Plinio Corrêa de Oliveira, desde pequeno, cultivou os valores contra-revolucionários


03/10/2008

Adolpho Lindenberg

Uma personalidade suscitada por Deus


Dr. Plinio, nos anos 1940 e 1950, leu os discursos de Pio XII à nobreza e patriciado romano, e teceu muitos e magníficos comentários a respeito. Tais comentários, ele depois os compilou e completou em seu último livro, publicado em 1993: Nobreza e Elites Tradicionais Análogas nas Alocuções de Pio XII ao Patriciado e à Nobreza Romana
Nestas linhas, tentei dar alguns traços de como Plinio, desde criança, já respirava valores contra-revolucionários. Com os anos, ele cresceu ultramontano, monarquista, antimodernista, católico em todas as suas manifestações. Com a leitura de autores como De Bonald, Donoso Cortés, Veuillot, e de numerosos santos como São Pio X (foto à esquerda), ele explicitou e formulou de forma sistemática suas teorias, sua Weltanschauung (visão do universo), embora todas elas existissem em sua alma em estado germinativo.

Como isso foi possível numa cidade moderna, incrustada no Novo Mundo? Por uma graça especialíssima de Nossa Senhora? Certamente. Mas isso nos leva a outras considerações: se Deus suscitou uma personalidade como Dr. Plinio, não será essa uma primeira graça e um primeiro passo para uma mudança radical no rumo dos acontecimentos? A restauração da Civilização Cristã não estará próxima?

Consideração do passado com vistas ao futuro


Papa São Pio X
Essas considerações conduzem à última parte desta matéria: Plinio Corrêa de Oliveira e o futuro. A mais comum, a mais contundente das acusações feitas aos movimentos tradicionalistas é a de que são saudosistas, estão voltados ao culto do passado, manifestam desagrado ou mesmo aversão a tudo o que é atual e se contentam em derramar lágrimas sobre os infortúnios que se acumulam sobre suas cabeças.

No entanto, sabemos que a tradição não se opõe ao futuro, apenas postula que sejam respeitados o rumo, os hábitos e as leis por ela estabelecidos ao longo das gerações. Dr. Plinio, nos anos 1940 e 1950, leu os discursos de Pio XII à nobreza e patriciado romanos, e teceu muitos e magníficos comentários a respeito. Tais comentários, ele depois os compilou e completou em seu último livro, publicado em 1993: “Nobreza e Elites Tradicionais Análogas nas Alocuções de Pio XII ao Patriciado e à Nobreza Romana”.

Por conseguinte podemos afirmar que, de modo algum, seus discípulos fechamos os olhos para o futuro. Pelo contrário, consideramos o acompanhamento dos novos rumos da cultura e da política como uma das atividades primordiais. Além de acompanharmos com lupa as notícias para nelas entrever os próximos passos da Revolução, e ao mesmo tempo detectar os sinais da proximidade do grande castigo previsto em Fátima no ano de 1917 — ao qual Plinio, em linguagem caseira, denominava Bagarre (confusão, em francês) —, procuramos acompanhar a evolução da arte contemporânea e dos costumes em sua senda para o mais abjeto dos satanismos. Esforçamo-nos igualmente em descobrir os interesses e planos das forças mais decisivas que visam à expansão do mal em todas as nações, entre os quais está certamente o islamismo revolucionário. Tudo isso sem nos descuidarmos das polêmicas que mantemos com o progressismo e das campanhas contra o agro-reformismo, a prática homossexual, o aborto, etc.

Confiança em Nossa Senhora e certeza da sua vitória


Dr. Plinio junto à Imagem Peregrina de Nossa Senhora de Fátima que chorou milagrosamente em Nova Orleans, no ano de 1972
O que pensar sobre o futuro? Primeiramente, e procurando interpretar o pensamento de Dr. Plinio, eu diria que mais importante do que tudo é o empenho, a vontade, a força de alma com os quais devemos agir em nossa luta contra-revolucionária. Escrevo especialmente para os leitores de Catolicismo, alguns dos quais já nos acompanham desde sua fundação nos anos 50, outros desde a metade do caminho, e outros mais recentemente. Mas todos, certamente, com muitas apetências contra-revolucionárias. Alguns dedicam seu tempo para dar continuidade à obra de Plinio Corrêa de Oliveira, outros acompanham tal obra bem de perto, outros um tanto distantes, mas todos de algum modo já participaram ou ouviram falar de nossas polêmicas, campanhas, livros, etc. Numa palavra: acompanham os acontecimentos segundo um prisma muito de acordo com a visão que ele nos deixou.

No entanto, com todo o respeito e seriedade, afirmo enfaticamene: tudo isso é pouco, está muito aquém do que podemos fazer. Interpretando o pensamento de Dr. Plinio, posso dizer que sucessos parciais –– e esses nós temos alcançado –– devem servir de pedestal para conquistas mais árduas, visando à vitória final apontada por ele como sendo o Reino de Maria, como mencionei acima. O empenho cada vez maior é a verdadeira chave para a realização da meta traçada por Dr. Plinio. Esse empenho consiste em procurar estudar e agir com o firme propósito de defender os ideais católicos e contra-revolucionários. No mundo moderno, essa é uma batalha árdua. Mas em meio aos golpes, sucessos e derrotas, temos confiança na Santíssima Virgem e a certeza de que a vitória final será d’Ela. Se a História apresenta exemplos de pequenos agrupamentos de guerreiros seriamente dispostos a alcançar seus objetivos, que por isso derrotaram impérios, por que não esperar que a Civilização Cristã triunfe?

Nosso olhar para o futuro contém a certeza de que, em determinado momento, a Providência Divina intervirá nos acontecimentos, pois sem um auxílio divino muito especial é praticamente impossível reverter a marcha dos acontecimentos. Nesse sentido, a mensagem de Fátima –– com sua promessa “Por fim meu Imaculado Coração triunfará” ––, para os católicos que desejam ser inteiramente fiéis, constitui o que no passado medieval galvanizava o entusiasmo dos cavaleiros: o estandarte do rei, presente e participante de todas as batalhas.

Dr. Plinio sempre procurou em sua vida detectar e estimular os movimentos que reagiam contra medidas revolucionárias, não apenas no Brasil mas no mundo inteiro. Devemos também detectar e apoiar tais movimentos. Devemos mostrar-lhes que os diversos pontos do programa revolucionário que eles combatem são interligados, fazem parte de um movimento único, qualificado por Dr. Plinio e outros pensadores católicos de revolução universal.



Movimentos inspirados no pensamento e na luta de Dr. Plinio surgiram durante sua vida em muitos países, outros vêm se constituindo atualmente
Movimentos inspirados no pensamento e na luta de Dr. Plinio surgiram durante sua vida em muitos países, outros vêm se constituindo em diversas partes, como por exemplo um que pude conhecer recentemente, nascido na Polônia. Confesso que fiquei entusiasmado. Um movimento com intensa devoção a Nossa Senhora e fiel à missão histórica de Dr. Plinio, que tem potencial para dar o rumo certo àquela nação católica, tão castigada pelo regime comunista que a tinha subjugado. Assim como na Polônia, em muitos outros lugares podem nascer movimentos de católicos contra-revolucionários.

Dr. Plinio utilizava com freqüência a expressão alemã vorwärtz (para frente). Encerro este artigo imaginando o que ele diria, se entre nós estivesse, a todos que se empenham em seguir seus ideais e o rumo por ele traçado. Creio que diria com um tom de voz de quem está conclamando para uma cruzada: “Olhemos o futuro, confiemos em Nossa Senhora, e vorwärtz!”.

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