Na Europa, congresso de universitários
31/08/2004
Diogo Waki
Construindo uma ponte entre o passado e o futuro
A
Europa causa uma profunda impressão para quem pisa seu solo, pela
primeira vez, como foi o caso da delegação brasileira, convidada
pela Österreichische Gesellschaft Zum Schutz Von Tradition, Familie und
Privateigentum – TFP, a participar de uma semana de estudos em Gaming,
na Áustria, em agosto último.
A preocupação principal nossa, e acredito que acontece com a
maior parte dos turistas que visitam o Velho Continente, foi conhecer a Europa
do passado, pois a Europa moderna é mais ou menos sem graça como
o são as grandes megalópoles em qualquer parte do mundo. Sim,
conhecer a Europa de Carlos Magno, a Europa dos reis e das princesas, a Europa
das catedrais, enfim, “mergulhar” no passado, sonhar com palácios,
carruagens, cerimoniais, pompas e circunstâncias que se diriam mortas
para sempre.
Um
choque de civilizações
Entretanto, o choque de civilizações é gritante. A Europa
assim descrita de um lado e do outro os turistas, que sobretudo nesta época,
percorrem as ruas do passado sem se dar conta do contraste. Ora, são
republicanos que vão elogiar as pompas e os esplendores das cerimônias
reais, ora são hippies encantados com aquela civilização
que viveu a etiqueta, usou roupas que exigiam uma compostura que ele jamais
sonhara possíveis, ora são os turistas tradicionais, homens e
mulheres do mundo inteiro vestindo exatamente da mesma maneira, ou seja de
bermudas, camiseta, óculos de sol e chapéu de pescador.
Na Europa antiga, cada casa, cada palácio, cada artesão e cada
princesa, tudo tem sua individualidade, tem características próprias,
tem diferenciações. Hoje, pelo contrário, todos renunciam
suas características próprias e tal ponto que a única
diferença que persiste são os traços físicos. Ou
são asiáticos, ou são ocidentais, ou são africanos.
Nada mais, todo o resto são absolutamente iguais, gostam das mesmas
coisas, vestem-se exatamente da mesma forma, têm os mesmos costumes e
vícios.
Este contraste se evidencia mais nas Igrejas. Aqueles monumentos grandiosos,
sacrais que falam de um passado no qual os homens tinham fé, religiosidade
e grandeza de alma para erigir aqueles monumentos para glorificar a Deus, hoje,
a quase totalidade desses monumentos foram transformados em museus. Uma ou
outra vez as visitas são interrompidas porque haverá naquele
local um ato religioso. Então, um punhadinho de fiéis assistem
ao culto, diante do olhar de turistas, ao mesmo tempo curioso e sobretudo destituído
de entendimento como um boi olha para um palácio.
Duas épocas, duas mentalidades, duas civilizações.
Restaurar a Civilização Cristã para
acabar com um mundo transtornado
Este primeiro contato com a Europa foi muito importante sobretudo para a delegação
brasileira convidada a participar da semana de Estudos em Gaming, cujo tema
central foi “Restaurar a civilização cristã para
acabar com um mundo transtornado”.
Mais de uma centena de participantes, na sua grande maioria universitários,
vindos de diversos países, estiveram reunidos, de 2 a 7 de agosto p.p.,
para conhecer o passado, debater sobre o presente e buscar uma solução
para o futuro, ou seja, o triunfo do Imaculado Coração de Maria,
prometido por Nossa Senhora em Fátima quando apareceu para três
pastorzinhos, em Portugal, na Cova da Iria, em 1917.
Coordenada por Dr. Caio Vidigal Xavier da Silveira e presidida pelo Príncipe
Real do Brasil, D. Bertrand de Orleans e Bragança, a semana de estudos
transcorreu num clima de entusiasmo e determinação. Poloneses,
franceses, italianos, alemães, brasileiros, argentinos, americanos além
de representantes do Chile, Portugal, Espanha, Suíça e Ucrânia,
ouviram conferências ilustrativas sobre a história do paganismo,
passando pela cristandade medieval chegando até o caos de nossos dias,
sem deixar de tratar das diversas revoluções que destruíram
a Civilização Cristã, colocando um realce especial na
Revolução Francesa, a grande parábola da História.
Ver ao vivo o que foi a cristandade
Para se compreender bem a teoria, nada melhor do que ver com os próprios
olhos o que foi a Cristandade, visitando o castelo medieval de Kreuzenstein,
bem como a abadia de Göttweig, ambos nas cercanias de Gaming. Um entretenimento
próprio à aristocracia medieval, a caça de falcões,
não poderia faltar em nosso tour pela Europa Medieval. A despeito dos
trajes dos apresentadores – e aqui, mais uma vez, o choque de civilizações – a
caça de falcões, num castelo medieval foi um sonho que se tornara
uma realidade! Depois, subir o Danúbio imaginar-se um barqueiro medieval, vendo castelos e igrejas ao longo do Legendário
rio, que inspirou Strauss a compor o Danúbio Azul...
O encerramento: um convite para a luta
Sem descuidar da parte religiosa e espiritual, onde todo o contra revolucionário
deve haurir forças para levar avante sua luta, a semana atingiu seu
clímax no dia do encerramento. Postas as coisas como são para
nós, a herança é a luta, e se lutarmos com ardor e confiança,
não em nossas forças, mas unicamente na Providência, Deus
nos dará a vitória. Este foi o apelo contido na gravação
de uma conferência proferida pelo Professor Plínio Corrêa
de Oliveira, em 1974, que naquela ocasião conclamava jovens latino americanos
que participavam, aqui no Brasil, de uma Semana de Formação Anticomunista
(SEFAC). Dom Juan-Rodolfo Laise, Bispo-emérito de San Luis, Argentina,
encerra os trabalhos em Gaming, com chave de ouro, uma Santa Missa Pontifical.
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