Caravana internacional percorre a Lituânia
03/10/2006
Renato Murta de Vasconcelos
Pela
décima segunda vez consecutiva, percorreu o território lituano
uma caravana de jovens portando uma bela cópia da Imagem Peregrina de
Nossa Senhora de Fátima
Representantes do pensamento católico e contra-revolucionário,
vindos de diversas partes do mundo (Brasil, Argentina, Estados Unidos, França,
Alemanha, Itália e Polônia), reuniram-se na cidade lituana de
Kelme no dia 23 de agosto do corrente, diante da igreja-matriz. Era o início
de mais uma caravana, anualmente promovida pela entidade alemã DVCK
e.V. (Deutsche Vereinigung fuer eine christliche Kultur — Associação
Alemã pró-Civilização Cristã).
Construída no início do século passado e marcada pelo
estilo tradicional, a igreja-matriz tinha suspensa no seu pórtico uma
bandeira lituana tarjada de negro. Transcorria a data da assinatura do execrável
Pacto Ribbentrop-Molotov, pelo qual nazistas e comunistas combinaram entre
si de entregar a Lituânia subjugada aos ditadores do Kremlin, no início
da Segunda Guerra Mundial.
Acontecimento trágico para esse país de população
majoritariamente católica, opressa a partir de então, durante
meio século, pelo tacão da bota soviética. Contudo, a
queda do Muro de Berlim em outubro de 1989, conseqüência de um descontentamento
insopitável nos países de além Cortina de Ferro, deu alento às
forças de resistência anticomunista dentro do império soviético.
Em meio ao assombro geral, foi promovido
por iniciativa do Prof. Plinio Corrêa
de Oliveira, em mais de 20 países nos cinco continentes, um abaixo-assinado
histórico de apoio à independência lituana. Em 130 dias
foram coletadas 5.200.000 assinaturas, cifra que entrou para o Guiness Book
of Records.
* * *
A delegação recebida
por autoridades religosas e civis
Coube à Lituânia a glória de ser a primeira nação
da antiga União das Republicas Socialistas Soviéticas (URSS)
a proclamar sua independência, em 11 de março de 1990. Era o pigmeu
enfrentando o colosso moscovita.
A partir de então, TFPs européias e entidades afins permanecem
ligadas de modo especial à Lituânia, Terra de Maria como é chamada.
Contribui para manter vivos tais laços de amizade a caravana anual,
durante a qual seus participantes mantêm contatos com autoridades civis
e eclesiásticas e com pessoas de todas as idades e classes sociais.
Além dos representantes dos países acima mencionados, a caravana
contou ainda com a participação de três amigos da Bielo-Rússia.
Como nos anos anteriores, por todos os lugares onde passaram — Siauliai,
Kaunas, Siluva, Baisogala, Tauragé e Kelme —, os caravanistas
distribuíram largamente objetos de piedade e visitaram locais onde foram
torturados e mortos combatentes católicos anticomunistas, bem como cemitérios,
para honrar-lhes a memória e rezar por suas almas.
* * *
Na quinta-feira, dia 24
de agosto, o prefeito de Siauliai recebeu os membros da caravana no salão nobre da prefeitura, ocasião em que, depois
de agradecer mais uma vez a campanha de coleta de assinaturas de 1990, salientou
a importância de sua cidade, a quarta maior do país. Uma equipe
da TV local filmou o evento, e no final entrevistou o chefe da caravana.
Kaunas, a segunda cidade do país e antiga capital foi visitada na sexta-feira.
Na igreja da Ressurreição, a maior da Lituânia, o Pe. Vytautas
Gregaravicius recebeu efusivamente os caravanistas, que também visitaram
a prefeitura local.
No dia seguinte, novamente
em Siauliai, participando de cerimônia cívica
junto ao monumento em memória dos patriotas católicos que se
levantaram em 1863 contra a ominação russa, dirigiram a palavra
ao numeroso público presente. Ao final da cerimônia, portando
uma bela imagem, cópia da imagem peregrina de Nossa Senhora de Fátima
que verteu lágrimas em Nova Orleans em 1972, dirigiram-se em procissão
até a catedral, onde os recebeu o bispo diocesano, Mons. Eugenijus Bartulis.
A peregrinação de Tytuvenai ao santuário nacional mariano
de Siluva deu-se no domingo. Dela participaram cerca de 5.000 fiéis,
leigos, sacerdotes e freiras. Rezando o Rosário e entoando cânticos
religiosos, Mons. Bartulis, bispo de Siauliai, animava a todos.
Os membros caravana foram depois
convidados por Mons. Tamkevicius, arcebispo de Kaunas, para um almoço no centro de estudos eclesiásticos
de Siluva. Ao final do almoço, Mons. Tamkevicius dirigiu agradecimentos
calorosos aos membros das TFPs européias presentes, não só pelo
colossal abaixo-assinado de 1990, como também pelo fato de não
haverem eles abandonado a Lituânia.
* * *
Passados 16 anos daquela histórica campanha, os lituanos, agradecidos,
não se esqueceram dos “amigos certos da hora incerta”. É o
que asseverava o ex-deputado Antanas Racas, um dos signatários da declaração
de independência em 1990: “Os senhores talvez não consigam
avaliar bem o que o abaixo-assinado das TFPs representou para nós. Num
momento em que batíamos desesperados às portas dos governos ocidentais
e ninguém nos dava sequer uma palavra de apoio, as únicas entidades
que ouviram nossos apelos e se levantaram em prol da Lituânia foram as
TFPs. Por isso, somos-lhes eternamente gratos”. O idealizador e grande
propulsor do abaixo-assinado foi o Prof. Plinio Corrêa de Oliveira.
Em 2006 a Lituânia enfrenta problemas bem diversos dos de 1990. Quando
asfixiada sob o peso da bota soviética, com sua liberdade religiosa
fortemente coarctada e espionada por cerca de 300.000 agentes da KGB, a Lituânia
não se dobrou diante do ateísmo. Hoje, com a liberdade recobrada,
e que lhe traz a olhos vistos uma prosperidade crescente, o país sofre
a tentação de edificar uma vida na qual Deus esteja ausente e
nada representem os princípios constitutivos da Civilização
Cristã, ou seja, a tradição, a família e a propriedade.
No santuário nacional de Siluva, os membros das TFPs européias
pediram especialmente à Mãe de Deus que mantenha vivo na Lituânia
aquele espírito indômito de outrora, baseado na fé católica
e na coragem para enfrentar vitoriosamente os gravíssimos perigos que
a ameaçam.
Veja:
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