Mando, desmandos e livre trânsito


11/03/2005

Boletim Eletrônico de Atualidades

Dirigentes da Quarta Internacional Socialista cobram posicionamento do Ministro Miguel Rossetto. Como fica a esquerda católica diante das propostas de administração internacional da Amazônia. Enquanto isso, os sem terra e acima da lei e seus assemelhados, promovem todo tipo de desmandos. Seu chefe máximo João Pedro Stédile é recebido no Congresso e nos ministérios em Brasília.

“Quarta Internacional orienta Rossetto”

Com o título acima e grande destaque o jornal Folha de São Paulo de 4 de março conta o episódio em que dirigentes da Quarta Internacional Socialista, fundada por Trotsky e que mantém forte ligação com a facção Democracia Socialista do PT, ‘a qual Rossetto está ligado, cobram do ministro uma manifestação mais dura com relação aos cortes no orçamento da União para projetos de Reforma Agrária. Diz um trecho da carta: “Diante dos obstáculos orçamentários notadamente, teria sido possível [a Rossetto] elevar o tom para fazer a responsabilidade pelos atrasos recair sobre opções macroeconômicas e preparar dessa forma uma possível saída do governo ou, ao menos, a apresentação de um balanço defensável diante dos movimentos sociais”. Constrangido, o ministro fez declarações contra a modificação orçamentária, limitando-se a telefonar para algumas redações e rotular de pesado o corte de R$ 2bilhões.

A Quarta Internacional orienta ainda setores da esquerda petista a se aliarem a dissidentes que formaram o PSOL contra a política econômica vigente.

A esquerda internacional está arrogante como nunca. Este é mais um exemplo de interferência até na política interna seja governamental ou partidária de um país. Chega ao cúmulo de pedir satisfações em nome dos “movimentos sociais”, dos quais assim se auto constituem tutores.

Essas são apenas pontas de um iceberg de onde está o perigo. Perigo sim pois ninguém seria capaz de citar um só exemplo de êxito das políticas socialistas, que só conduziram os povos aos quais conseguiram se impor, ou ‘a miséria total ou ‘a ditadura mais ferrenha.

A esquerda católica com a palavra: como fica a internacionalização da floresta amazônica?

A tese é levantada de tempos em tempos. A mais recente foi a declaração do francês Paschoal Lamy, candidato ‘a direção da Organização Mundial do Comércio – OMC, de que a Amazônia deveria ser patrimônio administrado pela humanidade.

Seria o caso de perguntarmos como se posiciona agora a esquerda católica. Usando e abusando de sua autoridade religiosa, a esquerda católica tem apregoado para defender a Reforma Agrária, que a terra não tem dono, é de Deus. Assim se referiu o Bispo de Presidente Prudente, D. José Maria Libório Camino Saracho, um dos grandes defensores do MST em entrevista ao jornal O Globo: “ A terra não tem dono, é de Deus. Ninguém no mundo é dono de nada” . A mesma declaração ele fez durante a inauguração do escritório do MST em Presidente Prudente. Igualmente, D. Orlando Dotti, quando presidente da CPT – Comissão Pastoral da Terra declarou : “ A terra pertence a Deus e é um bem destinado a todos, não é privatizável. Essas citações estão no livro de Gregório Vivanco Lopes Pastoral da Terra e MST incendeiam o País, primeiro volume da coleção Em defesa do agronegócio.

Será difícil para a esquerda católica defender a Amazônia da administração internacional...

Diz Vivanco Lopes na obra citada: “ A `esquerda católica´, em oposição ‘a propriedade privada, costuma pregar a destinação universal dos bens, citando para isso alguns dos primeiros Padres da Igreja.” “... a própria Igreja sempre ensinou que essa destinação universal só produz adequadamente seus frutos através de uma sábia e ordenada apropriação privada. A propriedade privada não beneficia apenas o proprietário, mas toda a sociedade. Se tudo for de todos indistintamente, ninguém é beneficiado, e cai-se necessariamente no caos ou no totalitarismo”.

Desmandos ambientais

Não é só a Amazônia que vive no caos. Também no sertão do Piauí a situação anda confusa.

No artigo intitulado O progresso chega ao sertão do Piauí, publicado no O Estado de São Paulo de 3 de março, o jornalista Marcos Sá Corres conta as peripécias da arqueóloga Niede Guidon, que nos últimos 40 anos, em São Raimundo Nonato encontrou mais de 600 sítios arqueológicos com pinturas rupestres nas cavernas da Serra da Capivara, criando um museu a céu aberto. Por sua influência foi criado em 1979 o Parque Nacional da Serra da Capivara, cuja tarefa de efetivar o Parque lhe foi entregue em 1991 por um convênio com o Ibama.

Pois bem, a área foi logo cercada por posseiros que se intitulam quilombolas, cuja defesa é uma das bandeiras da esquerda católica. No rastro deles vieram os sem terra acima da lei. Eles põem fogo no mato. Os incêndios afetam os sítios arqueológicos. Com os assentamentos chegaram políticos, comerciantes e até a Diocese de São Raimundo Nonato, erguendo casas de campo em terras devolutas.

Agora o Incra resolveu assentar definitivamente os invasores, prometendo inclusive regularizar as casas de campo. Niede Guidon ameaça extrair do parque o acervo arqueológico antes que ele acabe.

Assim é o Brasil da Reforma Agrária, dos “excluídos” quilombolas, dos “excluídos” das barragens, dos índios das reservas fabulosas, dos sem terras acima da lei... Terra de ninguém!

Onde só não tem vez a propriedade privada, a classe média e as pessoas de bem... como os juizes que por todo este país fazem cumprir a lei. Um deles, o juiz Castro Junior, da Justiça Federal em Marabá, nesta semana declarou ao jornal O Estado de São Paulo: “Estou sob a ira dos movimentos sociais”, e que por sua conduta é alvo de representação na corregedoria geral do TRF-1, protocolada por organizações não governamentais.

Enquanto isso ... livre trânsito para João Pedro Stédile em Brasília.

“Stédile ... ontem passou o dia em encontros com o presidente do Senado, Renan Calheiros, da Câmara, Severino Cavalcanti, e o ministro da Justiça, Marcio Thomaz Bastos. Hoje ele se reúne com ministros do Planalto”, relata o jornal O Estado de São Paulo, enquanto ferviam os episódios amazônicos. Excusez du peu! diriam os franceses. Desculpe pelo pouco!

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