Um esquecimento e dois silêncios
14/09/2005
Boletim Eletrônico de Atualidades da TFP-Fundadores
O Presidente Lula da Silva, em seu último pronunciamento ‘a nação,
dia 7 de setembro, esqueceu-se do agronegócio. Lamentável. Nos
dias subseqüentes duas outras notícias caíram no silêncio.
Constrangedor.
Um esquecimento
lamentável.
Em cadeia nacional de rádio e televisão o Presidente afirmou: “ Juntos,
governo e povo, fizemos o Brasil voltar a crescer de modo sustentado. Os resultados
estão aí, ‘a vista de todos. A economia cresce, a indústria
cresce, o comércio cresce, as exportações crescem, o emprego
cresce, o salário cresce, cresce a transferência de renda para
os pobres, a inflação cai, o custo da cesta básica também
cai.”
Lamentavelmente nenhuma
palavra sobre o agronegócio, reconhecido como
o sustentáculo da economia nacional. Em 2004 o saldo de US$ 33,6 bilhões
da Balança Comercial Brasileira se deve a um resultado positivo do agronegócio,
de + US$ 34,1 bilhões vindos do agronegócio e - US$ 0,5% como
saldo dos demais setores. O jornal britânico Financial Times (Fonte BBC
Brasil) afirmou em artigo sobre o Brasil que “o interior do Brasil está gerando
fazendas que podem alimentar o mundo”. “O Brasil está para
a agricultura como a Índia está para a terceirização
de serviços e a China para a Indústria: uma potência cujo
tamanho e eficiência poucos competidores podem igualar”.
Todo esse sucesso deve-se
ao empreendedorismo da iniciativa particular, e seria mais forte ainda se
o setor não passasse por uma crise sem precedentes.
Reconhecida pelo Ministro da Agricultura Roberto Rodrigues como “a pior
crise já enfrentada pela agricultura brasileira. Eu nunca vi, diz o
Ministro, uma comparada em extensão e profundidade”. Segundo ele “a
equação é simples de entender: os custos subiram porque
a demanda cresceu, somado ‘as ofertas recordes que fazem os preços
caírem, mais o grande endividamento do agricultor (três anos de
bons rendimentos fizeram o produtor investir na renovação da
frota), o que se somou ‘a seca do início do ano. O resultado é essa
coisa que enfrentamos hoje, complicadas ainda mais pelo sucateamento da infra-estrutura
e logística”, afirmou (Folha de Londrina, 24 de agosto de 2005).
Acrescente-se a isso a
cotação baixa do dólar para aqueles
que exportam, e o financiamento curto, as perseguições trabalhistas
classificando até pequenas transgressões como trabalho escravo,
a imposição de pesadas multas e ameaças de prisões
e expropriações, uma pesada regulamentação ambiental
que tem paralisado alguns setores, e tem-se a dimensão do problema.
Sem contar com a baderna do MST e congêneres que constituem capítulo ‘a
parte nessa epopéia do empreendedor agrícola brasileiro.
De passagem o Ministro
da Agricultura chamou a atenção de que
já começam a faltar recursos para a pesquisa. Comparando: a pesquisa
brasileira tem um orçamento de R$ 5 bilhões, enquanto nos EUA,
o valor chega a R$ 350 bilhões. E conclamou o setor privado para envolver-se
na questão e responder ‘as demandas atuais e rasgar a cortina
do futuro. E explicou: “deixando o futuro com o setor público”.
Todos esses dados levam ‘a conclusão que pelo menos uma citação
agradecida mereceria o agronegócio na fala presidencial.
Dois silêncios
constrangedores
Dois dias depois da fala
presidencial duas notícias e dois silêncios
constrangedores a respeito delas:
• a indústria registrou no mês de julho uma queda de 2,5% com
relação ao mês anterior, depois de um semestre de altas,
que segundo o IEDI – Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial é característico
de um crescimento que não está baseado em investimentos (O Estado
de São Paulo – 9 de setembro de 2005 – 1ª página)
;
• no Comércio Exterior, o Brasil encosta nos Estados Unidos no agronegócio
(Folha de São Paulo 9 de setembro)
Em bilhões de dólares, enquanto o saldo do agronegócio
recua nos Estados Unidos, tem uma forte evolução no Brasil. US$
4,5 bilhões é o saldo previsto este ano para Os Estados unidos
enquanto que o saldo acumulado comercial do agronegócio Brasileiro,
acumulado em 12 meses até agosto é de US$ 36,6 bilhões.
E como se comporta
a esquerda católica
diante de tudo isso?
Aproveitando-se da tradicional
visita feita pelos fiéis a Aparecida
(SP), dia 7 de setembro, dia da Independência, onde cerca de 100 mil
pessoas foram rezar pelo País e agradecer ‘a Padroeira do Brasil,
a esquerda católica representada pelas pastorais sociais da Igreja,
pelas CEBs – Comunidades Eclesiais de Base, pelo MST e com colaboração
da CUT – Central Única dos Trabalhadores, organizou o chamado “Grito
dos Excluídos”, neste ano em sua 11ª edição.
Ao ato compareceram cerca de 5000 pessoas, um fracasso, mas amplamente coberto
pela mídia. A figura central foi João Pedro Stédile, o
principal líder do MST, que utilizando os chavões socialistas,
investiu contra a política econômica e decretou, com sua costumeira
arrogância que o governo do Presidente Lula acabou.
No momento sem as verbas
governamentais que lhe dá sustento, refugiado
junto ‘a esquerda católica, onde sempre encontrou respaldo, o
MST prometeu um setembro vermelho com as invasões e arruaças
costumeiras. Nunca se deve menosprezar a força dos arruaceiros em fazer
pressão ou mesmo revoluções. É mais ou menos o
que diz Stédile no seu discurso aos “excluídos”: “O
lado bom dessa crise é que ela vai ajudar a conscientizar as pessoas
de que não basta votar e esperar. As verdadeiras mudanças só vão
acontecer se houver mobilização da sociedade”.
É preciso ficar
atento.
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