A Virgem de Guadalupe: desafio à ciência moderna
11/01/2006
Valdis Grinsteins
Para
o ateu moderno, acostumado a dar valor só ao que julga provado pela
ciência, o milagre de Guadalupe, no México, é no mínimo
constrangedor. Pois a ciência prova que houve milagre!
Uma pessoa não totalmente atéia, mas profundamente contaminada
pelo pensamento moderno, dizia-me que aquilo que não é provado
cientificamente não existe. Mas — típica contradição
da alma humana — não queria falar do Santo Sudário de Turim,
pois as descobertas científicas sobre ele a abalavam; e se fosse obrigada
a olhar o assunto de frente, teria de negar o valor da ciência ou...
converter-se.
Vejamos o problema do ponto de vista desses amantes indiscriminados da ciência.
Para eles, tudo aquilo que não se demonstra em laboratório entra
para o domínio da fantasia. Ciências, com C maiúsculo,
são para eles a Física, a Química, a Biologia, etc. Já a
História lhes parece suspeita, pois é irrepetível e muito
subjetiva, ao depender de testemunhas. Muito mais ainda se for história
eclesiástica, e o auge do suspeito lhes parecem as histórias
dos milagres. São como o Apóstolo São Tomé, que
precisou ver para crer. Para esse tipo de almas incrédulas, que havia
até entre os Apóstolos, Nosso Senhor realiza certo tipo de milagres,
de forma que não possam alegar a falta de provas. E uma dessas provas é a
imagem de Nossa Senhora de Guadalupe, no México.(1)
Breve resumo da história
Imagem
miraculosa de Nossa Senhora de Guadalupe |
No dia 9 de dezembro de 1531, na cidade do México, Nossa Senhora apareceu
ao nobre índio Quauhtlatoatzin — que havia sido batizado com o
nome de Juan Diego — e pediu-lhe que dissesse ao bispo da cidade para
construir uma igreja em sua honra. Juan Diego transmitiu o pedido, e o bispo
exigiu alguma prova de que efetivamente a Virgem aparecera. Recebendo de Juan
Diego o pedido, Nossa Senhora fez crescer flores numa colina semi-desértica
em pleno inverno, as quais Juan Diego devia levar ao bispo. Este o fez no dia
12 de dezembro, acondicionando-as no seu manto. Ao abri-lo diante do bispo
e de várias outras pessoas, verificaram admirados que a imagem de Nossa
Senhora estava estampada no manto. Muito resumidamente, esta é a história,
que foi registrada em documento escrito. Se ficasse só nisso, facilmente
poderiam os céticos dizer que é só história, nada
há de científico.
Os problemas para eles começam com o fato de ter-se conservado o manto
de Juan Diego, no qual está impressa até hoje a imagem. Esse
tipo de manto, conhecido no México como tilma, é feito de tecido
grosseiro, e deveria ter-se desfeito há muito tempo. No século
XVIII, pessoas piedosas decidiram fazer uma cópia da imagem, a mais
fidedigna possível. Teceram uma tilma idêntica, com as mesmas
fibras de maguey da original. Apesar de todo o cuidado, a tilma se desfez em
quinze anos. O manto de Guadalupe tem hoje 475 anos, portanto nada deveria
restar dele.
Uma vez que o manto (ou tilma) existe, é possível estudá-lo
a fim de definir, por exemplo, o método usado para se imprimir nele
a imagem. Comecemos pela pintura. Em 1936, o bispo da cidade do México
pediu ao Dr. Richard Kuhn que analisasse três fibras do manto, para descobrir
qual o material utilizado na pintura. Para surpresa de todos, o cientista constatou
que as tintas não têm origem vegetal, nem mineral, nem animal,
nem de algum dos 111 elementos conhecidos. “Erro do cientista” — poderia
objetar algum cético. Difícil, respondemos nós, pois o
Dr. Kuhn foi prêmio Nobel de Química em 1938.(2) Além do
mais, ele não era católico, mas de origem judia, o que exclui
parti-pris religioso.
No dia 7 de maio de 1979 o prof. Phillip Serna Callahan, biofísico
da Universidade da Flórida, junto com especialistas da NASA, analisou
a imagem. Desejavam verificar se a imagem é uma fotografia. Resultou
que não é fotografia, pois não há impressão
no tecido. Eles fizeram mais de 40 fotografias infravermelhas para verificar
como é a pintura. E constataram que a imagem não está colada
ao manto, mas se encontra 3 décimos de milímetro distante da
tilma. Para os céticos, outra complicação: verificaram
que, ao aproximar os olhos a menos de 10 cm da tilma, não se vê a
imagem ou as cores dela, mas só as fibras do manto.
Convém ter em conta que ao longo dos tempos foram pintadas no manto
outras figuras. Estas vão se transformando em manchas ou desaparecem.
No caso delas, o material e as técnicas utilizadas são fáceis
de determinar, o que não acontece com a imagem de Nossa Senhora.
Os olhos da imagem
Um
olho da Imagem visto de perto |
Talvez o que mais intriga os cientistas sobre o manto
de Nossa Senhora de Guadalupe são os olhos dela. Com efeito, desde que em 1929 o fotógrafo
Alfonso Marcué Gonzalez descobriu uma figura minúscula no olho
direito, não cessam de aparecer as surpresas. Devemos primeiro ter
em vista que os olhos da imagem são muito pequenos, e as pupilas deles,
naturalmente ainda menores. Nessa superfície de apenas 8 milímetros
de diâmetro aparecem nada menos de 13 figuras! O cientista José Aste
Tonsmann, engenheiro de sistemas da Universidade de Cornell e especialista
da IBM no processamento digital de imagens, dá três motivos
pelos quais essas imagens não podem ser obra humana:
• Primeiro, porque elas não são visíveis para o
olho humano, salvo a figura maior, de um espanhol. Ninguém poderia pintar
silhuetas tão pequenas;
• Em segundo lugar, não se consegue averiguar quais materiais
foram utilizados para formar as figuras. Toda a imagem da Virgem não
está pintada, e ninguém sabe como foi estampada no manto de Juan
Diego;
• Em terceiro lugar, as treze figuras se repetem nos dois olhos. E o
tamanho de cada uma delas depende da distância do personagem em relação
ao olho esquerdo ou direito da Virgem.
Esse engenheiro ficou seriamente comovido ao descobrir que, assim como os
olhos da Virgem refletem as pessoas diante dela, os olhos de uma das figuras
refletidas, a do bispo Zumárraga, refletem por sua vez a figura do índio
Juan Diego abrindo sua tilma e mostrando a imagem da Virgem. Qual o tamanho
desta imagem? Um quarto de mícron, ou seja, um milímetro dividido
em quatro milhões de vezes. Quem poderia pintar uma figura de tamanho
tão microscópico? Mais ainda, no século XVI...
Tentativa de apagar o milagre
Assim como meu conhecido não desejava falar do Santo Sudário,
outros não querem ouvir falar dessa imagem, que representa para eles
problemas insolúveis. O anarquista espanhol Luciano Perez era um desses,
e no dia 14 de novembro de 1921 colocou ao lado da imagem um arranjo de flores,
dentro do qual havia dissimulado uma potente bomba. Ao explodir, tudo o que
estava perto ficou seriamente danificado. Uma cruz metálica, que ficou
dobrada, hoje se conserva no templo como testemunha do poder da bomba. Mas...
a imagem da Virgem não sofreu dano algum.
E ainda ela está hoje ali, no templo construído em sua honra,
assim como uma vez esteve Nosso Senhor diante do Apóstolo São
Tomé e lhe ordenou colocar sua mão no costado aberto pela lança.
São Tomé colocou a mão e, verificada a realidade, honestamente
acreditou na Ressurreição. Terão essa mesma honestidade
intelectual os incrédulos de hoje? Não sei, porque assim como
não há pior cego do que o que não quer ver, não
há pior ateu do que o que não deseja acreditar. Mas, como católicos,
devemos rezar também por esse tipo de pessoas, pedindo a Nossa Senhora
de Guadalupe que lhes dê a graça de serem honestas consigo mesmas.
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Notas :
1. Para a elaboração deste artigo, utilizamos o material publicado
no site http://www.reinadelcielo.org/estructura.asp?intSec=1&intId=42,
ao qual remetemos os leitores interessados em mais dados.
2. http://nobelprize.org/chemistry/laureates/index.html
Veja:
http://www.catolicismo.com.br/
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