Rescaldo, silêncio estratégico ou perigo ‘a vista!


09/06/2005

Boletim Eletrônico de Atualidades da TFP-Fundadores

Por trás do silêncio do MST, esconde-se o verdadeiro perigo dos movimentos ditos sociais, que querem ser a base da governabilidade do País.

Rescaldo do “abril vermelho”

Enquanto o cenário nacional e as atenções midiáticas se voltam para o estrondo das corrupções, o MST continua suas invasões em Pernambuco e no Pontal do Paranapanema em São Paulo. Para alguns analistas trata-se de um rescaldo do “abril vermelho” prometido mas pifiamente realizado e suplantado pelas notícias da marcha dos sem terra a Brasília.

Silêncio estratégico

Na realidade estamos diante de mais um silêncio estratégico para não atrapalhar seus amigos petistas que vivem seu inferno junino, com denúncias de corrupção explodindo de todos os lados e para as quais se acenderam todas as luzes da mídia, deixando pouco espaço para as estripulias do MST. Nem mesmo gerou protestos o não cumprimento da primeira promessa do Presidente aos sem terra, na reunião de três horas que concedeu ao final da marcha, a suplementação de verbas orçamentárias para o MDA – Ministério do Desenvolvimento Agrário, que deveria ocorrer até 31 de maio. O prazo venceu sem nenhuma sinalização positiva do Palácio do Planalto. Procurada pela reportagem de um jornal paulista a coordenação nacional do MST não quis comentar o fato.

Perigo ‘a vista!

O perigo está muito além desses recuos estratégicos que se passam na ribalta da política pequena. Na prática estão em jogo duas concepções para o campo: a da livre iniciativa por um lado, representada pelo agronegócio e pelos pequenos proprietários rurais a ele ligados e de outro lado a concepção socialista, dirigista que propugna pela agricultura familiar coletivizada, em terras expropriadas ou desapropriadas que passam ao domínio do Estado, que as explora pelo regime de assentamentos. De um lado o resultado e a competência, que mesmo diante de todas as dificuldades representadas pela seca, pelo cambio desfavorável, pelos insumos caros,pela falta de infra-estrutura adequada, assegurou o crescimento do PIB quando todo o resto da economia desacelerou. De outro, favelas rurais não produtivas que escondem seus resultados e cobram cada vez mais cestas básicas do governo, financiamento fácil e barato, que muitas vezes vão para os cofres do MST. Vivem da mística socialista de pregar a todo momento a utopia, como se ela fosse a solução de qualquer problema.

Na prática, onde está o perigo?

O povo brasileiro é maciçamente contra a Reforma Agrária. Ele sabe que esse expediente fracassou em todo o mundo e não passa de um estratagema para destruir a propriedade privada, um dos esteios da ordem. Sem destruir a propriedade privada, o socialismo não se implanta. Mas isto não quer dizer que os agro-reformistas se conformem com essa situação.

Contam para reverter essa situação com dois fatores: a esquerda católica e os movimentos ditos sociais. Frei Betto um dos próceres da esquerda católica levanta um pouco o véu desse processo. Diz ele no artigo “Morte e vida Severino” (Folha de São Paulo, 30 de maio de 2005):“...um Executivo que excluiu do alicerce de sua governabilidade os movimento sociais dos quais deveria ser a expressão política...” . Em outras palavras o Executivo deve ser expressão política dos movimentos ditos sociais e constituir com eles o alicerce da governabilidade! (A Bolívia que diga que governabilidade é essa!).

Sabemos que os movimentos ditos sociais são os instrumentos de pressão formados na utopia socialista. O que Frei Betto diz é que com eles que se deve governar um país. O MST é um desses instrumentos de pressão para conseguir a Reforma Agrária, que por sua vez é o caminho (1º passo) para a eliminação da propriedade privada. Por seu lado, os Ministros Dulci e Rosseto, em artigo publicado na Folha de São Paulo” de 31 de maio p.p.(“Paz, produção e qualidade de vida no campo), ao analisar as medidas combinadas entre Governo e sem-terra, ao final da marcha destes sobre Brasília, afirmam: “Se essas são as ações concretas e mais imediatas, outras propostas estão sendo analisadas, demonstrando que os canais de diálogo foram reforçados. A mobilização social contribui para o avanço das políticas públicas em relação ao campo. A luta pela reforma agrária legitima as decisões do governo no que diz respeito ‘a agricultura familiar, que, junto com a produção em larga escala, constitui a força e a vitalidade do setor agropecuário brasileiro”. E acrescentam: “O que alguns identificam como uma queda de braço entre o governo e o movimento dos sem terra foi, na verdade, um entendimento sobre a forma e o ritmo de atingir objetivos semelhantes.”

Sobre o que os Ministros Dulci e Rosseto dizem cabem duas observações. Primeiro a agricultura familiar a que eles se referem dizendo que junto com a produção em larga escala constitui a força e a vitalidade do setor agropecuário, não é a dos assentamentos, mas a dos pequenos agricultores tradicionais, proprietários de suas terras, e que são responsáveis por 40% do agronegócio. Eles não querem nada com a Reforma Agrária. Em segundo lugar,ao afirmarem que a mobilização social contribui para o avanço das políticas públicas em relação ao campo, reforçam a tese de Frei Betto de que o Executivo deve ser expressão política dos movimentos ditos sociais.

Acrescente-se a esse cenário o trabalho da esquerda católica, que através de seus missionários pregam que a terra não pertence a ninguém e as colossais verbas públicas e vindas de fora do País, despejadas nos cofres do MST para formar lideranças capazes de “organizar a sociedade” (O Estado de São Paulo de 30 de maio de 2005 – “Cresce verba oficial para ‘capacitar´o MST”) para se ter a real dimensão de onde está o perigo.

Topo da Página

 

 

 

 

 

 
Leia Também
Réquiem para os indiozinhos guaranis
Senador adverte: quilombolas querem luta de raças
Reforma Agrária, um luxo miserabilista
O Grito da Agricultura
MST veste o capuz... e tira a máscara
Pena de morte