Na “Marcha pela Vida” a TFP americana e entidades afins


22/03/2006

Renato Murta de Vasconcelos
Enviado Especial

Na 33ª March for Life, iniciativa conjunta de centenas de movimentos anti-abortistas dos EUA, participaram a TFP americana e entidades co-irmãs da França, Itália, Polônia e Alemanha

Washington — Os prognósticos do serviço de meteorologia para o dia 23 de janeiro, em Washington, eram sombrios. Baixa temperatura, chuva intermitente e vento cortante não eram perspectivas propriamente animadoras para uma passeata. Nada disso entretanto afugentou os participantes da Marcha pela Vida, provenientes de todo o imenso país. Por volta das 10 hs da manhã, uma verdadeira multidão! Mais de 100 mil opositores ao aborto, em grande parte composta de jovens, já lotava as avenidas adjacentes da Constitution Avenue, por onde passaria o desfile rumo ao prédio do Supremo Tribunal Federal, edifício em estilo clássico situado atrás do Capitólio e que traz inscrito em seu frontispício “same rights for all under the law” (“Mesmos direitos para todos sob o império da lei”).

É isso o que pediam os manifestantes da Marcha pela Vida, realizada todos os anos na segunda-feira mais próxima do dia 22, pois foi precisamente neste dia, em 1973, que a Corte Suprema decidiu no processo Roe versus Wade que o nascituro não é “pessoa” — portanto, um ser ao qual não se podem atribuir direitos — abrindo deste modo a porta para o aborto nos Estados Unidos. A partir daí o número de vidas sacrificadas no seio materno ascende à cifra de quase cinqüenta milhões. O equivalente à soma de vidas humanas perdidas nas duas guerras mundiais.

A primeira Marcha pela Vida realizou-se no ano seguinte ao da aprovação da lei, em 23 de janeiro de 1974. Dela participaram 20.000 anti-abortistas, que se foram tornando de ano para ano cada vez mais numerosos.

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Na véspera da Marcha, o Cardeal William Keeler, arcebispo de Baltimore, juntamente com três outros purpurados, 60 bispos e 400 sacerdotes, concelebrou uma Missa assistida por cerca de 10.000 fiéis que lotavam a Basílica do Santuário Nacional da Imaculada Conceição. Depois da Missa, um milhar de jovens passou a noite em vigília de orações pelas vítimas do aborto e pelo êxito da “Marcha pela Vida”.

Sob uma chuva fina, o desfile iniciou-se às 11,30 hs depois de alguns rápidos discursos de abertura. Logo nas primeiras filas podiam-se ver seis grandes estandartes rubros, com o leão dourado, da TFP americana.

A fanfarra da TFP americana, composta por jovens da Academia St. Louis Grignion de Montfort, comunicava ao desfile uma nota de garbo e ufania, próprios daqueles que têm a favor de si o direito.

Portando cartazes e faixas, bradando slogans, cantando, rezando em voz alta, os participantes da Marcha pela Vida demonstravam de modo pacífico mas determinado sua repulsa à lei iníqua. Magnífica demonstração de como ponderável parte da opinião pública americana leva a sério princípios básicos da Civilização Cristã e da ordem natural, como a condenação ao aborto.

Uma das faixas portadas por membros da TFP americana dizia: “A aceitação do aborto não só muda a moral das pessoas, mas transforma sua visão cristã em um secularismo neopagão”.

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O número, apoiando a razão, tem sua influência. A Marcha pela Vida, com seus milhares de participantes, sacode poderosamente as consciências amortecidas ao relembrar publicamente a monstruosidade do pecado do aborto, a tremenda injustiça e crueldade que se comete em relação ao nascituro.

Terminada a Marcha, centenas de líderes anti-abortistas visitaram os deputados e senadores que os representam e cujos escritórios ficam em prédios adjacentes à Suprema Corte, exigindo deles que se esforcem em prol da revogação da lei do aborto.

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A TFP americana vem se empenhando para que a March for Life adquira um caráter internacional. Por sua iniciativa estiveram presentes neste ano representantes de movimentos pró-vida de vários outros países.

Do Rio de Janeiro veio um seleto grupo de jovens da Juventude pela Vida; de Paris, participantes do movimento Droit de Naitre; de Roma, do Voglio Vivere; de Frankfurt, do SOS Leben; de Varsóvia e Cracóvia, o movimento Diga Não; da longínqua Lituânia, um amigo da TFP americana, Antanas Racas, deputado signatário da declaração de independência de seu país em 1990, acompanhado de sua esposa.

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O Rose Dinner, um jantar solene realizado num dos salões do Hyatt Regence Hotel para 600 convidados, encerrou o programa da March for Life 2006. Na ocasião, a Sra. Nellie Gray, presidente do comitê organizador, agradeceu à American Society for the Defense of Tradition, Family and Property, que desde 1975 vem participando ininterruptamente da Marcha, com seus estandartes auri-rubros, sua fanfarra e seus jovens.

Sim, jovens, um traço distintivo da Marcha. Ao vê-los tão numerosos, o Sr. Antanas Racas cobrou novo alento e exclamou: “Estou compreendendo que para um número incontável de jovens americanos os princípios não são palavras vazias. Agora posso olhar para o futuro com ânimo e esperança”.

Veja:
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