Chile: Acción Família dirige urgente pedido aos bispos


22/03/2006

Luis Montes

“É lícito aos católicos votar por Michelle Bachelet? As consciências católicas necessitam de uma orientação definida para as próximas eleições”
Católicos perplexos com atitudes episcopais.


Santiago –– No último dia 4 de janeiro, a associação Acción Família — dedicada à defesa da família e à boa formação da juventude no Chile — enviou à Conferência Episcopal Chilena respeitoso pedido de orientação pastoral aos fiéis católicos em vista da eleição presidencial. Isto porque um dos candidatos, a Sra. Michelle Bachelet, incluía em seu programa o aborto e a aceitação das exigências dos homossexuais — pontos totalmente inaceitáveis para a consciência católica.

Milhares de amigos de Acción Família se somaram ao pedido da entidade, enviando mensagens pessoais ao presidente da Conferência Episcopal.

Em resposta a tais mensagens, D. Alejandro Goic, bispo de Rancagua e presidente da Conferência Episcopal, dirigiu surpreendente carta a Acción Família, recordando tópico de anterior declaração dos bispos, sem uma orientação suficiente: “Uma democracia com valores [...] contém os critérios gerais pelos quais, fazendo uso de sua liberdade de consciência, retamente informada, os leigos católicos podem orientar-se”.

* * *

Em sua réplica a D. Goic, Acción Família observou que “o documento ‘Uma democracia com valores’, emitido pela veneranda Conferência Episcopal, assinala não menos que 20 itens dignos de consideração e análise, e que são de desigual importância, pelo que é difícil para muitos fiéis — sobretudo os menos instruídos — formular por si sós um juízo certeiro e justo nesta contenda eleitoral”.


D. Alejandro Goic, bispo de Rancagua e presidente da Conferência Episcopal

E acrescentava: “Se, como lamenta o recente Sínodo, muitos católicos ‘não compreendem por que é pecado apoiar politicamente um candidato abertamente favorável ao aborto’, quem poderá persuadi-los disso senão os bispos, no exercício da tríplice função de governar, ensinar e santificar o povo fiel?”.

Considerava ainda que “os bispos sempre devem evitar imiscuir-se — sem necessidade — na política. Mas quando está em risco a introdução de leis contrárias aos princípios católicos, [...] a intervenção não somente é justa, mas também necessária em virtude da própria missão pastoral da hierarquia”. E exemplificava: “o Santo Padre Bento XVI fez um apelo aos católicos para que se abstivessem de votar no referendo convocado para introduzir na Itália a reprodução assistida. Apenas 25% compareceram às urnas, o que resultou ser a emenda constitucional bloqueada”.

* * *

Acción Família publicou ainda um comunicado no “Publimetro” (diário de grande circulação, que se distribui nas bocas de Metrô), intitulado: “É lícito aos católicos votar por Michelle Bachelet? — Leiam o pedido urgente de Acción Família aos bispos: As consciências católicas necessitam de uma orientação definida para as próximas eleições”. (O leitor que desejar conhecer a íntegra desse documento, bem como dos demais citados neste artigo, podem fazê-lo através do site: http://www.accionfamilia.org/novedades/news.htm ).

A Conferência Episcopal Chilena não se pronunciou sobre a eleição e enviou à imprensa no dia 12 de janeiro uma declaração oficial, publicada com o título: “Episcopado chileno não patrocina envios de mensagens a bispos sobre eleições”. E acrescentava que “o envio maciço de mensagens eletrônicas promovido pelo grupo Acción Família não é uma iniciativa do Episcopado nem conta com seu respaldo”. O que era óbvio, já que se tratava de um pedido dirigido aos Srs. bispos. E concluía: “Não corresponde aos bispos indicar aos católicos em quem votar, pois são pastores de todo o povo fiel e não podem forçar a consciência das pessoas”.

* * *


Michelle Bachelet ainda ministra de Defesa do Chile

No dia seguinte venceu a eleição a candidata socialista, declaradamente agnóstica, sendo que grande parte dos votos a Sra. Bachelet os obteve dos católicos, muitos dos quais, obviamente, ignoravam sua posição abortista e a favor de várias exigências inaceitáveis dos homossexuais.

O Cardeal Arcebispo de Santiago, D. Francisco Javier Errázuriz, e o presidente da Conferência Episcopal, D. Alejandro Goic, visitaram a presidente eleita Michelle Bachelet e, segundo versão da Conferência Episcopal, o purpurado expressou sua “alegria”, qualificando a nova presidente, entre outras coisas, como “símbolo do reencontro dos chilenos” e de “paz em um país reconciliado”. E acrescentou: “Alguém que foi golpeada pelo ódio, mas que preferiu superar esse ódio através da compreensão, da tolerância”.

D. Goic afirmou: “Expressamos à Sra. Michelle Bachelet o apoio da Igreja em tudo o que nos concerne, pois cremos que seu governo deverá ser muito bom porque será bom para o Chile”.

A perplexidade dos católicos ante tais declarações manifestou-se em numerosas cartas enviadas ao diretor do principal matutino chileno.

O senador socialista Carlos Ominami declarou à imprensa que a equipe de Bachelet evitou de todos os modos os assuntos “de valores” durante a campanha eleitoral. “Até o dia 15 de janeiro tivemos que fazer um exercício muito grande de autocontenção”; mas “agora posso dizer coisas que antes não podia”.

Em outras palavras, ocultaram seu pensamento ao eleitorado...

Pior ainda. No dia seguinte às eleições, numa atitude sem precedentes, o presidente da Conferência Episcopal recebeu o representante de conhecido movimento de ativistas homossexuais chilenos — que havia queimado a bandeira do Vaticano diante da catedral de Santiago, em protesto pelas declarações do Papa — em ato que foi amplamente divulgado pela imprensa. Tal encontro está sendo utilizado como propaganda em favor desse nefasto movimento.

Com tudo isso, a perplexidade dos católicos aumentou ainda mais.

Veja:
http://www.catolicismo.com.br/

Topo da Página

 

 

 

 

 

 
Leia Também
50 anos de combate em prol da Santa Igreja
Luiz Nazareno Teixeira de Assumpção Filho
“A mais bela aventura do mundo é a nossa!”
França: 2 milhões de Medalhas Milagrosas
Concerto de trompas de caça
Vitoriosa reação contra a blasfêmia