O socialismo autogestionário
10/03/2005
PLINIO CORRÊA DE OLIVEIRA
O
socialismo autogestionário: em vista do comunismo,
barreira ou cabeça-de-ponte?
O
duplo jogo do socialismo francês?
Na estratégia gradualidade – na meta radicalidade
Na
França
A vitória do PS pôs em uma encruzilhada
A maioria do eleitorado centrista e direitista
No Ocidente:
A vitória eleitoral proporciona ao PS amplos meios
diplomáticos e propagandísticos para incremento da
guerra psicológica revolucionária no interior de todas as nações
A Revolução Francesa, em fins do século XVIII, os sismos
revolucionários de 1848, a Comuna de Paris em 1871, a explosão
ideológica e temperamental da Sorbonne em 1968 foram marcos importantes
da História da França. E também da História de
todo o Ocidente.
Com efeito, esses movimentos,
cada qual à sua maneira e em suas proporções
específicas, deram expressão internacional a aspirações
e doutrinas – nascidas algumas na França e outras alhures – mas
que nesse país haviam fermentado com uma carga de comunicatividade toda
peculiar. Os acontecimentos históricos assim gerados na França
encontraram e puseram em movimento, no espírito dos vários povos
do Ocidente, aspirações, tendências e ideologias cujo surto
marcou a evolução psicológica, cultural, política
e sócio-econômica deles nos séculos seguintes.
O mesmo vai ocorrendo
com a “revolução” incruenta,
mas nem por isso menos profunda, que a vitória eleitoral do PS nas eleições
de 10 de maio do ano de 1981 – e a conseqüente ascensão de
Mitterrand à Presidência da República – começa
a desdobrar em série. As crises que afetam (em medida aliás desigual)
os regimes comunista e capitalista despertam no mundo inteiro tendências
e movimentos que se gabam de especialmente modernos e crêem encontrar
no socialismo autogestionário, agora instalado no poder em Paris, a
expressão clara, concisa e vitoriosa de tudo ou quase tudo quanto pensam
e desejam. O que, naturalmente, os vai pondo em marcha rumo à conquista
de análogos êxitos nos respectivos países. Isto para proveito
e gáudio, note-se, do comunismo internacional, do qual o socialismo
autogestionário é apenas caudatário e “companheiro
de viagem”.
I – O centro e a direita ante o socialismo francês: a ilusão
otimista, o alcance da derrota e a encruzilhada
1 . A ilusão
Para o “homem da rua” da maior parte dos países do Ocidente,
o Partido Socialista francês resulta, como tantos outros, da conjugação
de interesses e de vaidades em torno de um programa partidário aceito
com mais convicção, ou menos.
É
explicável. O grande público internacional se informa sobre o
socialismo principalmente na televisão, no rádio e na imprensa.
E a imagem do PS, apresentada parte implicitamente, parte explicitamente
por tais veículos de comunicação costuma ser esta:
a) um eleitorado constituído em sua maioria por trabalhadores
manuais imbuídos,
em níveis diversos, da mentalidade do Partido, mas abarcando também
não poucos burgueses, cujas tendências sócio-econômicas
conciliatórias se conectam em um ou outro ponto com vagas simpatias
filosóficas por um socialismo “filantrópico”;
b) quadros dirigentes formados – pelo menos nos níveis alto
e médio – por
políticos profissionais, preocupados sobretudo com a conquista
do poder. E, explicavelmente, habituados a todas as flexibilidades, a
todas as audácias,
como também a todas as formas de concessão e de prudência
que conduzam ao sucesso.
Porém, esta visão global do socialismo
tem pouco de objetivo. Ela corresponde às ilusões otimistas
de tantos dos opositores políticos do P S.
Ilusões estas que
contribuíram em considerável medida
para a recente vitória desse partido.
E que abrem agora, ante
o eleitorado francês de centro e de direita,
uma encruzilhada decisiva.
2 . Golpe de vista sobre
o P S real
Observado sem ilusões
nem otimismo, o P S deixa ver um caráter
ideológico monoliticamente forte. Dos princípios
filosóficos
que aceita, ele deduz sistematicamente todo o seu programa
político,
econômico e social. E a aplicação integral
e inexorável
deste último a cada indivíduo, a cada nação – à França,
portanto, como a todo o gênero humano – é a
meta de chegada da ação concreta que o Partido
preconiza.
Qual o meio para a obtenção desse objetivo gigantesco? A manipulação
gradual – servida por táticas de dissimulação sofisticadas – tanto
da cultura, quanto da ciência, do homem e da natureza. E também
a instrumentalização dos órgãos do Estado, no caso
de o Partido alcançar o poder.
Segundo o PS, essa gradualidade
deve ser lenta, pois as circunstâncias
quase sempre o exigem; mas se deve acelerar sempre que elas o comportem. Ao
longo de toda essa trajetória, nenhuma palavra deve ser dita, nenhum
passo deve ser dado, que noa tenha por objetivo supremo a anarquia final (no
sentido etimológico da palavra), fim, aliás, visado também
pelos teóricos do comunismo.
Esse cunho do PS se patenteia
nos documentos oficiais do Partido, nos livros de autores representativos
do pensamento
do PS,
e ainda nos
escritos de
circulação
interna, destinados mais bem à formação
de seus membros.
Todo esse material, além de absorvido nas fileiras do PS, tem circulação
em outros ambientes: esquerdas de distintos matizes, intelectuais e políticos
extrínsecos à esquerda etc. E aí vai alargando processivamente
o número de simpatizantes do Partido. Porém, é pouco
ou nada l ido pelo homem da rua alheio ao PS .
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