LITUÂNIA: VINTE ANOS DE INTENSA COLABORAÇÃO
15/11/2010
Renato Murta de Vasconcelos
No dia 11 de março de 1990, como um camundongo a enfrentar a hiena, a Lituânia proclamou sua independência em relação à União Soviética. O iminente confronto, como também o seu resultado, era fácil de se prever. Apesar das promessas gorbachevianas de perestroika (abertura) e de glasnost (transparência), os soviéticos não se mostravam inclinados a ceder. Pelo contrário, começaram a tomar medidas de represália contra o pequeno país báltico, que intrépido tentava romper os grilhões de sujeição à tirania comunista.
Diplomatas lituanos procuravam desesperadamente apoio das grandes nações ocidentais. Nada conseguiram nos Estados Unidos, menos ainda na Europa livre – nenhum país se mostrava disposto a enfrentar as iras de Moscou. E de todas as partes os lituanos recebiam conselhos de prudência: deveriam recuar e submeter-se à dominação do colosso ofendido. A Lituânia entretanto não aceitou compromissos covardes. Depois de 50 anos sob o jugo comunista, o descontentamento no país era imenso, e seus habitantes estavam dispostos a manter sua declaração de independência a qualquer preço.
O Prof. Plinio Corrêa de Oliveira havia apontado pouco antes – no manifesto Comunismo e anticomunismo na orla da última década deste milênio (“Folha de S. Paulo”, 14-2-90) – para o latente descontentamento nos três países bálticos, ademais da Polônia, Alemanha Oriental, Hungria, Tchecoslováquia, Bulgária e Iugoslávia. Esse descontentamento iria provocar um imenso incêndio, que acabou por desagregar o império soviético.
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Enquanto tal desagregação não se dava, pesavam sobre a Lituânia as ameaças de Moscou. Nesta situação de grande perplexidade e angústia, surgiu para os heróicos lituanos uma luz de esperança, pois uma voz de encorajamento se fez ouvir. Por iniciativa do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, a TFP brasileira — logo seguida por outras entidades irmãs e afins nos cinco continentes — saiu às ruas das principais cidades, promovendo um abaixo-assinado de apoio àquela declaração de independência. Em pouco mais de dois meses, as TFPs coletaram 5.300.000 assinaturas — feito registrado no Guiness Book of Records.
O então deputado Antanas Racas, um dos signatários da declaração de independência, não se cansa de ressaltar e repetir quanto foi importante a campanha das TFPs, naqueles momentos cruciais em que seu país procurava desesperada e infrutiferamente apoio no Ocidente
Há 20 anos, em 1990, uma delegação das TFPs entregou no Kremlin microfilmes do abaixo-assinado, cujos originais em folhas empilhadas formavam várias colunas de mais de dois metros de altura. Depois ela se dirigiu a Vilnius, capital lituana, onde seus membros foram recebidos no Parlamento pelo então presidente Vytautas Landsbergis. Acolhendo então cordialmente os membros da delegação, o cardeal Sladkevicius pediu que não se esquecessem da Lituânia, e manifestou o desejo de que fosse constituída em sua pátria uma pujante TFP.
As TFPs européias e norte-americana não se esqueceram da Lituânia, e o pedido do cardeal Sladkevicius vai sendo gradualmente atendido. Hoje existe uma associação lituana, o Krikscionikosios kulturos institutas (Instituto pró-Civilização Cristã), e desde 1993 percorre anualmente o país uma caravana de membros de TFPs européias, levando consigo uma cópia da imagem milagrosa de Nossa Senhora de Fátima que chorou miraculosamente em Nova Orleans (EUA).
A caravana visita autoridades civis e eclesiásticas, conventos, escolas e hospitais, participa das manifestações cívicas em praças públicas e em peregrinações. Entre estas, a tradicional romaria de Tytuvenai a Siluva, onde se encontra o principal santuário mariano do país, local da famosa aparição de Nossa Senhora, em 1608, a dois pastores.
Neste ano, quando se comemorou o vigésimo aniversário da declaração de independência, membros das TFPs dos Estados Unidos, Alemanha, França, Itália e Polônia visitaram o país entre os dias 26 de agosto e 2 de setembro. Além de participarem da peregrinação a Siluva, onde se encontraram com o ex-presidente Landsbergis, foram recebidos no Parlamento por seu vice-presidente, pelo ministro das Relações Exteriores e por vários deputados. A pedido do deputado Antanas Racas, deram eles no saguão do prédio o brado: Pela Lituânia: Tradição, Família, Propriedade!
Vinte anos após sua libertação das garras dos tiranos do Kremlin, a Lituânia confronta-se com gravíssimos problemas. Os jovens, atingidos pela onda descristianizante que avassala a Europa Ocidental, abandonam a fé de seus maiores e preocupam-se apenas em ganhar dinheiro e gozar a vida. O ateísmo retorna, desta vez mais insidioso e talvez mais devastador.
Neste contexto, a mensagem de Fátima revela-se mais atual do que nunca, pois em 1917 a Mãe de Deus alertou os homens para os terríveis castigos que o seu estado moral acarretaria. Deu-lhes também motivos de esperança, referindo-se a uma futura regeneração e ao triunfo do seu Imaculado Coração. É esse triunfo marial que desejamos também para a Lituânia, país ao qual tantos membros das TFPs estão ligados há duas décadas, com intensa colaboração a partir da memorável campanha em prol de sua independência.
Veja:
http://www.catolicismo.com.br/
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