Viena: Nobreza e elites análogas
05/12/2008
Carlos Eduardo Schaffer Correspondente – Áustria
Lançada na capital austríaca a edição alemã do livro de Plinio Corrêa de Oliveira: Nobreza e elites tradicionais análogas nas alocuções de Pio XII ao Patriciado e à Nobreza romana
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Viena — Sob a dinastia dos Habsburgos, Viena foi durante quase sete séculos — de 1278 até o fim do Império Austro-Húngaro, em 1918 — o ponto de encontro das mais diversas culturas. E está voltando a sê-lo depois da queda da Cortina de Ferro. Deste império, durante o reinado do Imperador Carlos V, se pôde dizer que nele o sol nunca se punha, pois abrangia extensas regiões não apenas da Europa, mas também das três Américas, da Ásia, da Oceania e da África.
O Palácio Coburg, que pertenceu à família Saxe-Coburg-Gotha, um dos mais belos edifícios da antiga capital do Sacro Império Romano Alemão, foi o local escolhido para o lançamento da primeira edição alemã da obra de Plinio Corrêa de Oliveira: Der Adel und die vergleichbaren traditionellen Eliten in den Ansprachen von Papst Pius XII an das Patriziat und an den Adel von Rom, editado pela “Österreichische Gesellschaft zum Schutz von Tradition, Familie und Privateigentum” (a TFP austríaca).
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A obra, em seu original português, Nobreza e elites tradicionais análogas nas alocuções de Pio XII ao Patriciado e à Nobreza romana, foi editada em 1993pela Livraria Editora Civilização da cidade do Porto. Ademais teve edições em francês, inglês, italiano e espanhol num total de mais de 50.000 exemplares. Nela o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira comenta as 14 alocuções natalinas de Pio XII, proferidas entre 1940 e 1958, ao patriciado e à nobreza de Roma.
Desfazendo as objeções que comumente se levantam contra a nobreza e as elites análogas, o autor desmonta os mitos igualitários da Revolução Francesa e ressalta o ensinamento do Papa, de que só as autênticas elites podem apresentar soluções verdadeiras para os graves problemas hodiernos, de natureza religiosa e moral, que vão hoje em dia destruindo os fundamentos da Civilização Cristã e ameaçando abalar a própria Igreja Católica. A nobreza, essa elite por excelência que marcou ao longo dos séculos a história da Cristandade, tem um papel importante e imprescindível a desempenhar em nossos dias.
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O evento foi considerado em Viena um dos mais prestigiosos lançamentos dos últimos tempos. Contou com a presença de mais de 150 pessoas, boa parte delas pertencentes ao clero, à alta nobreza austríaca e alemã e à intelectualidade vienense. Destacamos especialmente a presença do representante da Nunciatura Apostólica, Mons. Christoph Kuhn, que transmitiu os votos do Núncio Apostólico, Dr. Edmond Fahrat, arcebispo titular de Byblos; do arquiduque Michael Salvator, bisneto do imperador Francisco José; do arquiduque Michael e sua esposa, a arquiduquesa Christiana; do príncipe Viktor de Thurn und Taxis; do príncipe Alexander de Saxe; do príncipe Franz de Windisch-Graetz; dos condes Peter de Stolberg-Stolberg e Johann-Ferdinand de Kuefstein; além de outros nobres e pessoas de proeminência na sociedade austríaca.
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Presidiu a sessão o Príncipe Dom Luiz de Orleans e Bragança, Chefe da Casa Imperial do Brasil. O conde Peter de Stolberg-Stolberg fez a saudação aos presentes e apresentou os conferencistas (no centro da mesa, sentado).
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Dom Luiz iniciou sua conferência descrevendo a influência decisiva que exerceu em sua formação intelectual e moral o Prof. Plinio, grande amigo de sua família. Descreveu em seguida o plano revolucionário de abolir todas as desigualdades justas, proporcionais e harmônicas, instituídas pelo próprio Deus na sociedade humana. Discorreu ainda sobre os movimentos que historicamente se opuseram a essa revolução na Áustria e em outros países. Explicou, por fim, como surgem e se formam as verdadeiras elites, indispensáveis para o bom desenvolvimento de toda sociedade humana.
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O duque Paul de Oldenburg (foto à esquerda), distinguido membro da TFP alemã, mostrou a necessidade das elites no processo de restauração da Cristandade, pois uma sociedade sem grupos dirigentes é como um corpo humano sem cabeça.
Aspecto surpreendente e ilustrativo dessa conferência foi um gráfico do Google comparando, mediante uma curva estatística, o interesse de internautas do mundo inteiro nos últimos anos. De um lado, pelos dois últimos primeiro- ministros austríacos Wolfgang Schüssel e Alfred Gusenbauer; e, de outro, pela família dos Habsburgos. O gráfico mostrou que o interesse pelos Habsburgos é igual e por vezes maior do que pelos políticos. Além do mais, o interesse é constante, não sofrendo baixas.
O terceiro orador, prof. Roberto de Mattei, da Universidade Monte Cassino (Itália),
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falou sobre o atual desenvolvimento do processo revolucionário e seu efeito sobre a sociedade temporal: a “desconstrução” da própria natureza humana. A revolução gnóstica e igualitária — descrita pelo Prof. Plinio em sua obra-mestra Revolução e Contra-Revolução — procura destruir hoje a própria natureza humana (à direita, na foto).
Uma sociedade que aprova leis de proteção e incentivo à homossexualidade, ao aborto, à eutanásia, à mudança de sexo, e que procura atingir a fusão do homem com o animal, ou do homem com a máquina por meio de chips eletrônicos, desconstrói a natureza humana tal como ela foi criada por Deus. Esse processo só pode levar a humanidade a catástrofes imprevisíveis.
Após as conferências, foi oferecido aos presentes um coquetel. Em clima de grande cordialidade, os participantes puderam cumprimentar pessoalmente o príncipe Dom Luiz e os nobres presentes e também trocar idéias sobre os temas expostos.
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À noite, depois do evento no Palácio Coburg, teve lugar um jantar de gala comemorativo do centenário do nascimento de Plinio Corrêa de Oliveira, no Palais Hotel Radisson, antigo palácio da família Henckel-Donnersmarck. Contou com a participação de 112 convidados, entre alemães, austríacos, brasileiros, espanhóis, franceses, italianos, poloneses e portugueses.
Numa atmosfera de muita harmonia e contentamento, os convivas — todos interessados em conhecer melhor o pensamento e obra do Prof. Plinio — trataram do tema que em muitos ambientes é considerado “tabu”: a possibilidade da volta de elites autênticas, e especialmente da nobreza, à cena pública.
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Pratos e vinhos bem escolhidos propiciaram animadas conversas nas diversas mesas. A tal ponto que, previsto o evento para terminar à meia-noite, muitos convidados somente se despediram após as 2 hs.
Como bem observou na ocasião um conde francês, casado com uma vienense: “A TFP austríaca está promovendo uma revolução, no bom sentido da palavra, em Viena. Nunca um jantar começou e terminou tão tarde aqui!”.
Veja:
http://www.catolicismo.com.br/materia/materia.cfm/
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