4771/65) e suas alterações
posteriores, especialmente a MP 2166 de 25-08-2001, introduziram uma verdadeira
paralisia em certos setores (madeireiro, por exemplo) e engessamento em outros.
Sem considerar que essa confusão foi ainda aumentada pelo Projeto de
Lei conhecido como de gestão de florestas, de fevereiro de 2005, encaminhado às
pressas ao Congresso Nacional como medida atabalhoada para conter o conflito
surgido com o assassinato da freira Sting.
O Código Florestal introduziu o conceito de reserva legal em propriedades
rurais e impôs a reserva de 50% da área para aquelas situadas
na Amazônia e 20% para as demais regiões. A medida onerou a produção
de alimentos e de produtos florestais, tornando inviável para diversos
proprietários a exploração econômica de suas terras.
Em 1966 o presidente Fernando Henrique Cardoso editou a medida provisória
2166, que aumentou para 80% a reserva legal na região amazônica,
35% para o cerrado na região amazônica, 25% para o cerrado em
outras regiões e 20% para as demais. Com essa medida, somando-se as
terras indígenas, as áreas de preservação ambiental,
as florestas, os parques nacionais etc., segundo a opinião quase unânime
dos agricultores, praticamente 50% do território nacional está virtualmente
indisponível para a produção econômica. Sem considerar
as reivindicações que começam a ser formuladas, de que
o Brasil cumpra a Convenção 169 da Organização
Internacional do Trabalho, “que garante a populações tradicionais
reaverem seus 'territórios perdidos': os indígenas e quilombolas,
por exemplo. Segundo Maria Emilia de Morais, do Conaq — Coordenação
Nacional dos Quilombolas — um quarto do território nacional pode
estar enquadrado hoje nessa categoria de terras tradicionalmente ocupadas” (in
Marco Aurélio Weissheimer – A Agenda recuperada, - texto apresentado
para discussão da Conferência Internacional Sobre Reforma Agrária
e Desenvolvimento Rural, a ser realizada em Porto Alegre no início do
mês de março de 2006, organizada pela FAO e pelo governo brasileiro).
A este respeito, é sintomático o comentário do presidente
da FUNAI (Fundação Nacional do Índio), Mércio Pereira
Gomes, sobre as reservas indígenas, o qual deixou furiosos os indigenistas
e as ONGs que se dedicam à assistência às etnias: “É terra
demais” –– declarou ele sobre os 12% da área do País
ocupados pelos 450 mil índios.(3)
Esse cenário de incertezas ficou ainda mais agravado a partir de setembro
de 2001, quando a emenda constitucional nº 32 redefiniu os prazos das
MPs, deixando num vazio jurídico a MP 2166, que apesar de tudo continua
a ser aplicada, como uma verdadeira espada de Dâmocles sobre as cabeças
dos produtores rurais e sobre o futuro do agronegócio.
Produção de biocombustível para substituir o petróleo
Frasco com bio-diesel, óleo
de origem vegetal para substituir o diesel do petróleo |
Certa imprensa de esquerda e a totalidade dos “verdes” afirmam
que elementos ultranacionalistas preocupavam-se com a invasão da Amazônia
por estrangeiros. De jure isto não se deu, mas de fato a “seita” eco-nazi-comunista,
com seus poderosos lobbies, está conseguindo engessá-la e encarquilhá-la,
para futuramente transferir talvez o domínio amazônico para
algum super-governo mundial que possa aparecer.
O ex-presidente francês François Mitterrand, em 1991, declarou
que “o Brasil precisa aceitar a soberania relativa sobre a Amazônia”.
Declaração que equivale a uma ameaça contra o Brasil.
Afirmação que casa perfeitamente com a de Pascal Lamy, ex-comissário
de Comércio da União Européia, de que "as florestas
tropicais como um todo devem ser submetidas à gestão coletiva,
ou seja, gestão da comunidade internacional”.(4)
O panorama é ainda mais revoltante porque para a Amazônia converge
nossa fronteira agrícola, destinada a produzir alimentos saudáveis
e baratos para alimentar o Brasil e o mundo.
Outro aspecto importante a salientar é a proximidade da escassez de
combustíveis fósseis, tornando a oferta de petróleo cada
vez menor, e por conseguinte, a um preço cada vez maior. Só o
Brasil tem condições de suprir em larga escala essa escassez,
atendendo as demandas mundiais de biocombustíveis.
Na passagem de ano, o Brasil se tornou auto-suficiente em matéria de
petróleo, ultrapassando o marco de 1 milhão e 800 mil barris
produzidos por dia. Secundado pelo álcool para misturar na gasolina
(o anidro) e para consumo direto nos veículos (o hidratado), cuja produção
atingiu 18 bilhões de litros na safra, ou seja, o equivalente a 300
mil barris/dia.
Além disto, as usinas produzem 27 milhões de toneladas de açúcar:
17 milhões para exportação e 10 milhões para consumo
interno.
A fim de fazer face à demanda, 42 novas usinas entrarão em funcionamento
até 2010, e outras 40 até 2013, aumentando o potencial de álcool
no mercado interno e também suprindo a crescente demanda de exportação.
No ano de 2005, mais de 2,5 bilhões de litros foram exportados.
O Brasil produz álcool pelos preços mais competitivos do mundo.
Além disso, cada vez mais as usinas têm utilizado tecnologias
de cogeração de energia elétrica, através do calor
excedente da queima do bagaço da cana. A somatória da energia
assim gerada já chega a aproximadamente 50% da energia produzida pela
usina de Itaipu, a maior hidrelétrica do mundo.
Fala-se cada vez mais no bio-diesel, ou seja, no óleo de origem vegetal
para substituir o diesel de petróleo. Aliás, é bom lembrar
que Rudolf Diesel inventou o seu motor com óleo vegetal, e só depois
usou o óleo de petróleo, que passou a chamar-se “diesel” em
sua homenagem.
Por decreto governamental, neste ano de 2006 será obrigatório
adicionar 2% de óleo vegetal ao diesel de petróleo, cujo consumo
gira em torno de 30 bilhões de litros; ou seja, no primeiro ano o Brasil
precisará de 600 milhões de litros de óleo vegetal.
Na Feisucro/2005 (Feira Internacional do Setor Sucroalcoeiro) realizada
de 7 a 10 de novembro de 2005 no Centro de Convenções do Anhembi,
em São Paulo, foi largamente tratado e mostrado um frasco com bio-diesel,
composto por 75% de óleo de soja e 25% de álcool anidro.
Várias outras plantas podem fornecer óleo para o bio-diesel:
canola, girassol, mamona, dendê e soja, entre outros, passando por um
processo chamado de desesterificação, ou seja, retirando do óleo
a glicerina.
Para ser auto-suficiente, o Brasil precisaria produzir mais 7,5 bilhões
de litros de álcool e 23,5 bilhões de óleo vegetal. Nossa
fronteira agrícola estaria apta para produzir e superar esta meta.
Modelo mundial de produção de “energias
limpas”
Algum leitor perguntará: caso se atinja essa auto-suficiência,
o que o Brasil fará com o petróleo, já em fase de auto-suficiência?
A resposta é simples: exportaríamos, gerando muitas divisas para
o País; ou deixaríamos para “reservas estratégicas”,
que todas as grandes nações possuem por razão de segurança;
ou se guardaria para finalidades mais nobres no futuro.
O professor José Walter Bautista Vidal, um dos maiores físico-químicos
brasileiros, participou há pouco mais de um ano, na Alemanha, de um
Fórum Mundial de energias renováveis. Em conversa com este redator,
contou que estavam presentes representantes de mais de 150 países, sendo
ele o do Brasil. Ao encerrar o Fórum, um dos maiores cientistas alemães
em energia, que conhece muito o Brasil e sua matriz energética, homenageou
na pessoa do ilustre professor Vidal o País, apresentando-o como modelo
na produção de “energias limpas”: usinas hidroelétricas
para gerar eletricidade, e álcool para mover os carros. Assegurou que “o
Brasil será a Arábia Saudita do terceiro milênio",
e concluiu, após ovação, “for ever” (para
sempre).
Que conclusões podemos tirar do exposto?
Vemos grandes interesses internacionais revolucionários, com fortes
ramificações no País, rondando-o como hienas famintas,
prontas a nos estrangular e impedir que o Brasil católico se torne a
grande potência no cenário mundial, já prenunciada desde
seu descobrimento pelo Cruzeiro do Sul, que do céu nos abençoa!
A Nação saberá lutar para sobrepor-se a essas pressões
e más influências? Eis a questão.
Notas:
1. "O Estado de S. Paulo",
23-12-05.
2. "Cooperativa Agrícola de Cascavel",
nov./2005, p. 5.
3. "O Estado de S. Paulo",
16-1-06.
4. Carlos de Meira
Mattos, A Internacionalização da Amazônia, "Folha
de S. Paulo", 13-4-05.
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Veja:
http://www.catolicismo.com.br/
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