TRIBALISMO INDÍGENA
30 anos depois


08/03/2009

Nelson Ramos Barretto

Uma política radical, cuja implantação levará o Brasil à fragmentação social e política, está sendo acelerada por meio de decretos sem nenhum amparo constitucional, atropelando o direito de propriedade e açulando um conflito de raças

Políticas desastradas do governo federal vêm aumentando, dia após dia, a fratura na antiga harmonia social do Brasil cristão. Dentre elas se destacam o programa da Reforma Agrária e outras iniciativas gravemente atentatórias ao direito de propriedade. Enormes extensões de terras são demarcadas como reservas indígenas e quilombolas, com a posterior expulsão de seus legítimos proprietários, muitas vezes ali radicados há várias gerações. Tais políticas trazem em seu bojo a indesejada divisão de nossa sociedade em brancos, negros, índios e mestiços, que esfacelará para sempre a harmonia social, virtude brasileira invejada por povos da Terra inteira.

Há 30 anos, o Brasil tomava conhecimento da existência de uma corrente de missionários contrária à catequização e à civilização dos índios. Segundo sua doutrina, os silvícolas devem manter o primitivismo de seus ancestrais, como tipo humano ideal do terceiro milênio. Tal denúncia verdadeiramente profética foi feita por Plinio Corrêa de Oliveira em sua obra Tribalismo Indígena – Ideal Comuno-Missionário para o Brasil no Século XXI (1977), com sete edições, num total de 76 mil exemplares. Nos nossos dias, ONGs e instituições da esquerda católica, como o Conselho Indigenista Missionário (CIMI) e entidades estrangeiras que atuam no País, usam a questão indígena vinculando-a a uma ideologia neo-indigenista. Não raro, também para ganhar dinheiro, sobretudo para vender as riquezas naturais do Brasil: onde há minério há índios, e onde há índios há ONGs.

Tribalismo indígena no século XXI

Paulo Henrique Chaves e o autor deste artigo, ambos colaboradores de Catolicismo, fizemos uma atualização dessa obra, incluindo-a numa nova edição do livro-denúncia de Plinio Corrêa de Oliveira sob o título: 30 anos depois – Ofensiva radical para levar à fragmentação social e política da nação. A divulgação do livro vem sendo feita pela campanha Paz no Campo em seu site www.paznocampo.org.br.

Dividimos nosso trabalho em duas partes: na primeira apresentamos a denúncia, e na segunda os fatos. Mostramos que uma avalanche demarcatória de terras indígenas atropela atualmente o direito de propriedade, mediante decretos e portarias, sem nenhum amparo constitucional.

O governo Lula já anunciou mais de cem áreas a serem delimitadas. A FUNAI (Fundação Nacional do Índio), em seu afã demarcatório, acaba de delimitar áreas indígenas no Mato Grosso do Sul, região fronteiriça com o Paraguai, em reservas que podem alcançar até 12 milhões de hectares de terras férteis e produtivas. Roraima, Mato Grosso do Sul e Santa Catarina são estados na eminência de sofrerem muitas expropriações em virtude da “lamentável e caótica política indigenista”, conforme pronunciamento do General Heleno, titular do Comando Militar da Amazônia (foto acima).

Acrescida à Reforma Agrária, à revolução quilombola, à temática do trabalho escravo e às questões ambientais –– já tratadas por nós nos livros  Reforma Agrária: o mito e a realidade; A Revolução quilombola: guerra racial, confisco agrário e urbano, coletivismo; Trabalho escravo: nova arma contra a propriedade privada ––, a questão indígena forma um quadro de causar pasmo e séria preocupação.

Fragmentação social e política

As áreas indígenas já representam 13% do território nacional. Para que o leitor tenha uma idéia do que isso significa, são 1,1 milhão de quilômetros quadrados para uma população estimada em 250 mil indígenas! Ou seja, o dobro da área da França (543.965 km2 para 60 milhões de habitantes), ou mais de quatro vezes o território do estado de São Paulo (248.808,8 km2 para 40 milhões de habitantes). E tais demarcações parecem estar longe do fim, pois o governo Lula acaba de anunciar mais 129 áreas a serem delimitadas até o final do seu mandato em 2010.

No lufa-lufa cotidiano, e sob um verdadeiro bombardeio de informações, a opinião pública nacional não vem se dando conta do incomensurável patrimônio que vai escapando de suas mãos, e sobretudo dos malefícios causados à alma dos brasileiros. Se fôssemos apenas nós os atingidos, já seria muito grave! Mas as seqüelas atingirão fatalmente nossos filhos e as futuras gerações.

Dentre os muitos conflitos indígenas, nosso livro analisa a situação da reserva indígena Raposa/Serra do Sol, no Estado de Roraima, extremo norte do País, na fronteira com a Venezuela e a Guiana Inglesa. Visitamos essa reserva indígena, e denunciamos a ameaça à soberania nacional que se configura naquela região de fronteira. A demarcação de novas reservas em Mato Grosso do Sul, na fronteira com o Paraguai, segundo alguns, atinge quase 12 milhões de hectares.

Diante desse cenário sombrio, perguntamo-nos: Como e quando surgiu tal revolução tribalista no País? Para onde ela nos conduzirá? A quem aproveitará a quebra da harmonia entre os brasileiros? Não é verdade que todo reino (no caso, uma república federativa) dividido perecerá? A que ficará reduzida nossa Pátria, caso não se verifique uma sadia reação a tais políticas?

Foi com o objetivo de responder a tais perguntas que decidimos reeditar o providencial livro Tribalismo indígena, ideal comuno-missionário para o Brasil no século XXI, do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, com atualizações. Publicado há 30 anos, desvendou doutrinas que se difundiam em ambientes da esquerda católica e prenunciavam a luta entre duas civilizações no Brasil do século XXI. Os fatos deram inteira razão ao autor.

Roraima: ameaçada a cultura de arroz e soja

Embora pertencente à Amazônia Legal, boa parte do território de Roraima é constituída de savana, vegetação característica da reserva Raposa/Serra do Sol. O mato nativo é rasteiro, o solo é pobre para a agricultura, sem árvores nem frutos. A região é linda, com suas imensas planícies tendo ao fundo contrafortes montanhosos. Sem alimento, não há animais nos campos nem peixes nas abundantes águas que cortam aquele belo cenário criado por Deus, mas deixado para que o homem o completasse com seu engenho e arte.

Um belo contraste marca a área cultivada pelos rizicultores. Milhares de pássaros e de aves de todos os tamanhos e cores dão vida àquela imensa paragem, que antes parecia morta. O arroz e a soja ali cultivados não atraem apenas as aves, pássaros e passarinhos, mas igualmente os peixes, que enchem os canais de irrigação das plantações.

Utilizando a inteligência e os recursos que Deus lhes deu, aqueles agricultores tiram mais de seis toneladas de arroz por hectare. De fato, seis produtores são responsáveis por 7% do PIB de Roraima. Eles colocam arroz na mesa de todos seus concidadãos, além de o mandarem para os estados do Amazonas e Tocantins. E não somente provêem os brasileiros, mas são responsáveis pela vida e multiplicação de animais, pássaros e peixes.

Em uma entrevista na TV, uma indígena contrária à expulsão dos arrozeiros reclamava da atuação da FUNAI. Com um senso popular da realidade, que muitas vezes escapa ao intelectual citadino, ela ironizava: “Nós não comemos terra; nós comemos arroz, e arroz pilado!”.

De acordo com um princípio verdadeiro, a preocupação com o meio ambiente é própria de uma sociedade desenvolvida e rica, pois o pobre está preocupado tão-só com a sobrevivência do dia-a-dia. Pela mesma razão, não poderíamos esperar algo diferente de nossos pobres índios. Ao contrário do que é afirmado por certa propaganda romântica, o indígena não conserva a natureza. Ele a utiliza de maneira primitiva e predatória. Por exemplo, coloca fogo no mato para caçar, e para a pesca se utiliza de um veneno chamado “timbó”. Jogado nas águas, ele mata os peixes, que ao flutuarem são pegos à mão.

A pobreza do solo é apontada como mais uma razão para a demarcação de áreas descontínuas: “Mais de 70% da área contínua pretendida não se presta ao cultivo, seja por serem solos desenvolvidos de arenito muito pobres ou pelo relevo montanhoso, no caso das rochas vulcânicas do Grupo Surumu (Schaefer, 1997)”.

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Veja:
http://www.catolicismo.com.br/

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