No heroísmo, a verdadeira alegria


04/12/2006

Daniel Martins

Encontro regional, promovido pela Frente Universitária Lepanto nos primeiros dias de novembro último, reuniu jovens católicos do Distrito Federal

“A juventude não foi feita para o prazer, mas sim para o heroísmo”, dizia o autor francês Paul Claudel. Nos dias que correm, no entanto, os jovens recebem apenas convites para toda espécie de “prazeres” — em sua maioria ilícitos — e “novidades” efêmeras. A promiscuidade é apresentada, em diversos ambientes, como a fonte da felicidade. O “espontâneo” tornou-se a norma de convívio social. A juventude esqueceu-se do heroísmo e perdeu a felicidade.

Alguém poderá dizer que os jovens de hoje não se interessam pelo heroísmo, portanto não há como evitar que eles se entreguem às “extravagâncias” tidas como normais em nossos dias.

Entretanto, nada mais falso do que essa idéia. Em Brasília, um encontro regional promovido entre os dias 2 e 4 de novembro pela Frente Universitária Lepanto provou o contrário. Reunindo cerca de 30 jovens estudantes, o evento proporcionou um ambiente ao mesmo tempo de heroísmo e cordialidade.

Heroísmo no sentido de proporcionar, pelas diversas atividades físicas, a boa disposição, a perspicácia e a força de vontade. Por outro lado, a cordialidade foi uma das notas dominantes, pelo convívio respeitoso entre os participantes.

* * *

No dia 2 de novembro, diversas atividades tiveram início. Primeiramente, 20 jovens realizaram uma excursão à zona rural do Distrito Federal, com escaladas, travessias de riachos e belas quedas d’água. A caminhada foi também entrecortada pelo jogo da bandeira: um desafio entre duas equipes ao estilo medieval, em que cada grupo defende a todo custo a honra de sua bandeira.

Durante o almoço e após este, as conversas fluíram sobre diversos assuntos: combatividade, vidas de santos, História. À tarde, jogos como o xadrez levaram os participantes a exercitar a capacidade de concentração e previsão. No início da noite foi proferida pequena palestra sobre a vida de Santo Elias, ressaltando que um verdadeiro cristão deve ser bom, mas não pusilânime. A exemplo do grande santo do Antigo Testamento, o jovem católico deve colocar a vontade de Deus acima de tudo. Ao final do dia, durante o jantar, se estabeleceu animada conversa.

Na sexta-feira, 3 de novembro, outros 15 jovens estiveram presentes. O programa desta vez iniciou-se com um treino de karatê, com o objetivo de incentivar a disciplina corporal, que deve ser reflexo da disciplina moral. O jogo do escudo também foi praticado nesse dia. Todos os participantes empenharam-se na prática desse exercício com verdadeiro entusiasmo.

No restante do dia, houve pequenos entretenimentos até a hora em que se realizou um debate sobre a histórica Batalha de Lepanto, a qual determinou o início da derrocada do império turco-otomano, terrível ameaça à Cristandade na segunda metade do século XVI. Os jovens estudantes tomaram assim conhecimento de uma heróica gesta da história da Cristandade: o grande Papa São Pio V lançou um brado de alerta, e os maiores potentados católicos da época formaram poderosa frota que desbaratou os invasores muçulmanos no litoral da Grécia, evitando assim a invasão da Europa cristã.

No sábado, 4 de novembro, com número quase duplicado de jovens, teve lugar outro treino de karatê, seguido de novas competições, sempre com o objetivo de proporcionar sadia distração aos participantes.

No mesmo dia, efetuou-se um debate sobre questões candentes do mundo moderno: decadência moral e religiosa, problemas da juventude cada vez mais desviada da verdadeira formação católica. Esses temas — ao contrário da visão que costuma ser apresentada, de uma adolescência só preocupada com as frivolidades hodiernas — sempre despertam inegável interesse, proporcionando polêmicas acaloradas, sem deixarem de ser respeitosas.

Em suma, o encontro regional da Frente Universitária Lepanto em Brasília mostrou que o heroísmo é a verdadeira chave da felicidade, e não o “prazer”, como hoje ele é concebido. De fato, os jovens voltaram para suas casas com ânimo de enfrentar a batalha da vida, ao contrário de tantos outros que iniciam a semana com o peso de mais um feriado voltado para a devassidão — e quantos estão nesse caso!

Provou também que a virtude da combatividade não é a antítese da educação, sendo possível ser forte e cordial ao mesmo tempo. Por fim, evidenciou que a verdadeira alegria nasce da entrega a um ideal genuinamente católico, com o auxílio da Providência Divina. Agradeçamos a Nossa Senhora mais esse evento e peçamos a Ela que aplique para sua glória todos os frutos de tais atividades.

Veja:
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