Lituânia: calorosa acolhida a membros de TFPs da Europa


02/10/2008

Felipe del Campo

A caravana anual de TFPs européias à Lituânia já é uma tradição. Iniciada em 1993, é um estímulo para os que lutam para preservar a identidade cristã do país, hoje ameaçado por tantos fatores desagregadores.

Membros de TFPs européias percorreram em setembro último diversas cidades da Lituânia. Eles acompanhavam uma imagem peregrina de Nossa Senhora de Fátima e participaram de várias comemorações do 17° aniversário da independência do país em relação à ocupação soviética.

A Lituânia desempenhou papel histórico na desintegração da União Soviética. Em 1990, quando Gorbatchev procurava impressionar o Ocidente com sua política de perestroika, aquela nação recobrou sua independência. Resistiu a um ano de embargo econômico e às inúmeras pressões provenientes do bloco comunista, e também do Ocidente que não queria enfrentar a Rússia vermelha.


O vice-presidente do Parlamento recebe a delegação de TFPs
Com a Lituânia totalmente isolada, Plinio Corrêa de Oliveira organizou um abaixo-assinado mundial pela independência do país. Em dezembro de 1990, uma delegação de TFPs entregou pessoalmente ao presidente lituano a carta de apoio contendo 5,2 milhões de assinaturas.

Alguns dias depois, tanques russos cercaram edifícios estratégicos da capital, entre os quais o Parlamento e o edifício da TV. Heroicamente os lituanos formaram uma barreira humana: na resistência ao avanço dos blindados morreram 14 pessoas.

Esse fato consternou o mundo e estimulou outras repúblicas da URSS a também exigirem a independência, causando o desmoronamento do bloco soviético.

Visita a locais marcados pela perseguição


Em Vilnius, os membros de TFPs cantaram uma hora do Ofício Parvo de Nossa Senhora, pelo descanso eterno dos heróis que morreram esmagados pelos tanques russos diante do prédio da Rádio e Televisão Lituana.

Neste ano, os membros da delegação de TFPs européias estiveram presentes a vários atos em memória dos que morreram nas mãos dos comunistas.

Na saída de uma pequena cidade, uma cruz caída lembra o calvário derrubado pelos soviéticos. Ao lado, outra bem alta recorda os cerca de um milhão de deportados à Sibéria. No final da cerimônia, os membros da delegação entoaram uma Salve Regina por aquelas almas.


No dia 1º de setembro, teve início o ano letivo com uma festa em todas as escolas
Em seguida visitaram o cemitério onde jaz um bravo resistente, morto em combate. A idosa viúva, trajada de luto, ouviu emocionada a homenagem prestada. Caminhando-se um pouco mais, em meio a um arvoredo diante de um velho castelo, encontra-se outra cruz. Nesse local padeceram muitos nas garras da KGB. No final dos cânticos por essas almas, quando todos se preparavam para partir, ouviu-se um longínquo toque de sino, simbolizando a fé que animou aquele povo durante a escravidão imposta pelos vermelhos.

Em Vilnius, a capital, o momento mais impressionante foi a visita às 14 tumbas dos que morreram esmagados pelos tanques russos diante do prédio da Rádio e Televisão Lituana. Pelo descanso eterno desses heróis, os membros das TFPs cantaram uma hora do Ofício Parvo de Nossa Senhora. Ao final, entoaram a Salve Regina e deram um brado pela Lituânia. Estava presente a mãe de uma das vítimas, que agradeceu emocionada a presença dos membros de TFPs da Europa.

Peregrinação ao Santuário de Siluva


A passagem da delegação foi ocasião para difundir nas escolas o livro Em defesa de uma lei suprema, da TFP norte-americana
 

Durante o regime comunista, lituanos vindos de todas as partes do país realizavam todos os anos uma peregrinação à pequena cidade de Siluva, local onde Nossa Senhora apareceu há 400 anos (vide quadro abaixo). Essa marcha de 8 km, ato de fé e de resistência dos católicos ao regime ateu, continuou mesmo depois da proclamação da independência.

A imagem de Nossa Senhora de Fátima, portada pelos membros de TFPs européias, encabeçava o cortejo. Ao longo da caminhada, o bispo D. Eugenio Bartulis animava os peregrinos com cânticos e a reza do santo rosário. Muitos se aproximavam da imagem e pediam para portar o andor. Um colorido especial era proporcionado pelos trajes típicos das senhoras.

Comemorando o 400° aniversário das aparições de Nossa Senhora, um grupo com mais de 1.500 jovens empreendeu uma romaria de 70 km durante três dias até o santuário. Na chegada, juntaram-se a outros vindos de vários pontos do país, totalizando mais de 5.000 pessoas. Foram recebidos por Mons. Sigitas Tamkevicius, arcebispo de Kaunas e primaz da Lituânia, por Mons. Zurbriggen, Núncio Apostólico, e por vários bispos e autoridades políticas regionais e municipais.

Visita ao Parlamento e a escolas

O vice-presidente do Parlamento recebeu a delegação de TFPs no próprio edifício que havia sido cercado há 17 anos pelas tropas soviéticas. Insistiu nas dificuldades que a Lituânia enfrenta hoje para conservar os valores da Civilização Cristã e recordou agradecido a atuação das TFPs pela independência de seu país.

A passagem da delegação foi ocasião para difundir o livro Em defesa de uma lei suprema, da TFP norte-americana, que expõe a doutrina católica contra a prática homossexual e descreve a tática usada pelo movimento homossexual para impor-se no mundo. A edição em lituano foi publicada com uma carta de apresentação de Mons. Tamkevicius.

A obra foi enviada a todos os deputados e autoridades municipais de cidades importantes, assim como a sacerdotes influentes. O prefeito da cidade de Kaunas, que recebeu a delegação no salão nobre da prefeitura, manifestou seu apoio à luta de TFPs européias pelos valores cristãos.

Os membros da delegação puderam oferecer pessoalmente o livro ao corpo docente de várias escolas. Em algumas delas, os diretores desejaram que os alunos pudessem conhecer os participantes da delegação, organizando a visita direta nas salas de aula.

No dia 1º de setembro, teve início o ano letivo com uma festa em todas as escolas. Neste ano, os membros da delegação estiveram presentes numa dessas cerimônias de inauguração, tendo oportunidade de se dirigir aos alunos, dando-lhes uma palavra de estímulo para que mantivessem acesa a luz da fé católica, condição indispensável para um futuro cristão de seu país.

Paróquias recebem a imagem de Nossa Senhora

A imagem peregrina de Nossa Senhora de Fátima visitou inúmeras paróquias nas dioceses de Kaunas, Telsiai, Siauliai e Panevezys. Alguns párocos pediram que a imagem pudesse permanecer algumas horas com seus fiéis. Ela era recebida solenemente, com cânticos. Viam-se muitas pessoas com a fisionomia emocionada, marcada pelo sofrimento, que se aproximavam da imagem de Nossa Senhora e, de joelhos, rezavam devotamente.

Como lembrança, elas recebiam um calendário com uma bela reprodução da imagem peregrina que, em 1972, verteu lágrimas miraculosamente em New Orleans. Desse calendário foram distribuídos 15.000 exemplares.

 

1608 – 2008

Siluva comemora seu IV centenário

Renato Murta de Vasconcelos

 

O IV centenário das aparições de Siluva foi comemorado festivamente no dia 13 de setembro último. Uma Missa solene, celebrada na grande praça situada entre a igreja e a capela, sob cujo altar-mor se encontra a rocha da aparição, constituiu o ponto alto das comemorações. O Episcopado lituano, grande número de sacerdotes e dezenas de milhares de fiéis estiveram presentes. Representando o Papa, compareceu também o Cardeal Joachim Meisner, arcebispo de Colônia.

Em setembro de 1608, Nossa Senhora apareceu em Siluva, uma aldeia ao noroeste da Lituânia, para alguns meninos pastores. Então a fé católica havia praticamente se extinguido, com a expansão da heresia calvinista.

Grande número de igrejas da Lituânia — a filha mais nova da Igreja Católica na Europa — haviam sido entregues aos protestantes ou destruídas, como era o caso da pequena igreja de Siluva. Construída em 1457 por Petras Giedgaudas, diplomata de Vytautas o Grande e destruída por volta de 1570, essa igreja havia se tornado um grande centro de devoção mariana por causa do belo e milagroso quadro da Mãe de Deus, que Giedgaudas trouxera de Roma.

Em 1532, quando começaram as perseguições à Igreja Católica, com expropriação de igrejas e de bens eclesiásticos, o então pároco de Siluva, Jonas Holubka, guardou o precioso quadro, juntamente com documentos de propriedade da igreja, paramentos e objetos litúrgicos, numa grande urna de ferro que enterrou nas proximidades de uma grande rocha.

76 anos depois, sobre essa rocha, Nossa Senhora apareceu com o Menino Jesus nos braços, vertendo abundantes lágrimas e lamentando o fato de aquele lugar sagrado, onde outrora seu Divino Filho era honrado, ter-se transformado em campo de plantio, onde se passava o arado, e em passtagem para animais.

Nossa Senhora apareceu ainda uma vez. Grande multidão pôde vê-La, inclusive o próprio pastor calvinista do lugarejo. E a urna, enterrada por cerca de 80 anos, foi encontrada graças a um idoso cego, de mais de cem anos de idade, que havia conhecido o Pe. Jonas. Ao indicar o local, junto à rocha da aparição, ficou instantaneamente curado de sua cegueira.

Os documentos guardados na urna possibilitaram aos católicos localizar e recuperar o terreno da igreja outrora confiscada e destruída. Aí se construiu novamente uma igreja, inaugurada em 1622, que cedeu posteriormente lugar à atual basílica da Natividade de Maria, erigida em 1786.

A notícia da aparição de Nossa Senhora em Siluva espalhou-se rapidamente, e os lituanos retornaram definitivamente e em breve espaço de tempo ao seio da Igreja Católica.

O milagre foi reconhecido oficialmente pela Igreja, através de um decreto do Papa Pio VI em 17 de agosto de 1775. Desde então, Siluva converteu-se no santuário mariano mais importante da Lituânia.

Assim, pela intervenção da Virgem Santíssima, a Lituânia voltou a ser católica. Desde então é conhecida como Terra de Maria. E assim permanece, apesar dos 120 anos de domínio czarista e dos 50 anos de opressão comunista.

 

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