Cúpulas mundiais tomam o atalho do fracasso no combate à pobreza
10/01/2006
Boletim Eletrônico de Atualidades da TFP-Fundadores
“a
base das reivindicações
sociais que levantará
o
guerrilheiro será a mudança da
estrutura
da propriedade
agrária. A bandeira da
luta durante
todo este
tempo será a reforma agrária”
Che
Guevara
in “Guerra de Guerrilha”
As cúpulas mundiais, hoje dominadas por políticos, acadêmicos,
ONGs e movimentos sociais de ideologia socialista estão se esmerando
na proposta de soluções para os grandes problemas mundiais, onde,
fechando os olhos para os sistemáticos erros da política socialista
em todo o mundo, reapresentam as mesmas propostas sob novas roupagens ou outros
argumentos. Não sem um certo messianismo teimoso, que faz da utopia
socialista um dos mais retumbantes e mais extensos e prolongados fracassos
da História na solução dos problemas econômicos
e sociais que afligem o mundo. Errar é humano, mas perseverar no erro é diabólico.
A Conferência Internacional sobre Terra, Pobreza, Justiça
Social e Desenvolvimento
De 9 a 14 de janeiro de
2006, em Haia, na Holanda, realiza-se sob os auspícios
do Banco Mundial, a Conferência Internacional que, sob o pretexto de
dar combate à pobreza e estabelecer um desenvolvimento com justiça
social, está prestes a promover a Reforma Agrária, em todo o
mundo, apesar dos fracassos sucessivos de todas as que se tentou até hoje
aplicar em vários países.
Fazendo de conta que nada
aconteceu, organizações como o Institute
of Social Studies (ISS) e Inter-Church Organization for Development and Cooperation
(ICCO) ,com a colaboração de organismos internacionais que abrigam
estudiosos, acadêmicos e ativistas socialistas como
Cordaid, FIAN, Novib e
11.11.11, de mãos dadas com a
chamada sociedade civil organizada
(uma novidade nas reuniões de cúpula internacionais, que leva
a Via Campesina a tomar lugar de honra na Conferência de abertura), tentam
dar novo impulso à Reforma Agrária.
Baseiam-se seus organizadores
na presunção que uma mudança
progressiva nas políticas para a terra e sua implementação
só poderá ocorrer por meio de uma interação entre
os diferentes e, com freqüência, conflitantes atores chaves: os
movimentos sociais rurais (ONGs e movimentos camponeses), instituições
experientes na aplicação de políticas de desenvolvimento
internacionais, bem como acadêmicos e governos nacionais. Já não
se acredita mais em Reformas Agrárias feitas por governos nacionais. É preciso
empenhar todo o peso de pressões internacionais para tentar novamente
o fracasso...
A novidade está, de um lado, na introdução da ala mais
radical representada pelos movimentos políticos, ditos sociais, como
membros dessas conferências e de outro a aplicação dos
sistemas de monitoramento e pressão dos organismos internacionais como
o Banco Mundial e a FAO.
Esses são
nossos
velhos conhecidos...
Um dos quatro dirigentes
a falar na sessão inaugural da Conferência
de que estamos tratando é o indonésio Henry Saragih, Coordenador
geral da Via Campesina - a do Joseph Bové que andou fazendo estripulias
por aqui - que declarou em sua alocução à cúpula
da APEC (Asian Pacific Economic Cooperation): “devemos acreditar que
nossa luta terá sucesso, porque o objetivo é alcançar
a soberania popular. E não existe futuro e democracia se não
houver soberania camponesa.” É o velho conceito guevarista.
Outra apresentação de destaque, na Conferência de Haia,
está confiada a Sofia Monsalve, representante da FIAN (Organização
Internacional pelo Direito Humano à Alimentação), que
será sobre a visão da sociedade civil sobre as políticas
para a terra. Monsalve é uma ativista dos direitos humanos, que segundo
relata o site guevarahome.org, em artigo publicado por Carla Lisboa, em junho
de 2004, esteve no Brasil durante uma semana acompanhada de 12 outros ativistas
da FIAN e da Via Campesina oriundos da Guatemala, Honduras, Indonésia,
Suécia, Bélgica, França e Alemanha. Em apenas uma semana
de visita, chegaram “à conclusão de que a lentidão
na Reforma Agrária perpetua os conflitos na área rural e mantém
a situação de trabalho escravo no Brasil”. E que “a
violência no campo, a impunidade, o avanço indiscriminado do agronegócio,
o tráfego de madeira e a ineficiência do poder Judiciário
são algumas das causas da fome, da miséria e do atraso do país”. “No
Brasil, para eles, há uma população rural muito grande
que não tem acesso a terra e aos recursos produtivos como água,
sementes, crédito e assistência técnica. Tudo o que essa
população colhe no campo, concluem, é a violência
e o trabalho escravo”. O Guia desta excursão bem poderia ter sido
o MST ou alguém da CPT...
Uma das sugestões do grupo foi a aprovação da lei de
confisco de terras de latifundiários que pratiquem trabalho escravo
e outra a de que os europeus façam boicote ao agronegócio brasileiro.
É assim que iniciamos o ano de 2006, com a sombria perspectiva de uma
conjuração dessas entidades para voltar à carga com a
fracassada Reforma Agrária, agora sob o monitoramento dos organismos
internacionais e seus órgãos de pressão. Sob o pretexto
de acelerar o combate à pobreza, fracassarão mais uma vez com
suas fórmulas e soluções surradas, lançando o mundo
em nova aventura. É lamentável! ... ou melhor, é demoníaco!
PS. Em março realizar-se-á no Brasil a Conferência sobre
Reforma Agrária e Desenvolvimento Rural, organizada pela FAO e pelo
governo brasileiro. Trataremos em breve sobre ela.
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