Em Roma, atos In Memoriam de
Plinio Corrêa de Oliveira


23/12/2005

Miguel da Costa Carvalho Vidigal

Por ocasião do décimo aniversário do falecimento de Plínio Corrêa de Oliveira, ocorreram na Cidade Eterna atos em sua homenagem, com a participação de diversas autoridades eclesiásticas e civis

Os eventos realizados em Roma, em memória do décimo aniversário do passamento do Prof. Plinio, iniciaram-se na manhã do dia 8 de outubro último com uma Santa Missa celebrada por D. Juan Rodolfo Laise, O.F.M. Cap., bispo emérito de San Luis (Argentina).

O ato religioso, celebrado no rito romano antigo, ocorreu na igreja Santo Spirito in Sassia, perto da Praça de São Pedro, que ficou lotada com quase 300 pessoas. Entre os presentes, Mons. Camille Perl, da Pontifícia Comissão Ecclesia Dei; Mons. Gilles Wack, superior geral do Instituto Cristo Rei; Duque Paul de Oldenburgo; Marquês Luigi Coda Nunziante; membros e colaboradores da Associazione Tradizione Famiglia Proprietà-TFP de várias partes da Itália; membros do grupo de militantes da Alleanza Cattolica e do Centro Culturale Lepanto, fundados e dirigidos respectivamente pelos intelectuais Giovanni Cantoni e Roberto de Mattei, além de outros amigos de várias cidades.

Durante a Missa, o Coro Santa Susanna, dirigido pelo maestro Aurelio Porfiri, organista da Basílica de São Pedro, cantou missa polifônica intercalada com peças clássicas para órgão e trompete. As vozes masculinas pertencem igualmente ao coral da Capela Sistina do Vaticano.

Seguem alguns trechos do sermão de D. Laise, no qual exaltou a vida de luta pela Igreja e pela Civilização Cristã levada a bom termo pelo Prof. Plinio.

“Ao completarem-se dez anos da morte de Plinio Corrêa de Oliveira, com quase 87 anos, em 3 de outubro de 1995, solidamente imbuído do seu ideal de vida consagrada à defesa e promoção dos princípios e valores do Evangelho, da Igreja e da civilização cristã, celebramos hoje a Santa Missa. [...]

“Desde a juventude, Plinio Corrêa de Oliveira deparou com a imagem das duas cidades de Santo Agostinho, das duas bandeiras de Santo Inácio, sentindo profundamente no seu espírito que a vida do homem sobre a Terra é uma luta dura, luta sem trégua, na qual não é possível permanecer apático ou indiferente, passivo ou insensível, como explicava respondendo a uma pergunta formulada por ele mesmo: ‘Qual é a nossa vocação? A nossa vocação é a de fazer na Terra aquilo que fizeram os anjos no Céu, quando Lúcifer se rebelou contra Deus’. [...]

“ Unamo-nos sinceramente nesta Missa ao agradecimento de Dr. Plinio dirigido a Nossa Senhora em seu testamento espiritual, quando, dizendo não encontrar palavras para fazê-lo, demonstrava o seu reconhecimento por haver podido ler e difundir o Tratado da Verdadeira Devoção à Santíssima Virgem, de São Luís Grignion de Montfort, e de ser a Ela consagrado na qualidade de escravo perpétuo. Agradecimento a Nossa Senhora que era a luz de sua vida, e da qual esperava que, na sua clemência, fosse o seu auxílio até o último instante da sua existência. [...]

“A melhor homenagem que podemos oferecer a Plinio Corrêa de Oliveira, nesta sentida recordação de seus filhos e de seus admiradores, na celebração dos dez anos de sua morte, é a de renovar hoje e sempre, cada vez mais, a consagração a Maria, que tem como fruto a civilização cristã, ideal que foi o objetivo de toda a sua vida. Consagração que tem como fim subordinar o homem e a sociedade a Deus, como ensina Santo Agostinho no livro De Civitate Dei, e que é o programa do ministério do Santo Padre Bento XVI, como o proclamou aos jovens em Colônia, no mês de agosto deste ano: dar a Deus o lugar que Lhe corresponde na vida privada, familiar e social”.

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Após a Santa Missa, teve lugar um almoço solene para convidados especiais. Em seguida, realizou-se nos salões medievais do RecolhimentoSanto Spirito in Sassia um ciclo de conferências, organizado pela Associazione Tradizione Famiglia Proprietà-TFP. Entre os participantes destacaram-se diversas personalidades eclesiásticas e civis.

Os palestrantes focalizaram aspectos diferentes da rica personalidade de Plinio Corrêa de Oliveira. Seguem alguns trechos das exposições.

Primeiramente falou o regente nacional de Alleanza Cattolica, Giovanni Cantoni:

“Em relação ao Prof. Plinio sempre nutri e continuo a nutrir uma enorme gratidão. Em Revolução e Contra-Revolução –– afirmou o líder católico italiano –– há um aspecto posto em relevo por Plinio Corrêa de Oliveira, e que desejo aqui ressaltar. Trata-se da referência à responsabilidade individual de cada um dos que foram chamados a combater contra a Revolução.


Após a Santa Missa, um almoço solene para convidados especiais

“‘ Ai de quem está só’, diz a Sagrada Escritura. Mas não devemos esquecer que para encontrar uma companhia devemos, antes de tudo, tomar uma decisão pessoal. As associações reúnem pessoas que tomaram decisões individuais. A obra e as obras de Plinio Correa de Oliveira continuam a viver, a atuar e a se organizar. Mas devemos ter presente que sua gênese teve origem em um que iniciou esta ação contra-revolucionária. Não se trata de um número inverossímil de pessoas. […] Gostaria de sublinhar o fato de que antes de que venham muitos, vem um, alguém que começa. Ninguém é por demais pequeno para começar a combater grandes batalhas. Para que se inicie uma associação, ainda que seja de duas pessoas, é necessário que um comece. […] Sou infinitamente grato ao Prof. Plinio não somente porque me indicou uma 'grande via' de tipo genérico: ‘seja bom’. Mas me indicou também uma 'pequena via', percursos que se podem realizar, e que sobretudo envolvem o indivíduo enquanto indivíduo. Não podemos olhar para o outro e perguntar: ‘Por que você não é um contra-revolucionário?’ Mas antes devo olhar para o espelho e devo me perguntar: por que eu não sou um contra-revolucionário? Por que não estou — implícita ou explicitamente — atuando em determinada direção?”.

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Depois usou da palavra o professor da Universidade Católica do Sacro Cuore de Milão, Massimo de Leonardis:

“Numa época em que, com freqüência, pareceu aos católicos engajados pela causa da civilização que a única opção que ficava era entre a fidelidade que leva à impotência e a participação no poder baseada na traição, o Dr. Plinio e as associações que ele criou demonstraram que a doutrina contra-revolucionária, hoje mais do que nunca, pode orientar a ação dos católicos e torná-la eficaz; que se pode ter um estilo de vida absolutamente conforme ao Evangelho, aos Mandamentos e aos preceitos da Igreja; que, como verdadeiros cavaleiros no sentido nobre do termo, na sociedade contemporânea em via de dissolução, é possível aproveitar os instrumentos de comunicação modernos para difundir sem adulteração os valores do Catolicismo; e, sobretudo, que os acontecimentos tumultuados de um mundo em desordem só se podem entender à luz das categorias do pensamento contra-revolucionário”.

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Nos salões medievais do Recolhimento Santo Spirito in Sassia realizou-se um ciclo de conferências, organizado pela Associazione Tradizione Famiglia Propietà - TFP

O Prof. Roberto de Mattei, presidente do Centro Culturale Lepanto e autor da célebre biografia “O Cruzado do século XX”, já traduzida em diversas línguas, em sua palestra afirmou que a 10 anos da morte do Prof. Plinio Corrêa de Oliveira, "as ruínas que se discernem no horizonte não são mais as da Cristandade, mas as dos mitos que abriram triunfalmente o século XX: o mito da Ciência, o mito racionalista, o mito do progresso e do socialismo. As ruínas da Europa são as ruínas da modernidade, são o fracasso do projeto prometéico de construir a cidade do homem sobre as ruínas da Cidade de Deus. Sobre este horizonte de escombros, reflorescem os ideais de Plinio Corrêa de Oliveira, que são os nossos. [...]

“Nossa Senhora em Fátima explicou os motivos da crise contemporânea e indicou o seu remédio, profetizando a catástrofe caso os homens não ouvissem a advertência. Uma nota distintiva do ensino de Plinio Corrêa de Oliveira foi exatamente a referência àquilo que ele chamava ‘bagarre’: um castigo infligido pela Divina Providência ao mundo, se este não se convertesse. A certeza da ‘bagarre', como castigo, mas também como grande ocasião de regeneração para a humanidade, para Plinio Corrêa de Oliveira se fundamentava, antes mesmo que na mensagem de Fátima, sobre uma grande visão de teologia da História. [...]

" Dez anos após a morte do Prof. Plinio, nós estamos certos, por nossa parte, de que os princípios aos quais ele consagrou a sua vida serão vitoriosos no século XXI; de que se encontrarão homens que os farão seus, com a sua mesma dedicação, confiando à Graça divina o êxito de sua batalha".

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Apresentou-se uma edição especial da revista da associação, toda dedicada a Plinio Corrêa de Oliveira

Na ocasião, a Associação Tradizione Famiglia Proprietà-TFP apresentou uma edição especial de sua revista, toda dedicada a Plinio Corrêa de Oliveira, com numerosos artigos apresentando diversas facetas de seu pensamento e de sua personalidade, incluindo vasta documentação fotográfica.

Veja:
http://www.catolicismo.com.br/

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