TFP britânica acolhe universitários italianos
12/10/2011
Nelson R. Fragelli
Visita à abadia de Cambuskenneth, destruída pelos protestantes no séc. XVI, como a quase totalidade dos edifícios religiosos da Escócia. |
A TFP italiana organiza anualmente um simpósio de estudos para universitários. Durante a primeira semana de agosto do presente ano ela os reuniu na sede da TFP Britânica, em Milngavie, nas proximidades de Glasgow (Escócia). Esta sede encontra-se estabelecida em secular casa de fazenda agrícola construída com sólidas e bem talhadas pedras róseas, em estilo despretensioso e calmo ainda não afetado pela moderna ânsia de funcionalidade. Seus edifícios evocam, em tamanho reduzido, a disposição arquitetônica das abadias da região, cujas ruínas plangentes foram visitadas com veneração pelos universitários. A essa evocação não falta sequer um claustro interior, onde uma bacia talhada em pedra, outrora destinada a dessedentar animais, hoje recorda as fontes dos claustros abaciais.
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Foto Oficial diante da Sede da TFP em Glasgow |
As reuniões versaram sobre a civilização cristã e os momentos auges desta na história da Escócia, bem como sobre as suas principais figuras: santos e heróis da envergadura da Rainha Santa Margaret, de São David I, de William Wallace e Robert de Bruce, de Maria Stuart, a rainha mártir, entre outros.
O estilo gótico, enquanto expressão cultural da Cristandade, foi analisado nas obras de August Pugin [1812-1852], arquiteto britânico, católico, célebre pelas igrejas que construiu e sobretudo pela execução do imponente edifício Parlamento Britânico, em Londres.
Alargando a visão teórica exposta nas conferências, uma parte do programa foi destinada a visitas aos castelos de Edinburgh, de Stirling – “elevado sobre o precipício, ele domina os vales” –; de Inveraray, e aos centros históricos das cidades de Edinburgh e de Glasgow.
Diante de tal espetáculo suas fisionomias mudavam, tornando-se por vezes quase sonhadoras, tal como ao ouvir “a solitária gaita de fole” no alto das muralhas do Castelo de Edinburgh, ao final da apresentação do espetáculo militar – o Tattoo – , numa noite úmida e escura.
Não faltou visita a uma destilaria de whisky, com degustação local, aprofundando assim o contacto cultural com a região. A placidez dos lagos, a chuva miúda e contínua, as brumas — parecendo velar enigmas além da percepção — deixavam pensativos os buliçosos italianos.
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Diante do monumento a William Wallace, próximo de Stirling |
Aos poucos, com o aprofundar da análise histórica e de sua comparação com os presentes dias, os jovens se davam conta do estado precário em que se encontra hoje a civilização cristã: a descristianização da Europa, a dissolução da família, os ataques crescentes à Igreja, as perseguições aos católicos os deixavam reflexivos. Alguns reviam as prioridades anteriormente estabelecidas para seu futuro. Rico em tragédias, em mártires e gloriosos santos, o passado escocês pairava como majestosa parábola sobre essas reflexões. A Mensagem de Fátima, tão apropriada a interpretar os atuais acontecimentos, trazia esperança ao drama contemporâneo e levava os jovens a cerrar fileiras com a Contra-Revolução.
A assistência espiritual aos universitários, bem como a celebração da Missa quotidiana foi possível graças à presença de um jovem sacerdote romeno. Ele viveu sob a ditadura e a miséria do comunismo, podendo assim apontar na sociedade europeia de hoje sinais de desagregação moral semelhantes aos então existentes no mundo soviético. Esse sacerdote estava acompanhado de três outros romenos, desejosos de estabelecer em seu país uma ação contra-revolucionária. A presença de dois outros jovens, um holandês e um austríaco, completou o número de 22 participantes.
Um solene jantar tipicamente escocês encerrou a Semana de Estudos. Um haggis (bucho de carneiro recheado com vísceras ligadas com farinha de aveia) regado a whisky levou os jovens italianos, habituados à leveza do fettuccini ou spaghetti, à digestiva luta. A despedida trazia o duplo sentimento de tristeza pelo término de um convívio formativo e de animosa esperança pelas perspectivas abertas.
Veja:
Revista Catolicismo
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